Pré-visualização gratuita PRÓLOGO
📕 PRÓLOGO – HERANÇA DE FOGO
Narrado por Daniel – vulgo Terror
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Meu nome é Daniel.
Filho da Viviane, a doutora que venceu a morte.
Filho do Jonatha, o homem que já teve o morro nas mãos e largou tudo por amor.
Nasci cercado de promessa bonita:
liberdade, futuro limpo, caminho diferente.
Cresci na paz.
Com areia no pé e o cheiro do mar me distraindo da fumaça do passado.
Estudei, sonhei, amei.
Fiz tudo certo. Tudo do jeitinho que disseram que era pra fazer.
Mas o mundo não respeita quem abaixa a cabeça.
Eu vi o que ninguém deveria ver.
Vi a mulher que eu amava —
a única que me fazia esquecer que eu carregava o nome de um ex-chefe do tráfico —
ser executada na minha frente.
Um tiro.
Dois.
Três.
Ela caiu no meu colo.
Eu gritei, implorei, sangrei junto.
E ninguém fez nada.
Ninguém correu.
Ninguém ajudou.
Porque o filho do Jonatha não era mais ameaça.
Era só um menino bonzinho,
de fala mansa,
sem farda,
sem favela no olho.
Ali…
eu morri com ela.
A diferença é que eu continuei respirando.
Naquele dia, eu parei de tentar ser o que o mundo queria.
Eu parei de fugir do sangue.
Parei de evitar o nome que me botaram na boca antes mesmo de eu nascer.
Naquele dia, o Daniel morreu.
E nasceu o Terror.
Vulgo dado na bala.
Na raiva.
Na dor.
Hoje eu sou o que o morro teme.
E o que os inimigos não esquecem.
Tô no topo não porque pedi —
mas porque eu peguei.
E se me perguntarem por que escolhi o caminho do meu pai...
É simples:
Porque o certo não salvou quem eu amava.
Porque o amor não segurou a bala.
Porque a justiça que prometeram pra mim...
nunca desceu a ladeira.
Então eu virei o próprio juízo.
Hoje, quando passo, o chão treme.
Porque eu não falo muito.
Mas quando abro a boca, é pra selar destino.
Daniel?
Morreu naquela calçada.
Quem anda agora é o Terror.
De boné baixo, olhar vazio e alma em ruínas.
Mas com uma promessa na cintura:
Fazer o mundo engolir o que me fizeram cuspir.
(...)
Foi em Angra.
Num fim de tarde bonito demais pra tanta desgraça.
O tipo de céu que engana —
pinta tudo de cor quente antes de virar noite fria.
A gente tava saindo da faculdade.
Ela rindo de alguma besteira que eu falei.
O vestido esvoaçava no vento, o cabelo preso m*l segurava a bagunça.
Era linda.
Linda do tipo que fazia até o tempo desacelerar.
Nome dela era Luísa.
Meu refúgio.
Meu caos manso.
Ela sabia das minhas cicatrizes —
mas nunca teve medo.
Me olhava como se eu fosse só um cara, não um herdeiro de guerra.
E isso, porra...
isso era tudo.
Eu só queria viver aquele momento mais um pouco.
A gente virou a esquina perto da praça da igreja.
Ela parou no meio do caminho pra me dar um beijo.
Um beijo.
Simples.
Lento.
De quem não imaginava que tava se despedindo.
Foi aí.
O carro preto.
Vidro baixo.
Olhos frios.
Três disparos.
PÁ.
PÁ.
PÁ.
Primeiro no peito.
Depois no ombro.
O terceiro... no rosto.
Ela caiu nos meus braços como se o mundo tivesse desabado em silêncio.
O sangue dela sujou minha blusa branca.
Minha mão tremia.
Minha boca gritava o nome dela.
E ninguém fazia p***a nenhuma.
Ouvi passos correndo, portas batendo.
Mas eu fiquei ali.
Com ela no colo.
Tentando segurar vida com as mãos.
Tentando impedir que o calor do corpo dela fosse embora.
Ela me olhou pela última vez.
Um sussurro.
Quase nada.
— “Dani...”
E foi.
Luísa morreu no meu colo.
Com um tiro no rosto.
E eu nunca mais fui o mesmo.
Na delegacia, riram.
Disseram que parecia acerto de conta.
Disseram que “filho de bandido não escapa da sombra”.
Disseram tanta merda que eu não lembro o resto.
Só sei que naquele dia eu entendi:
O mundo só respeita quem mete medo.
E eu prometi ali mesmo, com as mãos ainda sujas de sangue:
Nunca mais vou deixar alguém que eu amo morrer com nome na boca e ninguém pra vingar.
Foi assim que o Terror nasceu.
Não foi escolha.
Foi resposta.
Hoje, se eu passo, é no silêncio.
Mas o povo desvia.
Porque sabe que atrás desse boné abaixado tem olho de quem já perdeu tudo.
E quem já perdeu tudo…
não tem mais o que temer.
Meu pai tentou.
Tentou de tudo.
Ligou contatos antigos, rodou nome, puxou ficha, tentou até rastrear câmera de loja, de farmácia, de igreja.
Conversou com gente que devia estar enterrada, ameaçou policial, pagou informante, sondou Angra inteira.
Mas não deu em nada.
O carro era clonado.
A arma, fria.
A execução, limpa.
Sem erro, sem rastro, sem volta.
Ele chorou no dia do enterro.
Foi a primeira vez que eu vi o JH desmontado.
Não como bandido.
Como pai.
Como homem que queria me dar paz…
e só conseguiu me devolver pro inferno.
Minha mãe, coitada, tentou me segurar.
Tentou tapar o buraco com oração e colo.
Mas não tem reza que feche esse tipo de ferida.
A dor que eu carrego fede a pólvora.
E eu sei.
Eu sei que ainda vou achar quem fez isso.
E quando eu achar...
não vai ter conversa.
Não vai ter misericórdia.
Vai ser olho no olho.
Dor por dor.
Bala por bala.
Eu sou o Terror, p***a.
E Terror não bate na porta —
arromba.
A história que cê tá prestes a ler...
não é sobre redenção.
É sobre cobrança.
É sobre honra.
É sobre um filho da favela que tentou ser paz…
mas foi arrancado do paraíso a sangue frio.
É isso.
Mas calma...
os detalhes mesmo,
o que ninguém viu,
o que ninguém contou,
eu vou te mostrar nos primeiros capítulos.
Porque essa guerra não começou agora.
E eu tô aqui pra acabar com ela.
Então, meninas…
Se ajeita aí. Respira fundo.
Porque o que vocês vão ler agora não é só mais uma história.
É um legado.
É a continuação de um amor que nasceu no baile, sobreviveu ao crime, enfrentou o coma, o parto, o medo e a fúria.
Esse livro aqui é o próximo capítulo de Desejos Ocultos.
Sim, é sobre o filho da Viviane e do Jonatha.
Mas deixa eu te contar uma coisa bem clara:
Você não precisa ter lido o livro 1 pra mergulhar nesse aqui.
Sério.
A história se sustenta sozinha.
Porque Daniel...
Daniel é uma força que caminha com as próprias pernas.
Com um passado que arde no sangue, e uma dor que ninguém vê — mas que ele carrega em silêncio.
Ele nasceu pra ser salvo.
Mas escolheu salvar.
Escolheu encarar o mundo que matou o amor da vida dele bem na frente dos olhos.
Sim, isso mesmo.
Daniel viu a mulher que ele amava sendo executada diante dele.
E naquele momento...
o garoto que cresceu cercado de paz,
de livros,
de mar e promessas...
morreu.
Nasceu o Terror.
Não foi por fama.
Não foi por orgulho.
Foi por vingança.
Foi porque a justiça não chegou.
Foi porque ninguém correu.
Foi porque amar não salvou.
E agora?
Agora é o mundo que vai ter que correr dele.
Daniel — ou melhor, o Terror — não é um protagonista fofo, certinho ou previsível.
Ele é bruto, é frio, é estrategista.
Mas também é leal, intenso, e quando ama... ama pra arrebentar.
Ele não fala muito.
Mas quando fala, ou você escuta...
ou você cai.
E eu te pergunto:
Tá pronta pra conhecer esse novo tipo de fogo?
Porque no dia 02 de agosto,
você vai subir o morro comigo e com ele.
Vai sentir o peso da herança,
o gosto da perda,
e o som do boné abaixado que faz o chão da quebrada tremer.
Adiciona na biblioteca, segura o fôlego,
e se prepara pra conhecer o menino que o mundo tentou calar…
mas que voltou pra reescrever tudo com sangue,
com amor,
e com o nome que agora faz até os inimigos baixar a cabeça:
Terror.
E aí?
Vai encarar?