📍 NARRADO POR DANIEL VASCONCELOS
A escada rangeu debaixo do meu pé. O Tico vinha um passo atrás, mudo, o olhar correndo pelos cantos como se cada detalhe fosse estranho demais pra ser real. Eu sabia bem aquele olhar — de quem nunca teve teto de verdade e não entende quando alguém diz que agora tem.
Empurrei a porta e entrei direto. O cheiro de café fresco tomou a sala. A luz da manhã batia pela janela, espalhando pó no ar.
Helena e Alice tava largada no sofá, pernas dobrada, celular na mão. Quando Lena me viu, levantou rápido, já com a fala pronta:
— “Achei que tu tinha esquecido, Daniel. Hoje é dia de ir na casa dos nossos pais, lembra?”
Ela falou sorrindo, mas eu cortei no seco:
— “Não fode, Lena.”
Puxei o Tico pela frente e botei ele no meio da sala. O moleque travou, parecia até
