A Promessa de Um Avô

1587 Palavras
Patrick estava no escritório da presidência, organizando relatórios quando escutou a batida na porta. — Pode entrar — disse, sem tirar os olhos do computador. Ao levantar o olhar, viu Drew se aproximar com uma expressão cansada, mas calma. Não era um homem em guerra — era um pai que finalmente via a filha dar os primeiros passos em direção à luz. — Drew? Aconteceu alguma coisa? — Sim, Patrick. Mas, dessa vez, não é confusão. É... diferente. Patrick se recostou na cadeira, atento. — A Brittany está grávida. De gêmeos. O silêncio que caiu foi absoluto. Patrick sentiu o chão tremer sob os pés por um segundo, mas não se moveu. — E ela... tem certeza que são meus? Drew suspirou. — Ela mesma disse que não tem. Disse que está confusa, que não sabe. Mas que agora não importa. Ela vai seguir em frente, cuidar das crianças e mudar de vida. Disse que não vai mais te perturbar. Que você é livre pra viver sua vida com a Lana. Ela não vai mais se meter. Patrick franziu o cenho. — E o Richard? — Ela não quer envolvê-lo. Acredita que já causou problemas demais. Mesmo se for dele, ela disse que vai criar sozinha, com minha ajuda. E... Patrick, eu prometi que ajudaria. Que não deixaria faltar nada para esses bebês. Patrick respirou fundo. Levou a mão ao queixo, pensativo. Depois, olhou nos olhos do sogro em silêncio. — Eu agradeço por me avisar. E agradeço por estar sendo o pai que ela precisa agora. Você não deve imaginar como isso é importante... para todos. Drew assentiu, sério. — Ela pediu para fazer o teste de DNA quando as crianças nascerem. Se forem seus filhos, Patrick, eu sei que você vai assumir. Eu conheço o homem que você é. — Eu não negaria meus filhos nunca — respondeu ele, firme. — Mas enquanto isso não se confirma... eu quero seguir minha vida com a Lana. Ela é meu presente. E meu futuro. — Ela merece — disse Drew, com um meio sorriso. — E você também. — Brittany vai conseguir... mudar? Drew deu de ombros. — Eu espero que sim. Hoje, pela primeira vez, vi nos olhos dela um brilho diferente. Ela me chamou de papai com carinho. Falou em montar um escritório de arquitetura, cuidar dos filhos, estudar... Foi sincera. E mesmo que ela erre de novo, agora sei que ao menos ela vai tentar. E isso, Patrick, já é mais do que ela fez nos últimos anos. Patrick assentiu. Os olhos um pouco marejados pela carga emocional. — Obrigado por me contar. E... por cuidar dela. Isso alivia um pouco o peso aqui dentro. Drew apertou o ombro dele com firmeza. — Agora vá cuidar da sua felicidade. Eu cuido dela. E dos meus netos. Quando Drew saiu, Patrick ficou por um instante olhando para a tela do computador, mas sem vê-la. Tocou o próprio peito com a mão espalmada. Duas vidas estavam por vir ao mundo — e, mesmo que não fossem suas, ele torcia para que elas trouxessem à Brittany o que ele jamais conseguiu dar: paz. E, então, ele sorriu. Porque finalmente sentia que era hora de virar a página. Patrick entrou na sala com o coração acelerado. Lana estava revisando planilhas, mas ao vê-lo, fechou o notebook e sorriu. — Aconteceu alguma coisa? — Sim... Aconteceu. — Ele sentou ao lado dela, pegando sua mão com delicadeza. — Eu preciso te contar algo. Sobre a Brittany. O sorriso de Lana suavizou, mas ela manteve o olhar firme nele. — Pode falar. — Ela está grávida. De gêmeos. E... pode ser que sejam meus. Mas também pode não ser. Ela mesma disse que tem dúvidas. Que vai esperar nascer pra fazer o exame. E decidiu se afastar. Disse que não vai mais atrapalhar a nossa vida. Lana respirou fundo, e então sorriu. Um sorriso doce, forte, que emocionou Patrick. — Então... parabéns, Patrick. Se forem seus filhos, eles terão sorte. E se não forem, essas crianças ainda vão ter sorte, porque vão ter um avô como o Drew e uma mãe que parece estar tentando mudar. E você vai seguir comigo. É isso o que importa pra mim. Patrick tocou o rosto dela, comovido. — Você é tudo que eu pedi a Deus... e mais. Ela o beijou com carinho e depois, num impulso espontâneo, sugeriu: — Vamos comprar um presente? — Presente? — Sim. Para os bebês. Amanhã o Drew virá aqui, e podemos pedir que ele entregue. Acho importante mostrar pra ela que não existe rancor da minha parte. Que estou em paz. Patrick sorriu, emocionado com a grandeza dela. — Você é superior a tudo isso, Lana. E eu sou grato por estar ao seu lado. No Shopping – Uma Escolha de Amor No final do expediente, os dois saíram discretamente e foram a uma loja especializada em roupas e enxoval de bebê. — Nada de pelúcia — alertou Lana, séria, segurando uma peça macia demais. — Por quê? — Pode causar alergia. Roupas são mais seguras. Tecido antialérgico, de preferência algodão. E delicadas, claro. Um casal, Patrick. Um menino e uma menina. Ele riu, cúmplice. — Você já parece mãe. Vamos escolher juntos. Lana pegou dois conjuntos: um body branco com detalhes rosa e uma manta com bordados suaves; o outro, azul clarinho com estrelas e um gorro listrado delicado. Patrick ajudou a escolher os sapatinhos. — Entregamos pro Drew amanhã? — Sim. Diga pra ele dar junto com meu abraço. E que desejo saúde e paz para todos. Inclusive pra Brittany. Patrick ficou observando Lana pagar, conversar com a vendedora e embalar os pacotes com laço. Viu nela tudo que sempre buscou: amor, sabedoria e compaixão. Um Pedido de Perdão Na manhã seguinte, Drew recebeu os pacotes e escutou o recado de Lana, seus olhos marejaram. — Ela é especial, Patrick. Você fez a escolha certa. Quando entregou à filha os presentes, Brittany abriu devagar os pacotes. Ao ver os dois conjuntos, tocou cada tecido com emoção. Seus olhos brilharam de lágrimas. — Foi... foi a Lana quem mandou? — Sim. Com carinho. E com um abraço. Ela disse que deseja saúde e paz pra vocês. Brittany chorou silenciosamente. — Ela não me odeia? — Não. Ela escolheu ser feliz... e deixar o passado pra trás. Brittany beijou as roupinhas, emocionada. — Eu preciso falar com ela. Eu preciso pedir desculpas. Preciso agradecer... por não ter se tornado minha inimiga. Perdão Dias depois, Brittany marcou um encontro. A esperava nervosa diante da empresa, com os cabelos presos e um vestido floral simples. Quando Lana apareceu, ela se aproximou. — Eu posso falar com você? — Claro. — Eu vim pedir perdão. Por tudo. Por ter te humilhado, te perseguido, tentado destruir algo tão lindo... Me perdi tentando ser minha mãe, tentando ter algo que eu nunca tive. Mas agora eu tenho. Tenho duas vidas dentro de mim. E quero que elas sejam tudo o que eu não fui. Lana segurou sua mão. — E você vai conseguir. Comece por perdoar a si mesma. E amar esses bebês com tudo que tem. — Obrigada, Lana... — Brittany sussurrou, chorando. — Você é a mulher que eu queria ter sido. Lana sorriu com ternura, deixando o passado onde ele devia estar para trás. Brittany ainda enxugava os olhos quando Lana segurou com carinho suas mãos. — Se você quiser... eu posso te ajudar a montar o enxoval. Quando você precisar, pode me chamar. Aqui está o meu número. — Ela pegou o celular e anotou o contato com um sorriso sereno. — Você quer mesmo me ajudar? — Quero, de coração. Eu sei que não é fácil passar por tudo isso sozinha. E... se você permitir, eu gostaria muito de ser uma tia postiça pra essas crianças. Se forem filhos do Patrick, eu vou amar. E se não forem... eu vou amar do mesmo jeito. Brittany levou a mão à boca, emocionada, e então se jogou nos braços de Lana, chorando baixinho. — Você... você quer ser minha irmã? Eu nunca tive uma. A minha mãe nunca foi... e eu sempre me senti sozinha. Lana sorriu e respondeu com firmeza e ternura: — Melhor do que isso. Você vai ter três irmãs. Eu, a minha irmã Lena e a nossa prima Nisse. E acredite, nós três juntas somos uma festa. Brittany sorriu entre as lágrimas, balançando a cabeça como uma criança que acabara de receber o maior presente do mundo. — Jura? — Juro! — Lana confirmou, apertando sua mão. — No domingo, você pode ir lá em casa, na casa do meu pai? Quero que conheça o quarto dos meus filhos, que você já está ajudando a montar. — Eu vou! — Brittany riu com o rosto ainda molhado. — Vou combinar com as meninas. Posso levar os primeiros sapatinhos que comprei? — Claro! E eu vou levar as a saída de maternidade, de presente. E guloseimas que a minha mãe faz pra você degustar. — Ai, mas eu não posso comer muito, né? Lana soltou uma risada gostosa. — Por que você acha que eu tenho esse corpo? Porque eu como muito! Minha mãe cozinha que é uma maravilha. Mas prometo separar as versões saudáveis também! — Eu vou adorar... Obrigada, Lana. Eu nem sei como retribuir isso tudo. — Retribua cuidando de você e dos seus bebês. Seja feliz, Brittany. Você merece uma segunda chance. E eles merecem uma mãe que escolheu o amor.
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