Eu passei o dia inteiro evitando esbarrar com Connor. Quer dizer, esse não era o nome dele. O nome dele era Hugo. E eu reparei que o sotaque tinha ido embora. Ele era um belo de um mentiroso. O que facilitou bastante, foi que ele passou o dia inteiro em intermináveis reuniões. Ele estava mesmo, empenhado em fazer mudanças. E o meu pai estava todo orgulhoso ao lado dele.
Quando eu finalmente cheguei em casa depois do dia exaustivo de trabalho. Eu estava sentindo como se eu tivesse levado uma surra.
Eu estava com o meu corpo doendo de tão tensa que eu fiquei o dia inteiro. Tomei um banho, e sentei na cama com um pote de sorvete de chocolate. Eu precisava disso para me sentir melhor. Peguei o meu notebook e enviei o email com o roteiro. Eu fiquei esperando que ele dissesse alguma coisa. Que ele pelo menos falasse que precisamos conversar, para deixar as coisas depois do que aconteceu. Mas, nada. Eu fiquei atualizando de segundo em segundo e nenhum email. Eu não tinha descoberto apenas que ele era meu chefe e meu tio. Eu tinha descoberto, que o cara era o mais perfeito bab*aca.
Acabei dormindo, daquele jeito. Quando acordei toda dolorida. O notebook estava caído de um lado da minha cama, e pote de sorvete com a colher no chão. Isso me faz lembrar um dos motivos de eu nunca ter deixado um homem entrar na minha vida. É esse tipo de bagunça que eles fazem. E depois vão embora como se nada tivesse acontecido.
Quando abri o email, não conseguia acreditar no que estava lá.
REPROVADO
Ele tinha colocado a palavra reprovado, no meio do roteiro que eu tinha trabalhado duro durante meses! Quem ele pensa que é?
O filha da pu*ta só poderia estar louco. Ele estava se vingando. Não tinha outra explicação. Ele não poderia reprovar o meu projeto de meses, sem uma reunião para que eu pudesse explicar.
Eu deveria ter gritado com o meu pai. Eu deveria ter exigido o cargo que era meu. Melhor ainda. Eu deveria ter contado para o meu pai, onde o irmãozinho dele queria colocar o que ele carrega dentro das calças. E eu tenho certeza que o meu pai não ia gostar de que ele estivesse bastante interessado em fó*der com a filha dele. Eu e o meu pai, podíamos não ter a melhor relação, mais eu sabia que continuava sendo a filhinha do papai. Eu era a única filha dele. Eu tinha certeza que ele me amava.
....
Uma semana depois e eu ainda não tinha conseguido falar com Hugo, sobre o meu projeto. Ele tinha feito uma viagem. E mesmo depois de enviar diversos email, eu não tive nenhuma resposta. Isso estava me deixando louca.
Nunca conheci ninguém tão insuportável, pretensioso, cheio de si e soberbo… A imagem dele só piorava, e muito, quando se acrescentava todos esses adjetivos a ele. É muito simples. O cara era um pé no saco.
Eu queria que ele morresse afogado, por ter ignorado o meu roteiro daquele jeito. Ele estava sendo vingativo e mesquinho. E nem um pouco adulto. Como ele pode misturar vida profissional com pessoal?
Mais isso não vai ficar assim. Meu nome é Liliana Middleton. É, eu sei que é mais uma coisa estranha na minha vida. Um nome estrangeiro. Eu nasci fora do Brasil. O meu pai é Inglês. E ele fez questão que eu nascesse no país dele. Não bastava só eu ter as características. Por isso a minha pele é muito branca, e tenho os olhos claros. A única coisa que puxei da minha mãe, que é brasileira. Foi os cabelos pre*tos e cacheados. O meu sonho mesmo, era me parecer com uma dessas mulatas que eu vejo na televisão. E não parecer mais uma girafa de tão magra. Eu não tenho atributos algum para a exigência do público masculino no Brasil. Para eles, eu sou apenas uma magrela sem sal.
As pessoas realmente passavam um bom tempo me olhando como se eu fosse algum tipo de aberração. O contraste da minha pele branca e os meus olhos azuis com o meu cabelo cacheado e pre*to. Eram completamente um contraste que era impossível não ser notado.
Essa sou eu. Uma garota comum. Que não tem nada de especial. Pelo menos é assim que eu sou na vida real. Porque na minha imaginação, eu sou completamente o oposto.
É assim que eu descrevo os meus personagens. Elas são tudo que eu queria ser. Dizem tudo que eu deveria dizer e não tenho coragem de falar. E muito menos de fazer.
No email que Hugo me enviou, ele disse que não tinha profundidade suficiente. Não possuía uma base sustentável. Era sem graça e sem emoção. Idio*ta! Era isso que ele era. Ele devia estar vivendo sua vida amorosa e s****l com toda intensidade, que nem se quer leu direito o que eu enviei para ele. Eu precisava ter uma conversa com ele. Eu não ia permitir que ele me jogasse para fora de um projeto que eu trabalhei tanto para estar dentro.
Quando cheguei na empresa, eu tratei de correr até a secretaria dele. A mulher se negava a me dizer onde eu podia encontrar ele. Mais eu fui persistente. O idi*ota estava na praia! Surfando! Eu não podia acreditar. Enquanto ele tirava o meu chão e o projeto que eu lutei tanto para conquista, ele estava na praia?
O ódio tomou conta de mim. Eu não poderia deixar isso barato.
Corri até a minha mesa e peguei a minha bolsa. — Ei, onde você vai? James perguntou quando me viu passando apressadamente.
— Vou sair. E espero não gastar o meu réu primário.
Grumari. Foi o local que ele decidiu surfar. Ele havia deixado avisado onde estaria, porque lá não pega telefone.
Me sentei no quiosque e pedi uma água de coco. Quando eu olhei para a praia. Eu vi ele. E parece que ele também me viu.
Claro que o meu queixo caiu quando eu vi ele saindo do mar. Hugo, era um homem muito bonito e atraente, principalmente pelo seu estilo de parecer não está interessado em ninguém. O seu estilo casual contrastava com a sua postura fora da praia. Ele ficava perfeito em seu terno caro. Porém, vendo ele saindo do mar sem camisa, era mil vezes melhor.
Seu corpo era completamente harmonioso. Ombros largos e corpo magro. Peitoral definido. Pelos cobrindo o seu tórax que faziam um caminho até lá. Suspirei. Ele estava perfeitamente bronzeado.
Não era para eu estar suspirando. Ou babando como seu eu estivesse vendo um pedaço de pizza. Afinal de contas, ele só fazia crescer a lista de motivos que tornava ele impossível.