Ligo o computador e configuro a minha conta pessoal. Concentro-me em ler todos os e-mails que Rita me deixou, quando algo me chama a atenção.
Eu olho para cima e sou pega no precioso olhar de olhos verde-esmeralda. Diante de mim. Vestido com um terno azul-marinho imaculado.
Oliver me olha nos olhos, mas então o seu olhar cai para os meus se*ios.
— Bom dia, Stella.
— Bom dia, Oliver.
Os seus lábios esboçam um sorriso.
— Pronta para a guerra? Ele perguntar.
— Eu espero que sim. Eu dou um risinho.
— Qualquer coisa, estou no meu escritório. Diz ele ao entrar.
Começo a classificar toda a documentação que estão chegando. Algumas horas se passam quando eu o vejo sair.
— Vou descer para tomar um café no refeitório da empresa. Se você quiser descer, você tem um intervalo de vinte minutos.
Concordo com a cabeça enquanto o vejo pegar o elevador.
Desligo o computador e desço depois de cinco minutos.
Ao entrar no refeitório vejo ele sentado a uma mesa ao lado de vários homens que, pelos ternos exclusivos e caros que vestem, devem ser também chefões.
Todos voltam os olhos para a porta assim que entro.
Eu os vejo sussurrando e Oliver fica sério... Sem dúvida eles estão falando de mim.
Agora o meu decote não parece tão apropriado. Me sento sozinha a uma mesa e peço um chá com limão.
Uma boa garçonete traz para mim.
Pego o meu telefone na bolsa e verifico se tenho alguma ligação ou mensagem... Nada.
Quando olho para cima, pego Oliver olhando para mim. Os nossos olhares se encontram por alguns segundos e um arrepio percorre o meu corpo. Eu olho para trás, e em seguida para a frente e ele continua me olhando, isso me intimida muito, demais.
De repente eles se levantam e saem do refeitório, eu respiro aliviada. Dois minutos depois eu saio também.
Quando subo, ele já está no seu escritório. O telefone toca.
— Stella, venha ao meu escritório. Ele diz.
Eu me levanto e entro no seu escritório depois de bater na porta pedindo permissão.
— Envie estes e-mails às delegações do Canadá e do México, por favor. Ele diz me entregando alguns papéis.
— Imediatamente, senhor. Eu o vejo olhando para mim. — Senhor? Oliver? Como devo me referir a você?
— No escritório me chame de Sr. Scott, na rua eu sou seu irmão Oliver. Diz ele, ainda olhando para mim.
— Ok, Sr. Scott. Eu digo e me viro, quando ele me chama mais uma vez.
— E, Stella ... Ele diz olhando para o meu decote. — Não há protocolo de vestimenta na empresa, mas meus associados têm mais de cinquenta anos e não quero que nenhum deles morra de ataque cardíaco.
Vermelha como um tomate, tento fechar a blusa, com um tecido que não cede mais do que já está.
— E-desculpe, e-eu não pensei sobre isso, e-desculpe-me. De repente, fico gaga.
Eu o vejo sorrir com o meu constrangimento.
— Stella... Não precisa se envergonhar, mas tem muita coisa acontecendo na empresa, acredite, estou falando para o seu bem. Mas, vamos lá ... O seu namorado é um cara de sorte.
Ok, agora não estou mais vermelha, agora já estou da cor de uma beterraba.
— Eu não tenho namorado. Eu digo antes de sair do seu escritório.
Quando me sento, tenho a sensação de flutuar. Ele disse que o meu suposto e inexistente namorado tem sorte.
Ele me acha atraente? EU? Ou os meus s***s? Ou os dois? A minha cabeça está a mil por hora. Respiro fundo e estou pronta para enviar por e-mail toda a documentação que ele me passou.
Os dias se transformam em semanas e, apesar de ele ser cortês no trato comigo, percebo que ele tenta manter uma distância segura... E não sei por quê.
Numa tarde de sexta-feira, uma reunião de última hora se complica.
No momento em que todos saem e somos apenas Oliver e eu, já passa das oito da noite.
— Está ficando muito tarde. Ele diz ele, olhando para o relógio. — Você tem um Carro?
— A verdade é que ainda não consegui comprar um, de vez em quando uso o do meu pai.
Eu posso ver uma expressão de desconforto no seu rosto.
— Você terá um carro na segunda-feira. Ele diz antes que eu tenha tempo de responder. — Não suporto a ideia da minha irmã pegar metrô ou táxi à noite.
— Realmente não…
— Eu disse que você vai ter um carro na segunda de manhã. Ele não me deixa terminar a frase. E agora vou levar você para casa.
Descemos para o estacionamento da empresa. Restam apenas o seu Mercedes novinho em folha e os carros dos seguranças.
Entro e dou o meu endereço, ele liga o GPS e sai do estacionamento sem dizer nada.
— É este prédio. Eu digo, apontando para o prédio que está na nossa frente. Moro no primeiro, num estúdio de um quarto.
Ele acena sem dizer nada.
— Gostaria de uma cerveja? Eu me surpreendo ao convidá-lo para subir.
Ele parece surpreso com o meu convite.
— Desculpe. Eu digo envergonhada. — Certamente você gosta mais de vinho do que de cerveja, mas a verdade é que vinho eu não tenho...
— Eu amo cerveja. Ele me interrompe. — Subirei com prazer.
Ela me dá um sorriso que molharia a calcinha de uma freira enclausurada...
— Bem, vamos. Eu digo saindo do carro.
Um minuto depois, Oliver Scott está no meu apartamento.
OLIVER
NÃO COBIÇARA A SUA IRMÃ.
Com certeza deveria fazer parte da bíblia.
Aceitei o seu convite. Não sei por que, mas aceitei. Agora estou com ela, sozinho, na sua casa, no seu território.
Atravesso a pequena sala conjugada com a cozinha. É aconchegante e intimo. Eu gosto.
— É bonito. Eu digo.
— Eu aluguei seis meses atrás de um amigo de um dos colegas de trabalho do meu pai. Ela diz enquanto tira duas garrafas de cerveja da geladeira.
Concordo com a cabeça enquanto pego a garrafa que ele me oferece. Nos sentamos no pequeno sofá cinza, é de dois lugares, mas nossas pernas roçam uma na outra devido o meu tamanho. Medir um metro e noventa tem os seus prós e contras.
Eu tomo um grande gole, e depois outro.
Conversamos sobre as nossas poucas lembranças na nossa curta vida juntos, sobre o que vivemos desde então.
Do que terá acontecido com a nossa infeliz e alcoólatra mãe.
As lembranças machucam, ferem e nos unem... Já tomamos três cervejas.
— Você pensou em mim todo esse tempo? Ela pergunta timidamente.