Capítulo IX

835 Palavras
Por Catarina: Depois de passar a noite caminhando, Catarina sentia seu estomago doer de fome, seus pés latejavam, mas uma ponta de alívio tocou seu peito, ela estava chegando ao seu destino. Bem no meio da floresta havia uma velha cabana, de longe, era possível perceber que não era uma simples casa, as paredes pareciam estar caindo aos pedaços, musgos corriam por todos os lados, havia uma fumaça branca saindo da chaminé e ao redor tudo cheirava a enxofre, seria impossível dizer que qualquer pessoa normal viveria naquele lugar, o odor era tão forte que Catarina chegou a esquecer que estava com fome. Ao se aproximar com receio, percebeu como nuvens negras se aglomeravam em cima da velha cabana, e nem mesmo o medo ou o cheiro r**m foram capazes de impedi-la. - Tenha coragem, tenha coragem. Ela repetia baixinho para si mesma. - Ora ora ora, o que temos aqui? Uma voz estridente cochichou muito próximo de seu ouvido. - Eu preciso de ajuda. Por favor não me machuquem. Foi tudo o que Catarina conseguiu dizer. - Machucar? Você? Acho que não. Mas, se me procurou é porque tem algo muito grave acontecendo. Como imagina que posso te ajudar? - Eu sei quem você é, sei que é uma bruxa e o que é capaz de fazer. Por favor me ajude. - Tu bem sabes que bruxas não são bem vistas por aqui. Como ousas me acusar desta forma? Sou uma pobre senhora a viver isolada. - Eu não viria até aqui se não fosse grave. Acredite em mim, por favor eu preciso de ajuda. Não tenho nada a oferecer em troca, tudo o que tenho e possuo é a mim mesma, se for o suficiente eu estou disposta. Nesse momento a bruxa que usava um disfarce de velha senhora idosa e debilitada se transformou. Uma luz forte e incandescente iluminou toda a redondeza, o corpo da velha senhora saiu do chão e raios a envolviam. Onde haviam velhas vestes um vestido preto de rendas apareceu, no lugar da pele pálida e enrugada, uma pele jovem e bronzeada. Seu rosto era lindo, o nariz fino e pontudo e a boca tinha um desenho perfeito. Catarina ficou tonta com toda aquela cena, jamais vira algo parecido e jamais teria presenciado tamanha beleza. - Eu nunca vi alguém dar tudo de si para outra pessoa, seu coração é puro, eu estou impressionada. Disse a bruxa, que agora tinha voz sedosa e firme. - É a minha filha, ela está muito doente, ela é tudo o que eu tenho. Preciso de ajuda. - Tudo bem, conte-me o que aconteceu e eu tentarei ajuda-la. Você quer entrar? Tenho chá de rosas. -Eu aceito, obrigada. Catarina não sabia dizer se era o certo a se fazer, toda a sua vida fora construída em meio ao medo de criaturas sobrenaturais, e agora ela estava a mercê de uma. Tudo era um misto de confusão, e ela não estava em seu censo de julgamento perfeito, simplesmente se deixou ir. O lado interno da cabana era tão desagradável como o seu exterior. Era possível ver ninhos de ratos nos cantos, restos de animais mortos por todos os lados, e o cheiro de enxofre que outrora estava forte, agora se aproximava a cheiro de sangue podre. As paredes de madeira ainda que úmidas abrigavam enormes aranhas, e tudo o que havia naquele cômodo era uma grande lareira e restos de animais. A bruxa se aproximou da lareira, e usando um pedaço de ferro mexeu um pouco no que restavam das cinzas de madeira. Em silencio assoprou e então uma grande chama se acendeu. Catarina ficou se perguntando como era possível, já que não existia um pedaço de madeira sequer naquele buraco, mas, não havia mais nada a dizer. A bruxa colocou uma bacia de ferro com um pouco de chá pendurada próximo ao fogo, esperou este ficar um pouco quente e serviu à Catarina no que parecia ser um pedaço de coco seco. O gosto do chá era agradável, diferente de tudo o que estava ao seu redor. E agora, Catarina não sabia dizer se já estava habituada ao cheiro r**m, mas este já não parecia tão insuportável como era anteriormente. - Percebo que confia em mim, ninguém ousaria beber nada que viesse de uma bruxa, você foi corajosa e gentil. Conte-me a sua história e o seu problema. Sem saber de onde tirou forças, Catarina simplesmente começou a falar. - Eu preciso vê-la. Onde ela está? Disse a bruxa. - Em minha casa. Podemos ir até lá, mas eu passei a noite caminhando, vamos demorar o dia todo até chegarmos. - Não seja boba, minha senhora. Eu tenho outro meio de irmos até lá. Deixe-me mostrar. - Claro. Obrigada. Afinal, posso perguntar qual é o seu nome? Nesse instante a bruxa soltou uma gargalhada. - Trivia, esse é meu nome. Num movimento rápido, enquanto respondia seu nome, Trivia pegou um punhado de cinzas da lareira e assoprou sobre Catarina, esta que foi perdendo as forças e logo adormeceu no colo da bruxa.
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