Capítulo VIII

413 Palavras
Por Catarina: Faziam três dias que Helena estava desacordada, de repente, algo de moveu silenciosamente sobre a cama. Catarina correu para ver, era Helena. Ela não estava perfeitamente bem, mas, estava acordada, era o suficiente. Olhando com cautela para os movimentos da filha, era impossível definir se esta havia recuperado a consciência completamente, ou se lhe faltava força. Helena parecia perdida e desesperada consigo mesma, aparentemente tentava pronunciar algumas palavras, mas, eram inaudíveis, teria ela perdido a capacidade de falar? Ou apenas estava confusa demais? De qualquer forma, a situação não era boa. Catarina se aproximou de Helena, tentando tocá-la para dar algum conforto a menina e disse com o máximo de coragem que pode: - Descansa querida, dorme mais um pouco, vai ficar tudo bem. Nesse momento, viu os olhos relutantes da menina se fecharem sem forças, e ela sabia que não ficaria tudo bem, só não conseguia admitir para si mesma. Situações difíceis nos levam a tomar decisões difíceis. Ter a certeza de que algo não ficará bem é a certeza de que é preciso fazer tudo o que é possível, mesmo que implique em coisas que nunca mais possam ser desfeitas. Catarina havia desempenhado um bom papel em proteger sua menina do mundo exterior, da maldade que existia lá fora, mas ela mesma não teve essa sorte. Quando criança ouvia sua mãe contar histórias sobre bruxas e criaturas amaldiçoadas que cercavam a velha vila, então sempre que sentiam ameaças forte o suficiente, ela e todas as pessoas da vizinhança se recolhiam em suas casas, consumiam o mínimo de mantimentos que podiam e rezavam para que as criaturas não encontrassem nada de interessante em suas casas. Esse medo foi real até boa parte da sua adolescência, quando finalmente conheceu o homem com quem iria se casar, e procurando por paz, os dois decidiram juntos ir morar bem longe daquele lugar, onde pretendiam ter filhos e uma vida tranquila. O Plano tinha funcionado muito bem até então, mas, agora a situação era diferente, Catarina precisava de ajuda e não iria medir esforços para encontrar quem quer que fosse capaz de trazer Helena de volta a vida normal, e isso incluía sem dúvidas um pouco de magia. Ela sabia que tudo tem um preço e estava disposta a pagar com o que fosse necessário, até mesmo com a própria vida. Sem pensar duas vezes, pegou a capa pesada que seu falecido marido costumava usar em dias de chuva e adentrou sozinha na floresta.
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