CORROMPIDA

EPISODIO 3

Eu prendi a respiração , mas não senti nada. Eu estava morta? Não, as dolorosas picadas nas palmas das mãos e nos joelhos me diziam que eu ainda estava bem viva.

Eu deveria me sentir aliviada do fato? Por um segundo, apenas uma fração de segundo, pensei que talvez não teria sido uma coisa r**m se eu finalmente tivesse ido embora, se eu pudesse simplesmente parar de lutar. Tudo estava ficando tão cansativo.

Abri um olho e vi um par de sapatos pretos brilhantes. Abri o outro olho e levantei a cabeça lentamente, observando a calça social preta, o cinto de couro de aparência cara, a camisa branca, o paletó preto e a gravata listrada até chegar ao rosto dele, que não consegui ver. Fiquei cega pelo sol. Parecia uma forma escura rodeada por uma auréola, como se ele fosse meu anjo da guarda.

Deixei escapar uma risada quebrada com o pensamento. Eu realmente poderia estar precisando de um anjo agora.

O homem se agachou na minha frente e pude ver seu rosto.

Bem, em parte porque ele estava usando óculos escuros de estilo aviador.

Mas, apesar dos meus sentimentos de me*rda, pude ver que ele era lindo, com ombros largos, queixo bem definido, lábios largos e nariz longo e reto. Ele era um belo exemplar masculino, do tipo capa de revistas. Ah, ele provavelmente era um daqueles modelos masculinos que estava indo para alguma sessão de fotos. Isso também não era tão excepcional por aqui. Estávamos perto o suficiente de Los Angeles para que isso se tornasse comum.

O que me surpreendeu foi a longa mecha de cabelo preto que escapou de seu coque masculino. De alguma forma, eu não esperaria que alguém vestido como ele usasse o cabelo daquele jeito.

— Você está bem?

Pisquei para ele, claramente perdendo o que ele tinha dito.

— Você pode me ouvir?

Balancei a cabeça enquanto a suavidade de sua voz profunda se instalava na base da minha coluna. Afinal, ele poderia ter ser um anjo. Ninguém parecia assim na vida real.

Ele suspirou de alívio.

— O que te passou pela cabeça para correr na frente de um carro desses?! Você poderia ter...

— Violeta

Estremeci quando a voz anasalada de Jake me fez querer vomitar.

O homem olhou em direção à voz e ficou tenso. — Acho que recebi minha resposta. Ele murmurou sombriamente.

— Vá embora, Jake. Não tenho mais nada a dizer para você. Deus, eu tinha que parecer tão quebrada e pat*ética?

— Não, precisamos conversar, Violeta.

— Eu não tinha ideia de que seu projeto de trabalho envolvia fod*er a minha amiga. Sinto muito por estar chateada, Jake. Quão irracional isso é da minha parte! Eu cuspi.

Os lábios do homem se curvaram para um lado, e eu não precisei ver seus olhos para saber que ele estava de alguma forma orgulhoso de mim.

— Deixe-me ajudá-la. Disse o homem gentilmente enquanto estendia a mão para mim.

Ele estendeu a mão, me ajudando a levantar, e passou o braço em volta da minha cintura, empurrando meu rosto para mais perto de seu peito. Fechando os olhos, inspirei profundamente sua colônia amadeirada e de cheiro caro.

Seu toque e movimentos eram surpreendentemente gentis para alguém do seu tamanho, e quase não senti nenhuma dor quando ele me puxou para cima.

Ele me firmou, apoiando as mãos em meus quadris. Eu não era uma mulher alta, mas aquele homem era particularmente alto. Eu diria pelo menos um metro e noventa ou mais, pois mesmo com esses saltos, m*al alcancei seu peitoral.

— Você está bem? Ele perguntou novamente.

— Mantenha as mãos para você. Jake ameaçou.

Acabei de pegá-lo com outra mulher, e ele se atreveu a ser territorial. Depois de tudo que ele fez? Eu quase deixei esse estranho me contaminar no meio da estrada pelo que Jake fez.

A imagem passou pela minha cabeça e eu corei profundamente, esperando que eles interpretassem isso como uma onda de raiva em vez de desejo vergonhoso por esse completo estranho.

O homem manteve as mãos em meus quadris, apertando-as levemente enquanto virava a cabeça na direção de Jake.

Segui seus olhos e olhei para Jake pela primeira vez desde sua chegada, e não foi muito difícil ver o que ele estava fazendo antes de sair com a camiseta do avesso, a calça jeans abotoada errada e os pés descalços.

— Eu disse suas mãos. Jake repetiu, olhando para onde o estranho estava me segurando.

Abri a boca para responder, mas o homem chegou antes de mim.

— E tenho certeza que ela disse para você se fod*er... mas você ainda está aqui. Acho que nós dois não somos muito bons em ouvir o que nos dizem.

Jake deu um passo em nossa direção, avaliando o homem com cansaço.

— Violeta, deixe-me levá-la para casa e podemos conversar. Ele apontou para minhas pernas. — Você não pode pegar o ônibus desse jeito.

Olhei para meus joelhos, finalmente consciente da dor que senti quando caí.

— Oh. Foi tudo o que consegui dizer, olhando para os arranhões sangrentos em meus joelhos.

— Vou levá-la para casa. Disse o estranho de voz suave, soltando meus quadris.

Os sinos de alarme tocaram enquanto minha cabeça se erguia de surpresa, olhando para o estranho. Já ouvi podcasts suficientes e assisti documentários de assassinato suficientes para saber que ir com ele era provavelmente a melhor maneira de ser assassinada.

— Não, você não vai. Jake protestou.

Eu estremeci. No estado em que as coisas estavam agora, eu preferiria me arriscar com meu potencial assassino do que ficar em um carro com Jake pelos próximos vinte minutos.

Olhei para o homem e balancei a cabeça. — Isso seria muito legal da sua parte.

Ele se abaixou para recuperar o conteúdo da minha bolsa no chão enquanto Jake dava um passo em minha direção.

Dei um passo instintivo para o lado e esbarrei no homem que estava parado com minha bolsa na mão. Ele empurrou a bolsa em meus braços. — Entre no carro. Está desbloqueado.

Eu ainda estava muito abalada para ouvir os sinos de alerta na minha cabeça. Caminhei até a porta do passageiro do luxuoso SUV antes de me virar e olhar para as costas do homem enquanto ele caminhava lentamente em direção a Jake, uma tatuagem aparecendo em seu colarinho na parte de trás do pescoço.

Ele abaixou a cabeça e sussurrou algo no ouvido de Jake que o fez dar alguns passos para trás enquanto toda a cor sumia de seu rosto.

— Fui claro? O homem disse, e Jake assentiu bruscamente antes de me lançar um olhar desamparado.

O homem suspirou e se virou antes de abrir a porta para mim e me ajudar a entrar.

Isso não foi algo que Jake ou qualquer outra pessoa fez por mim. Quão triste era, que um perfeito estranho me mostrou mais consideração do que meu namorado jamais demonstrou?

Olho para os bancos de couro e para o painel de madeira e cromado. Quanto custou esse carro?

Olhei para ele enquanto ele se acomodava ao meu lado, seu cheiro e presença me confortando contra todas as probabilidades.