- Como assim ele exige? - meu coração acelerou e aquilo estava começando a se tornar cada vez mais frequente.
- Ele quer que você desça para almoçar com ele.
- Por que?
- Conversar, eu acho.
- Não há nada que eu queira conversar com o d***o.
- Você não tem escolha então vamos logo antes que ele venha até aqui. Gostei de você mas não vou correr riscos por sua causa. Você me entende, certo?
- Vocês parecem ter muito medo dele.
- Vocês?
- Sim, o motorista que me buscou aparentava ter esse mesmo medo que você esta demonstrando agora.
- Não é medo.
- O que é então?
- Falamos disso depois.
- Sei.
- Vamos vestir você adequadamente - ela andou até o guarda roupas - não pode ir almoçar usando esse pijama.
- Eu não vou descer.
- Você não vai querer provoca-lo. Acredite.
- O que ele vai fazer? Me mandar para o inferno?
- Pior... Agora vejamos, qual sua cor preferida? - ela começou a revirar as dezenas de cabides.
- Preto.
- Essa também é a cor preferida dele - ela puxou um vestido rodado da cor que eu havia falado.
- Mudei de ideia, gosto de branco - dei um largo sorriso encarando Bety. De maneira alguma eu usaria algo que agradasse Lúcifer.
- Por que está fazendo isso?
- Isso o que?
- Está fazendo o oposto de tudo o que devia fazer. Se não gostou da ideia de vir para cá por que assinou o contrato?
- Como eu saberia que tudo era verdade? Como iria adivinhar que horas depois de assinar, o motorista de satã iria me buscar?
- Pois agora aceite as consequências ou terá piores. Acredite em mim, eu só quero o seu bem. Vai usar preto.
- Branco.
- Preto.
- Branco.
- OK, preto então. Vamos fazer as coisas do seu jeito - ela deu um sorriso estranho e em seguida voltou a revirar os cabides.
- Por que você riu?
- Nada.
- O que vai acontecer se eu usar branco?
- Você vai ver.
- Ele não vai fazer nada, vai?
- Oras, isso não estava te preocupando até agora a pouco. Se quer bancar a garota durona então vai ter que aguentar as consequências disso. Se não notou ainda assinando aquele contrato você deu a ele o direito de fazer o que quiser com você.
- Eu quero o que foi me prometido. Dinheiro, muito dinheiro.
- E você vai ter. Se é que já não tem uma conta bancaria bem gorda criada no seu nome. Lúcifer cumpre todos os seus acordos.
- Então eu pego o dinheiro e fujo para bem longe daqui.
- Não é assim que as coisas funcionam. Achei - ela retirou o vestido branco e me entregou.
- E como funcionam?
- Ele não vai te dar o que você quer agora. Você vai ter que sentir o gosto amargo de entrar nisso tudo e ele vai cuidar direitinho para que isso aconteça.
- Ele não pode encostar em mim, se fizer isso eu chamo a policia.
- Ah é mesmo?
- Sim.
- Vai chamar a policia para o d***o? Isso é idiotice e mesmo se quisesse não existem telefones aqui.
- Então eu dou um jeito de fugir.
- Como? Batendo nos guardas com sua super força de mocinha?
- Vocês não podem me prender aqui.
- E nós não queremos. ele que quer. Agora vista-se. Vou esperar do lado de fora.
Bety deixou o quarto e fechou a porta enquanto eu segurava o vestido com os olhos vidrados no nada. Eu tinha conseguido o que tanto queria mas agora precisava arrumar uma maneira de pegar o meu dinheiro e fugir de tudo aquilo.
Vou enganar o d***o e quando ele menos perceber eu vou fugir com tudo o que tenho direito. Nunca tive nada e por mais que as pessoas me humilhasse eu não as deixava mandar em mim e não vai ser agora que isso irá mudar.
Larguei o vestido no chão e andei até a porta, havia uma chave pendurada na maçaneta. A peguei e a coloquei na fechadura.
- Bety? Está me ouvindo?
- Sim, já se vestiu?
- Não e nem pretendo. Diga ao satã para ir comer com a p**a que o pariu.
- O que você está fazendo? - ela tentou abrir a porta mas era tarde demais, eu havia a trancado segundos antes.
- Estou mostrando a ele quem é que manda.
- Abra essa porta ou nós duas vamos nos dar muito mau.
- Estou acostumada, me dei mau a vida inteira mas em nenhum momento aceitei ordens e não é agora que vou aceitar.
- Ele exige a sua presença, agora.
- Ele exige - sussurrei para mim mesmo e aquilo me fez sorrir. Eu sabia exatamente o que me faria muito bem naquele momento. A maravilhosa banheira que eu havia visto dentro do banheiro. Tirei o pijama e o deixei jogado ali no chão.
Entrei no banheiro e fiquei me olhando no espelho por alguns segundos enquanto ignorava as batidas que Bety dava na porta.
Eu não era uma daquelas modelos eróticas mas até que tinha um corpo bonitinho. s***s pequenos, cintura fina, bumbum redondo de tamanho médio. Andei até a banheira e liguei a agua, estava morna, perfeita para me fazer ir as nuvens. Entrei nela e fiquei em silêncio sentindo o nível da agua subir aos poucos, deixando meu corpo submerso.
Desliguei a água e fechei os olhos, essa sensação é tão boa. Nunca havia tomado um banho de banheira antes, minhas condições não me permitiam ter esse luxo e se eu pudesse ficaria ali o dia inteiro.
Me perguntava se Bety havia desistido de me convencer a descer para a sala de jantar, afinal eu não ouvia mais as batidas irritantes dela na porta do meu quarto.
Minutos depois me levantei e peguei um roupão felpudo que estava pendurava em um pequeno gancho dourado na parede. O vesti e ao passar pelo espelho admirei meus longos cabelos molhados, me senti uma daquelas atrizes sexys toda molhada.
Abri a porta do banheiro e me deparei com um homem sentado na minha cama, me encarando com olhos frios e secos. Era ele.