Dama e Vagabundo

1198 Palavras
Laís Narrando – Eu não confio em deixar você dormir na casa da Isa. Desculpa, querida, mas você não vai. – Minha mãe disse, enquanto meu pai girava os olhos. – Meu Deus, mulher, a menina não pode nem dormir na casa da amiga. Vai sim, Laís. Eu te levo lá. – Meu pai falou. Eu abri um sorriso e corri até ele, beijando-o no rosto. – Se ela aprontar, você vai se virar. – Mamãe disse. – Calma, dona Maria! – Falei. Meu pai deu risada. – O bigodudo aí vai me levar e me buscar, não vai? – Vou. Deixa a menina se divertir, coitada. Vai dar tudo certo, eu confio na Laís. – Meu pai falou e minha mãe fez um bico insatisfeito. – Tá bom, tá bom. – Ela girou os olhos, e eu abracei meu pai. Minha mãe sempre foi mais rígida com meus passeios do que ele. Arrumei uma pequena mochila com minhas coisas. Minha mãe, como sempre, verificou tudo. m*l sabia ela que eu já havia deixado minhas roupas para a festa com a Isa no meio da semana, e as maquiagens também. Cheguei no apartamento onde Isa mora e ela me recebeu feliz da vida. Esperamos meu pai ir embora e corremos para dentro do condomínio, animadas, porque hoje a noite iríamos para a tequilada da faculdade. – Tô tão animada. Meus pais viajaram. – Eu aplaudi. – Mais perfeito impossível. – Falei. Corremos para o quarto dela e eu peguei a roupa que escolhi. Isa negou com a cabeça, porque era uma calça e uma blusa bonita, mas ainda assim... Ela disse que era "decente demais". – Vamos arrumar isso. Tira essa calça, você vai com essa saia aqui. – Isa pegou uma saia preta bastante colada e curta, e jogou em mim. Eu estava com uma blusa vermelha de manga canoa, e agora, com a saia preta na metade da coxa, me senti realmente bonita. Isa me emprestou brincos de argola e pela primeira vez, passei um batom vermelho escuro. Coloquei os coturnos que ela me emprestou e amarrei uma blusa jeans na cintura, o que deixou o visual um pouco menos pesado. Me senti linda. Meus cabelos castanhos até os ombros estavam com ondas, e Isa me ajudou com o delineador preto que realçou ainda mais meus olhos cor de mel. – Eu tô me sentindo linda. – Falei. Isa me mandou um beijo no espelho, e ela pegou o telefone para chamar um Uber. – Vamos, amiga. Essa noite vai ser incrível. – Isa pegou minha mão e descemos com o elevador. Chegamos na festa e eu estava tão ansiosa que senti vontade de vomitar. Respirei fundo ao ouvir a música alta, e entramos. Isa correu até um grupinho que dançava e eu literalmente fui deixada para trás. Se arrependimento matasse, eu estaria morta. Sinceramente, eu não acredito no que a Isa fez. Em menos de cinco minutos, ela estava atracada com um rapaz no meio da pista e beijando como se a boca fosse um desentupidor. Para ajudar... Um rapaz forte trombou em mim, e eu caí sentada no chão. Uma merda, uma grande merda. – Foi m*l aí. – O cara nem ao menos se ofereceu para me ajudar a levantar. E aí, um rapaz moreno, de cabelo raspado e com uma tatuagem enorme de tubarão no braço, esticou a mão em minha direção. – Que cara o****o. – Ele disse, e eu peguei sua mão. – Tem gente que não se toca. Filho da p**a. Levantei com ajuda dele. Ele não soltou minha mão e nossos olhos se encontraram. Ele tem o olho azul, parecendo um oceano. – Obrigada, ah... – Falei de forma com que ele entendesse que eu queria saber seu nome. – Meu nome é Vitor. Mas pode me chamar de Tubarão. – Prazer, Tubarão. Meu nome é Laís. – Sorri de forma doce. – Você foi a primeira pessoa que foi gentil comigo nessa festa. – Cadê suas amigas? – Respirei fundo e apontei para Isa, que estava beijando um cara encostada na parede. – Perdi minha amiga pra aquele cara. Eu não devia ter vindo. Pior que eu nem posso ir embora, porque estou dormindo na casa dela e fingindo que não tô aqui. – O cara riu da minha cara. – Coitada. Você não parece o tipo de garota que vai para festas assim. O que tá fazendo aqui, Laís? – Dei os ombros. – Eu achei que fosse legal. Mas pelo visto, não é. – Cruzei meus braços. Tubarão colocou as mãos nas laterais dos meus braços e os descruzou, levando as mãos até as minhas. – Vem, vamos dançar um pouco, talvez isso te anime. Eu o acompanhei até aonde as pessoas se aglomeravam para dançar, e comecei a dançar tentando imitar as garotas da pista. Até que consegui. O rapaz que me acompanhava dançava como os outros garotos, e eu acabei gostando da dança. Depois de dançarmos um pouco, ele me puxou pela mão para fora da pista e foi comigo até o bar. Pediu dois drinks e nós bebemos, ele disse ser vodka com energético e era simplesmente horrível. Comecei a tossir por causa da bebida. Ele tava dando risada. – Você realmente não faz parte desse mundo, princesa. – Ele afirmou. – Talvez eu devesse ter ficado em casa. – Aí eu não te conheceria. – Senti minhas bochechas corarem. Ele me encarava com seus grandes olhos azuis. – Não sou interessante. Não precisa fingir que está curtindo cuidar de uma garota perdida na festa. – Tubarão se aproximou de mim, e levou uma das mãos até meu queixo. – Eu não tô curtindo cuidar de você. Eu tô adorando. – Ele sorriu de forma maliciosa, e aquele sorriso me quebrou por completo. – Bom, se você... Tá curtindo, que bom. – Falei e ri. Eu lembro do meu primeiro beijo. Foi esquisito e eu tinha dezesseis e, desde então, não beijei mais ninguém. Tubarão se aproximou de mim e eu não consegui negar. Encostando os lábios nos meus, primeiro ele me deu um selinho e depois ele empurrou a língua contra meus lábios. Eu me permiti ser beijada por um completo estranho, ok, não tão completo estranho assim, mas um cara que acabei de conhecer e sim, eu gostei. Passei meus braços ao redor do pescoço dele e continuei o beijando. Ele apoiou as duas mãos em minha cintura e puxou meu corpo para mais perto. Eu virei a aba do boné que ele usava para trás, para beijá-lo melhor, e acariciei seu rosto. Quando o beijo acabou, ele afastou o rosto do meu e sorriu, exibindo um sorriso lindo. Malicioso, lateral, mas lindo. – Você tem um beijo bom, hein? – Ele soltou uma risada. – Você também, eu acho. – Falei. – Acha? – Ele ergueu as sobrancelhas. – Suave, valeu, hein? – Não, é que assim... Eu não sou uma pessoa com muita experiência. Mas sim, eu gostei, foi ótimo para mim. – Ele deu um beijo em minha testa. – Bom saber. E foi assim que conheci o Tubarão... O cara que mexeu com a minha alma.
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