Capítulo 4

2558 Palavras
Tom Riddle estava praticamente congelado em seus pensamentos, todas as mortes que havia causado no ano anterior, sentia-se orgulhoso por ter feito o seu papel e continuado com o legado de seu ancestral Salazar Slytherin. — Então? — A garota o encarava com olhar de curiosidade. — Arram. — Limpou a garganta — Eram muito novos e o diretor Dippet não revelou a identidade de todos. — Ouvi dizer que todos eram nascidos trouxa. — Sim, eram — respondeu friamente. — Você acredita mesmo que aquele garoto matou todas essas pessoas? — Claro! Se o diretor acredita nisso, eu não tenho dúvida alguma. Você não acredita nele? — Bom, pelo o que me disseram ele não tinha tanta habilidade bruxa assim. — Hagrid era um lunático! — disse firme. — Ele trouxe um monstro para nossa escola, quase fecharam Hogwarts por causa dele. — Ah, como descobriram que era ele? — Murta Warren. — Quem? — Ela era uma aluna da escola, mas com certeza estava no lugar errado e na hora errada. Hagrid não teve dó nem mesmo piedade, ela tinha apenas quatorze anos, todos sabiam que ele gostava dela. — Sério? — Riddle assentiu. — Ela era nascida trouxa, a encontraram no banheiro, completamente gelada. Foi então que os pais tentaram fechar a escola, Hogwarts não era mais seguro. — Mas vocês encontraram o que fez isso? — Não, mas não se preocupe senhorita Wezen, você está segura. — Sorriu malicioso. O rapaz afirmava com tanta certeza que a garota estava segura, que quem via de longe até poderia suspeitar de sua conduta. — Se você diz. — O que está achando da escola? — Grande. — Riu fraco — Mas Hogwarts é diferente das outras escolas que já frequentei. — Diferente como? — De um jeito bom, vocês são mais receptivos. — Você acha? — Tom tentava manter a conversa o mais interessante possível, algo em Davina chamava sua atenção. — Sim. — Apoiou-se em uma das pilastras e encarou a paisagem, as montanhas já estavam brancas por conta da neve — Eu estava com medo de não conseguir me enturmar. O rapaz apenas a ouvia, sua atenção estava completamente voltada aos detalhes do rosto da garota, ele sentia-se estranho perto dela. Não era atração física, já havia se envolvido com a senhorita Rosier, uma garota loira de nariz empinado, mas esse sentimento o deixava confuso perto dela. — Não pense nisso, você é uma garota agradável. — Quem diria, Tom Riddle me elogiando, já posso ficar convencida? — Engraçadinha. — Riddle sorriu sem mostrar os dentes e encarou a paisagem. Os dois caminharam lentamente pelos corredores do castelo até a comunal da sonserina onde todos comemoravam calorosamente a vitória de seu time. — Davina — Neil gritou, chamando sua atenção. — Vem aqui. — Obrigado pela companhia, Tom. — Sorriu timidamente, o rapaz apenas assentiu e foi para seu dormitório, detestava as comemorações que faziam após os jogos. — Onde você estava? — perguntou senhorita Crockett com um sorriso malicioso. — Estava por aí. — Vamos comemorar essa noite? — Neil encarou as amigas. — Como? — Você definitivamente precisa conhecer o castelo! — disse a ruiva sorrindo para a amiga. Ao contrário dos colegas, Tom estava em seu quarto deitado sob seus lençóis verdes encarando o teto escuro do quarto. Pensava no que faria quando terminasse os estudos, afinal de contas ele não tinha uma família para poder ajudá-lo após os estudos e o orfanato o aceitaria somente até os dezoito anos, na mesma época em que concluiria seus estudos em Hogwarts. Jamais admitiria, mas tinha medo por seu futuro ser incerto. Se seus planos de ensinar defesa contra as artes das trevas não dessem certo, ele não tinha um plano B. Mesmo querendo se tornar o maior bruxo de todos os tempos, não fazia ideia se o sonho que tanto almejava um dia se tornaria real. Não se importaria nenhum pouco se algumas pessoas precisassem morrer para que seu sonho fosse realidade. Já havia feito duas horcruxes, a primeira foi o anel de seu avô, o fez no dia que assassinou seu pai e toda a sua família trouxa! E a segunda, o seu querido diário onde ainda escrevia toda sua história, graças a Murta Warren isso pode ser feito. Mas ainda precisava encontrar outros objetos poderosos. — Tom? — Abraxas arremessou uma almofada no moreno, o fazendo sair totalmente de seus pensamentos. — Não faça isso — reclamou. — O que você quer? — Algumas pessoas vão comemorar a nossa vitória hoje à noite, gostaria de vir? — Eu passo. — Ah cara! Vamos lá, vai ser legal. — Um bando de adolescentes se embebedando? Eu tenho uma imagem a zelar como monitor chefe. — Você é insuportável. — Realista! Não vai ter ninguém do meu interesse por lá. — Se quiser vir, estaremos na sala-precisa, após o jantar. — Se vocês não fossem da sonserina, eu passaria por lá e daria detenção a todos. — Sorte a nossa, não? — O loiro gargalhou e saiu do dormitório o deixando completamente sozinho. O rapaz bufou e pegou um de seus livros sobre runas antigas, odiava perder seu tempo com coisas que considerava banais. Focou em sua leitura até a hora em que ouviu o badalar do relógio avisando que já eram oito horas da noite. Todos os alunos saem apressados de suas comunais, alguns vinham da biblioteca que durante o mês de janeiro sempre estava cheia, e outros saiam até mesmo dos armários de vassouras como Abraxas e Katerin. — Onde é isso mesmo que nós vamos? — perguntou a senhorita Wezen, enquanto servia sua refeição com calma. — Se chama sala-precisa, Davina — Neil respondeu, enquanto saboreava seu pedaço de frango. — Ele é tão lindo — Winky comentou. — Quem? — perguntou curiosa. — O Abraxas é claro — Neil respondeu irônico, detestava os amores platônicos da amiga, no fim era ele quem tinha que recolher os cacos de seu coração quando alguém a magoava. — Não fale assim! — reclamou. — Estranho, ele não está com o Tom. — Ele pode estar sem fome — Davina lembrou. — Mas eles sempre estão juntos. — A garota olhou por toda a extensão da mesa e não encontrou o moreno. Encarou a entrada do grande salão e o rapaz apareceu, caminhando lentamente com um livro em suas mãos. — Falando no d***o. — Senhor Lament revirou os olhos. Odiava o fato de que Davina estava fazendo amizade com Tom, não acreditava um minuto sequer na imagem de “bom rapaz” que o sonserino gostava de exibir para todos à sua volta, ainda mais depois que viu o rapaz deixar o banheiro do segundo andar e logo após Murta Warren aparecer morta! Mas quem acreditaria em sua palavra? Para todos, Neil Lament era apenas um jovem brincalhão de dezesseis anos. — Posso me sentar aqui? — Riddle encarou a garota, que parecia se sentir intimidada mesmo com uma pergunta simples. — Ah, claro. — O rapaz assentiu e ajeitou-se ao seu lado. — Eu estava pensando em mudar a cor do meu cabelo, o que vocês acham? — Winky chamou toda a atenção para si. — Acho que seus pais vão te desertar. — Neil riu fraco. — Não seja bobo! Enquanto os dois discutiam, Davina parecia ter desaprendido a como se comportar na mesa, era nítido o quão a presença de Riddle a deixava desconcertada. Sentia seus olhos acompanhando cada um de seus movimentos. — Use a faca com mais leveza. — Tom chamou a atenção da garota. — Como? — Não firme tanto os talheres, se não a comida vai voar para fora, mesmo sabendo que seria engraçado ver isso acontecer, é melhor evitar. Não acha? A garota estava espantada com a audácia do rapaz, com certeza isso a deixava ainda mais intimidada, agora não era apenas coisa de sua cabeça, Tom realmente estava a observando enquanto jantava. — Você vem, Davina? — Senhorita Crockett perguntou enquanto tomava o último gole de seu suco. — Onde vocês vão? — Vamos passar na biblioteca. — Neil encarou a colega, ele estava com uma expressão divertida em seu rosto. — Podem ir, encontro vocês assim que terminar. Os amigos assentiram e saíram de seus assentos, em questão de segundos seus pratos desapareceram deixando espaço mais livre para a garota poder se acomodar com mais tranquilidade. O jantar seguiu em um silêncio ensurdecedor, nenhum dos dois sequer pensaram em começar uma conversa. (...) — Aonde vocês arrumam tanta bebida? — Fitzgerald — Winky respondeu buscando o loiro entre os outros alunos. — Quem? — Edward Fitzgerald! Aquele moreno conversando com o Neil. — Ele é quem traz? — Davina perguntou enquanto saboreava seu licor. — Melhor ainda, é ele quem faz! O Fitz é ótimo com poções, é mestiço, mas o pessoal deixa ele participar porque tem alguma utilidade. — Ah... — Davina encarou o moreno durante quase toda noite, lembrava de ter o visto durante o jogo de quadribol. Os sonserinos dançavam e brincavam entre si, com certeza o diretor não ficaria nada feliz em ver todos os seus alunos se embebedando durante o meio da semana e bem em baixo de seu nariz. — Certo, eu quero ver todos beberem! — Abraxas Malfoy chamou a atenção de todos presentes na sala para si. O rapaz estava em pé sob uma mesa com várias cartas de baralho em sua mão. — Começou o show — Neil comentou sentando-se ao lado das garotas. — Shi! Eu quero ouvir. — A ruiva o repreendeu. — O jogo vai ser o seguinte, vamos jogar uma partida de baralho e quem perder vira toda a taça de licor! Teremos três tentativas — explicou Abraxas, descendo da mesa e caminhando lentamente pela sala. — O que acham de começarmos pela novata? Todos os alunos vibraram gritando “novata, novata…”, Katerin apenas revirou seus olhos, odiava quando Abraxas queria ser o centro das atenções. — O que me diz, senhorita Wezen? — O loiro esticou sua mão e lançou um olhar malicioso para a garota. — Ah, eu n... — É claro que ela aceita! — Senhorita Crockett tomou a frente empurrando a amiga para cima do Malfoy, ela sabia muito bem que se Davina fizesse amizade com o loiro seria a oportunidade perfeita para ela finalmente ser notada. Abraxas segurou sua mão com firmeza e caminhou lentamente praticamente puxando a garota até a mesa que estava em pé anteriormente. — Sabe como o jogo funciona? — A encarou. — Sim. — Davina sentou em sua frente e imediatamente uma roda de curiosos se formou em torno da mesa. — Ótimo! Vão querer apostar em quem? — Eu aposto na novata! — disse Edward. — Vocês são patéticos! — Katerin resmungou. — Não confia no meu potencial, meu amor? — Abraxas sorriu para a loira que estava em pé ao seu lado. O jogo finalmente começou, todos ficavam em completo silêncio, exceto quando Abraxas fazia alguma piada. Em poucos minutos a primeira rodada acabou. — Você é péssima nisso, senhorita Wezen. Tem certeza de que quer continuar? — Malfoy a encarou, sua vitória na primeira rodada foi o suficiente para que seu ego já ficasse completamente inflado. Após mais duas rodadas onde Davina ganhou a segunda e por pura sorte Abraxas ganhou a última, a garota virou o cálice onde o licor estava, o líquido parecia fogo em sua garganta. — Isso foi uma péssima ideia — Neil reclamou. Abraxas comemorava, parecia que havia ganhado um prêmio nobel! Alguns alunos já estavam indo embora, o relógio marcava onze horas da noite. — Não deveria beber tanto, novata. — Edward sentou-se no sofá ao lado da garota, Winky insistiu em jogar contra Katerin, e Neil ficou para ajudá-la. — Davina. — O que? — Eu me chamo Davina Wezen. — É um prazer conhecê-la! Eu me chamo Edward Fitzgerald. — Estendeu sua mão. — Eu não quero nem ver a ressaca de amanhã. — Não se preocupe, eu coloco algumas ervas que ajudam a evitar que a ressaca seja tão forte. — Sorriu simpático. — Está explicado o porquê te querem aqui. Bom, eu vou para a minha comunal. — Quer que eu a acompanhe? — Não, obrigado. Mas poderia fazer a gentileza de avisar aos meus amigos? — Claro! Boa noite senhorita Wezen. — Boa noite, Fitz. — O rapaz sorriu e ficou encarando a porta enquanto a morena caminhava lentamente para fora da sala. (...) Tom Riddle já estava no final da sua patrulha que havia sido muito calma, estava torcendo para encontrar ao menos um baderneiro da sonserina para mandá-lo à detenção. Aos poucos foi subindo as escadas que dava acesso às salas de herbologia e runas antigas, avistou de longe uma figura sentada ao chão. — O que pensa que está fazendo? — Caminhou lentamente até o final do corredor. — Ah? Me ajuda. — Senhorita Wezen, o que está fazendo aqui? Está tarde. — Hum... Tom? — O rapaz se abaixou e encarou a garota. — Vejo que andou bebendo. — Não estou bêbada Tom, apenas perdida. — E achou que seria uma boa ideia sentar nesse chão gelado? — Estava sem o meu guia. — Sorriu fazendo o rapaz retribuir timidamente. — Vem, eu te levo até seu dormitório. — Tom segurou as mãos da garota que m*l conseguia ficar equilibrada com seus saltos baixos. — Obrigado Tom. — Sem problemas, quem te deu álcool? — Abraxas ficaria bravo se eu contasse. — Riu baixo — Estávamos jogando baralho e quem perdia bebia. — Me diz que ganhou daquele b****a. — Uma vez, mas ele teve sorte. — Uma coisa que poucos sabem, mas não se brinca com um Malfoy, seria estranho se ele tivesse perdido. — Estou com frio e tontura. — Por favor, não vomite. — Riddle a puxou para mais perto enquanto caminhavam para tentar a aquecer e não deixá-la cair. Após diversas escadarias e corredores que pareciam imensos e gelados, os dois chegaram à comunal da sonserina, que estava completamente vazia. — Me ajuda a tirar esses sapatos? — Davina se jogou no sofá e encarou o rapaz. — Eu deveria cobrar por estar trabalhando de babá. — Tom se abaixou e tirou os sapatos da garota. — Tom? — Oi. — Você é uma ótima babá. — O rapaz deixou um sorriso escapar e levantou Davina novamente. — Quero que vá para sua cama, e durma o máximo possível, certo? Amanhã nós conversamos sobre se embebedar na escola. — Certo. — A morena inclinou-se e surpreendeu o sonserino com um abraço, Tom parecia assustado com o gesto de carinho vindo da garota, só pensou em retribuir alguns segundos depois — Obrigado por me ajudar de novo. — A garota apoiou sua cabeça em seu peito sentindo o cheiro do rapaz. — Sem problemas, senhorita Wezen. — Tom suspirou sentindo o cheiro da garota invadir seu pulmão — Boa noite. — A soltou com calma. — Boa noite, Riddle. — Deixou um beijo rápido em sua bochecha e subiu as escadas calmamente. Tom estava perplexo com o que havia acontecido, sabia muito bem que isso não teria acontecido sem o álcool para ajudar. m*l havia reparado no sorriso bobo que estava estampado em seu rosto.
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