Capítulo 1

1842 Palavras
Lara Eu adoro aproveitar a vida! Por que perder tempo lamentando as situações negativas? A vida é muito curta para se prender a pensamentos sombrios. Devemos nos divertir, dançar ao som da música e não dar importância às adversidades que nos cercam. Infelizmente, elas sempre existirão, como nuvens escuras que podem passar, mas que não devem nos impedir de brilhar. Resta-nos conviver com tudo isso e buscar uma forma de viver com leveza. Será que um dia teremos um mundo melhor? Ou continuaremos presos nessa loucura, onde a cada amanhecer surgem novos motivos para nos estressar? Por esse motivo, eu levo a vida do meu jeito e estou decidida! Não sei se acordarei amanhã ou se hoje será meu último dia neste mundo. Por isso, aprecio cada momento da minha maravilhosa e encantadora existência. Entretanto, há algo que me aborrece profundamente: minha família. Eles nunca me dão um momento de paz, e minha mãe, em particular, tem o talento especial de me deixar estressada e irritada. É uma luta constante entre o amor e a frustração. Por isso, valorizo os momentos que posso chamar de meus, e hoje é um deles. Hoje, vou a uma boate diferente, acompanhada da minha amiga Hadiya, e pretendo aproveitar ao máximo. Dançar, beber e, é claro, flertar. Cada risada e cada olhar trocado são como pequenos banquetes para a alma. Tenho um carinho enorme por Hadiya, e meu maior desejo neste mundo é vê-la feliz. Ela já passou por tantas dificuldades ao longo da vida, e só de pensar nisso, meu coração se parte. Embora eu saiba que não é bom remoer o passado, não consigo evitar. Quero que minha amiga encontre motivos para sorrir, que ela descubra a felicidade que tanto merece. Ela é uma mulher de generosidade imensa, bela e resiliente. Quando eu tinha dezoito anos, tive a audácia de aconselhá-la a se livrar logo da virgindade, como se fosse um fardo a ser deixado para trás. Para minha surpresa, Hadiya me ouviu! Ela se envolveu com o homem que amava, deixou de ser virgem, e eu não posso deixar de pensar: o que eu fiz? Falei isso sem a intenção de ser levada a sério! Será que sua primeira experiência íntima foi influenciada pelas minhas palavras? Meu Deus! Que tipo de amiga eu me tornei? Eu deveria ter aconselhado Hadiya a esperar, a se entregar somente quando encontrasse um amor verdadeiro. Afinal, ela é uma romântica nata, enquanto eu sou mais prática, buscando satisfação imediata. Hadiya ainda guarda um amor pela pessoa com quem compartilhou a infância. Se ao menos ela tivesse mantido seus sentimentos reservados somente para ele! Mas, mesmo que ele nunca mais retorne, não é justo que ela deixe de aproveitar a vida por causa do amor que nutre por Kevin. Ela frequentemente me critica por estar sempre trocando de parceiro, mas, se eu não me sinto atraída pelos homens com quem me envolvo, é minha prerrogativa buscar novas alternativas. A verdade é que a vida é um grande jogo de paciência, e eu continuo na busca por alguém que faça meu coração bater mais forte. Eventualmente, encontrarei a pessoa certa. Essa pessoa tem o poder de transformar minhas opiniões, de me fazer enxergar o amor sob uma nova luz. Mas, confesso, tenho uma tremenda falta de sorte na escolha de parceiros. Nunca vi nada assim! Meus relacionamentos são passageiros, e a cada três meses, sinto que estou começando do zero novamente. Não espero encontrar um príncipe montado em um cavalo branco. O que desejo é alguém que desperte sensações intensas em meu corpo e revolucione minha alma. Aquele que me faça sentir que a vida é uma dança apaixonada, uma celebração a cada dia. E, nesse momento, enquanto me preparo para sair, sinto uma onda de expectativa. Quem sabe hoje, na pista de dança, eu encontre alguém que me faça sentir que vale a pena investir novamente no amor? Meus relacionamentos têm uma duração limitada, não passam de três meses. Não busco um homem perfeito e convencional, aquele típico príncipe montado em um cavalo branco. O que eu realmente desejo é um príncipe que desperte sensações intensas em meu corpo e revolucione minha alma. Já consigo sentir minhas pernas trêmulas, meu coração acelerado e um desejo avassalador pulsando em minha intimidade... É nesse momento que imagino: Esse é o homem ideal para compartilhar o restante dos meus dias! Contudo, encontrar alguém com essas habilidades tem se tornado uma tarefa árdua. Estou exausta de buscar o relacionamento perfeito! O desejo de um amor verdadeiro parece se distanciar a cada tentativa frustrada. Não quero mais me envolver emocionalmente, pois isso se tornou excessivamente complexo. Se, por acaso, esse homem que se assemelha a um príncipe aparecer na minha vida, sinto um receio profundo de afastá-lo com minha excentricidade. Eu sou peculiar, incapaz de manter a calma, e se algo não me agrada, digo com franqueza. Essa autenticidade, que deveria ser uma virtude, muitas vezes me coloca em situações complicadas. Entretanto, até encontrar essa pessoa especial, permaneço envolvida com aqueles que não são adequados para mim, entregando-me completamente. A verdade é que acredito que escolho os equivocados por medo de sofrer, porque, em algum lugar profundo, suspeito que nunca amei verdadeiramente. Estive próxima de alguns relacionamentos casuais, mas o amor, o amor sincero e profundo, jamais aconteceu. Quando menciono meu desejo de encontrar alguém, não me refiro a querer me casar imediatamente. O casamento é um compromisso sério que demanda reflexão profunda antes de darmos esse passo. Compartilhar a vida com outra pessoa é uma decisão complexa, que deve ser tomada com total certeza de que realmente desejamos dividir nosso caminho com alguém. Não anseio por um casamento apenas para, um ano mais tarde, me separar, como tantas pessoas que vejo ao meu redor. Aquelas que, durante o namoro, pareciam tão felizes, mas logo após o "sim", se deparam com incompatibilidades que não conseguiram ver antes. Desejo um casamento eterno! Um vínculo sem remorsos, vivendo tanto na felicidade quanto na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Meu ideal de amor é sustentado pela observação dos meus pais, que já estão juntos há mais de trinta anos. Mesmo com minha mãe sendo, às vezes, uma pessoa difícil de lidar, meu pai sempre a tolerou, e isso é uma prova do amor que persiste. É essa longevidade, essa força do amor que quero para mim. Desejo encontrar alguém que caminhe ao meu lado, que enfrente os desafios da vida comigo e que, mesmo nas tempestades, nunca hesite em segurar minha mão. Enquanto isso, sigo dançando na pista da vida, buscando aquele que pode me fazer sentir que o amor verdadeiro vale a pena. Cada dia é uma nova chance de encontrar essa conexão que tanto anseio, e, mesmo que a jornada seja repleta de incertezas, não deixarei de acreditar que o melhor ainda está por vir. Isso é o que almejo para o meu futuro. Em momentos passados, a convivência com minha família não era complicada; sempre me trataram com carinho. Mas tudo mudou, ou melhor, tudo começou a mudar quando decidi não seguir a carreira profissional que eles desejavam para mim. Afinal, a vida é minha e devo fazer aquilo que me agrada, não o que eles desejam. É um desafio diário manter a calma, especialmente com minha mãe. Meu Deus, nunca vi alguém tão controladora! Às vezes, parece que ela está apenas tentando me enlouquecer. Justamente hoje, quando meu dia estava magnífico, ela resolveu me menosprezar por ainda não ter encontrado um homem extremamente rico. É nisso que ela concentra todos os seus pensamentos, como se o valor de uma pessoa pudesse ser medido apenas pelo tamanho de sua conta bancária. — Lara, minha querida — ela começa, repetindo as mesmas palavras como um gravador. — Estou falando para o seu benefício. Você vai envelhecer e não vai encontrar um homem para se casar. Veja sua irmã, envolvida com um bom homem, financeiramente estável... Você precisa seguir o exemplo dela! Não se envolva em relacionamentos de três meses, isso não é benéfico para você, minha filha! É necessário ter um casamento duradouro com um homem rico, que lhe proporcionará uma vida confortável. E se vocês se divorciarem, você ainda terá recursos financeiros... Não será como sua prima, que se casou e, ao se separar, ficou sem um lugar para morar porque o homem desprezível a deixou sem nada. Eu a amo incondicionalmente, mesmo com suas características peculiares. Não podemos escolher quem amamos, mas Dona Lauren está cometendo um erro gravíssimo. Dinheiro não define nossa felicidade! Contrair matrimônio apenas por questões financeiras, deixando de lado o elemento essencial, que é o amor, definitivamente não é algo para mim. Prefiro unir-me a alguém de posses modestas e encontrar a verdadeira felicidade! — Mãe — respondo, cansada, — você repete as mesmas palavras todos os dias, e eu sempre vou dar a mesma resposta. Eu não desejo seguir o exemplo da Keila! Tenho a intenção de criar o meu próprio caminho. Não estou interessada em me casar ou encontrar um homem rico para me sustentar. Quero alguém que me ame e que eu ame, alguém que me faça feliz e me faça sentir coisas novas. Até agora, não encontrei essa pessoa, então me deixe aproveitar meus relacionamentos rápidos. É melhor do que me envolver com alguém todos os dias. E, para ser sincera, não me importaria de estar com um homem diferente a cada dia. O que há de errado nisso? Caramba! Eu sou solteira! Permita-me aproveitar a vida da forma que considero melhor! Cada palavra que digo parece ecoar na sala, mas sei que minha mãe não vai entender. Para ela, o amor verdadeiro é um conceito nebuloso, algo que não se encaixa em seus planos práticos. Mas a vida não é apenas sobre segurança financeira; é sobre sentir, experimentar e amar verdadeiramente. Enquanto busco esse amor, mesmo que ainda esteja por vir, não permitirei que ninguém me prenda a um padrão que não escolhi. Disse o que já tinha falado repetidas vezes. Não dou mais importância aos absurdos comentários da minha mãe. Imaginar me casar sem amor só porque minha irmã está se casando com um homem rico é ridículo! Prefiro permanecer solteira até o fim dos meus dias a me sujeitar a um casamento sem sentimentos. Se um matrimônio baseado no amor já traz desafios, imagine um que não tenha nada disso... — Lara, desejo apenas o seu melhor, minha filha — ela insiste, como sempre. — É importante que você encontre um homem financeiramente estável para garantir o seu futuro. Aproveite enquanto é jovem, pois em breve a idade avança e pode ser mais difícil encontrar um homem para se casar. Já pensou, minha filha, ter um homem que a ame e ainda seja rico? Isso seria verdadeiramente incrível! — Mamãe, estou saindo para o meu emprego e talvez não volte para casa hoje... Vou para a residência do meu namorado. Olha só, esse relacionamento já está com quase três meses, veja como está resistindo?
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR