O céu ainda era cinza quando Liz saiu de casa.
Nem eram sete da manhã. O portão da frente fez um estalo seco quando ela empurrou, e o vento da rua bateu no rosto dela como um tapa frio e bem-vindo.
Ela não tomou café. Não esperou ninguém. Pegou a mochila, o fone e saiu como se o asfalto lá fora fosse o único lugar onde o ar pesava menos.
Seguiu a pé até o ponto, mesmo sabendo que o Kauê poderia deixá-la de carro depois. Mas ela precisava andar. Precisava fazer o corpo se mexer pra ver se a cabeça parava.
A playlist era a de sempre: batidas lentas, vozes femininas roucas, letras sobre solidão bonita. Mas aquela manhã, nenhuma música encaixava. Nenhuma parecia dizer o que ela tava sentindo, porque nem ela mesma sabia ao certo o que era aquilo.
Não era tristeza. Tristeza ela conhecia bem
