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PROIBIDA PRA MIM

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proibido
família
HE
os opostos se atraem
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intro-logo
Sinopse

Hariel cresceu entre cavalos e café, no interior de Minas Gerais, mas sua vida vira de cabeça para baixo quando se muda para o Rio de Janeiro para estudar. Lá, ele vai morar com o avô o mesmo homem que é tio da garota que ele menos queria reencontrar: Liz.

Filha do morro, dois anos mais velha e com a língua mais afiada do que nunca, Liz é o tipo de garota que Hariel aprendeu a evitar. Rival de infância, provocadora profissional e… agora, tecnicamente, sua prima. O problema? Ela cresceu. E ele também.

Entre festas universitárias, tretas familiares e segredos que ninguém quer revelar, Hariel e Liz descobrem que a linha entre o ódio e a atração pode ser perigosamente fina. E quando o desejo entra em cena, não tem volta.

Eles foram criados como rivais. Mas o destino decidiu juntar duas metades que nunca deveriam se completar.

Ela é proibida. Mas ele nunca ligou muito pra regras.

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1 - Hariel
A mala azul berrante estava aberta no chão do quarto, parecendo mais uma armadilha do que um objeto útil. Hariel olhava pra ela como quem encara uma cobra: com desconfiança, desprezo e um leve pânico existencial. — Eu vou esquecer alguma coisa, tenho certeza — murmurou, empilhando mais uma camisa em cima da montanha desequilibrada de roupas. Luna, deitada na cama de cima do beliche, mascava chiclete e revirava os olhos. — Você só vai morar no Rio, não tá indo pro Japão. Qualquer coisa a gente manda por correio. Ou eu levo quando for — ela disse, como quem falava de uma ida até a padaria. — Você ainda nem sabe se vai conseguir transferência — rebateu ele, dobrando uma cueca com a precisão de um neurocirurgião. — Relaxa. Eu consigo o que eu quiser. — Ela sorriu de lado, com aquela confiança que só os filhos mais velhos pareciam ter. A porta se abriu sem cerimônia e Ícaro entrou com um pé de alface na mão. Literalmente. — Se alguém quiser me dar tchau, vou estar lá fora, colhendo — disse, como quem anuncia que vai morrer. — Essa alface não se corta sozinha. — Tu vai chorar? — provocou Luna, com um sorrisinho safado. — Eu? Chorar? — Ícaro riu com desdém. — Quem quer largar a roça é ele. Eu fico. Aqui tem terra, paz e alface. No Rio tem bala perdida e aluguel. — Tem faculdade também, sabia? — disse Hariel, tentando manter o tom calmo, mesmo já tendo perdido a paciência com esse debate umas quinhentas vezes. — E aqui tem sabedoria de vida — retrucou Ícaro, com o pé de alface levantado como se fosse um troféu. Antes que o Hariel pudesse retrucar, a caçula apareceu: Flora, com o vestido todo sujo de terra, segurando um sapo com as duas mãos. — Leva o Jujuba com você, Leléu. Ele é seu amigo — ela disse, enfiando o bicho quase dentro da mala. — Flora, pelo amor de Deus! — Hariel pulou pra trás. — Isso é um sapo! Não é um pet! — Ele gosta de você. Vai ficar triste quando você vai embora. — Jujuba vai ficar muito bem aqui com você — disse Luna, tentando salvar a dignidade do irmão. — E o Hariel vai visitar, não vai? — Claro — ele respondeu, mesmo sem ter certeza nenhuma disso. A verdade era que ele tava num misto de ansiedade, medo e vontade de correr pro mato. Ir pro Rio não era exatamente um sonho; era um desafio. E ele tava indo com a cara, a coragem e uma carta de aceitação na melhor faculdade pública do estado. Foi então que a mãe apareceu na porta. Com os olhos vermelhos, um pão de queijo na mão e o coração na boca. — Tá tudo pronto, meu filho? — Hariel só assentiu, engolindo o nó na garganta. — Só falta o pai me dar o sermão. — Ele tá lá fora, no galpão. Vai lá. Hariel atravessou o quintal de terra batida, onde os galos ciscavam como se não tivessem consciência da importância daquele dia. No galpão, o pai afinava uma enxada com mais concentração do que Hariel achava possível. — Já vai? — Guilherme perguntou, sem olhar. — Já. Ônibus sai em uma hora. — Vai com Deus. — silêncio. Só o barulho do metal na pedra. — Não se mete com coisa errada, Hariel. — Eu sei, pai. — Não tô falando só de droga, nem de arma. Tô falando de gente errada. Gente que sorri e te usa. Gente que se veste bonito e fede por dentro. Tô falando de política, de dinheiro fácil, de atalho perigoso. Tá me entendendo? — Tô. — Guilherme finalmente olhou nos olhos do filho. O olhar era duro, mas cheio de amor. — E se alguém te perguntar de onde você veio, você responde com orgulho. Você veio da roça. Você veio de mim. E de uma mulher que virou o mundo de cabeça pra te criar. Hariel assentiu de novo, tentando engolir o choro que ameaçava subir. — Vai lá. Sua mãe tá te esperando pra chorar mais um pouco. A despedida foi uma bagunça de lágrimas, piadas sem graça e foto borrada. Flora tentou subir no ônibus. Ícaro deu uma palestra de dez minutos sobre como cuidar da saúde longe da horta. Luna disse que ia stalkear cada passo dele. Aurora abraçou como se quisesse gravar o cheiro do filho na alma. E Guilherme só deu um tapa no ombro, do tipo que dizia mais do que qualquer discurso. Hariel sentou na poltrona do ônibus com a mala no bagageiro, o fone de ouvido pendurado e o coração batendo mais forte do que ele gostaria de admitir. Ele tava indo pro Rio. Ia morar com o avô Treva. Estudar numa faculdade onde ninguém sabia seu nome, sua história, seus medos. E, claro, ia conviver com ela. Liz. A prima barraqueira, bocuda, insuportável. Eles não se viam há uns dois anos, desde a última vez que as famílias tinham se reunido numa festa junina em BH. Hariel ainda lembrava do grito dela quando ele sem querer derrubou um copo de quentão no vestido branco dela. Da bronca que ela deu. Do sermão que ele devolveu. E do sorriso m*****o que ela deu quando soltou uma bombinha perto dele pra se vingar. Eles se odiavam. Era um acordo tácito. Um pacto familiar. Mas agora... agora ele ia ter que conviver com ela. No mesmo quintal. Talvez até na mesma casa. — Respira fundo — ele disse pra si mesmo, olhando pela janela o mato ficando pra trás. O Rio de Janeiro era um mundo novo. Uma chance nova. Mesmo que começasse com o cheiro de asfalto e um reencontro que prometia faísca. O ônibus avançava lentamente pela estrada serpenteante, como se soubesse que cada quilômetro doía um pouquinho. Hariel encostou a cabeça no vidro, assistindo as árvores desfilarem em câmera lenta. O fone no ouvido tocava uma playlist feita às pressas — misturando Belchior, Rubel e uns pagodes que o Ícaro colocou só pra sacanear. Ele nem sabia o que estava sentindo. Um buraco no peito, talvez. Uma empolgação tímida. Uma saudade antecipada. Um medo bobo de não se encaixar. Desde pequeno, ele escutava as histórias do Rio de Janeiro com aquele fascínio de quem ouvia lendas urbanas. Aurora contava de um tempo em que o morro era caloroso, caótico e, ainda assim, o lugar mais cheio de vida que ela já conhecera. Já Guilherme falava com um olhar distante, sempre alertando sobre os perigos, as tentações, as mentiras travestidas de promessa. E agora ele ia viver isso tudo. O barulho, o calor, os ônibus lotados, as praias cinzentas de inverno, os becos cheios de música. E, claro, a Liz. Ela devia estar linda. Ele odiava admitir, mas desde a adolescência aquela menina tinha virado mulher como quem desafia o universo a olhar de volta. O cabelo sempre de um jeito diferente, a boca afiada, o olhar cortante. E a risada... insuportável. Insuportável e grudenta. Como música r**m. Hariel fechou os olhos, tentando espantar o pensamento. Era errado. Eles eram primos. Mesmo que de grau distante, ainda era primo. Mesmo que não crescessem juntos, ainda era família. Mesmo que ela... Mesmo que ela fosse impossível de ignorar. Suspirou fundo e virou pro lado, tentando dormir. Se a vida fosse um romance clichê, talvez ele tivesse uma noite de insônia, acordasse com um novo propósito e pisasse no Rio de Janeiro como quem pisa no palco de um show. Mas como não era, ele acordou com dor no pescoço, a camisa toda amarrotada e um fiapo de baba no canto da boca. — Excelente estreia — murmurou, enquanto o ônibus estacionava. A rodoviária era um formigueiro barulhento e abafado. Gente demais, calor demais, buzina demais. Hariel desceu com a mochila nas costas e a mala puxando atrás, tropeçando num chinelo de dedo de um desconhecido e quase sendo atropelado por uma senhora de mochila com rodinhas. Respirou fundo e tentou procurar uma cara familiar no meio do caos. E então viu o avô Treva. Alto, magro, de chapéu panamá, camisa estampada aberta no peito e um charuto (desligado) pendendo da boca. Parecia saído direto de um filme de máfia tropical. — Olha o universitário aí! — gritou Treva, abrindo os braços. Do lado dele, Malu acenava com uma empolgação que só podia significar problema. — Meu Deus, você tá enorme! — ela disse, apertando o rosto do Hariel como se ele tivesse cinco anos. — O último filho da Aurora que eu vi desse tamanho tava entrando no pré-escolar! — Oi, tia Malu — disse ele, tentando sorrir apesar do calor. — Trouxe tudo? Mala, mochila, dignidade? — Dignidade ficou no ônibus, mas o resto tá aqui — brincou ele. Treva deu um tapa no ombro dele e pegou a mala com a mesma facilidade de quem carrega um saco de arroz. — Bora, menino. O carro tá ali. Liz tá te esperando. — Hariel congelou por meio segundo. — A Liz tá lá? — Tá, ué. Vai morar na casa do tio dela, né? — disse Malu, já puxando ele pelo braço. — E fica tranquilo, ela tá numa fase zen. Só grita quando é necessário. — E quando não é? — murmurou ele, já prevendo o que vinha pela frente. Treva riu. — Relaxa, Hariel. Essa casa já aguentou muito barraco. Vai aguentar vocês dois também. Enquanto seguiam em direção ao carro, o coração do Hariel batia mais rápido. A cidade estava viva. Vibrante. Quente demais. E no fim daquela ladeira, o reencontro que ele não sabia se temia ou se desejava.

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