O céu já começava a mudar de cor quando Hariel pegou o machado encostado na mureta. O sol não ardia mais, mas ainda deixava tudo dourado, refletindo no chão de terra e nas folhas secas que balançavam ao vento.
Treva apontou pro monte de toras no canto do quintal.
— Vão fazer fogueira hoje, então separa umas boas. E não vem com esses toquinho que queima em dois minutos, hein — avisou, com o pano sujo no ombro e a voz arrastada de quem conhecia o peso da madeira desde antes do neto nascer.
— Pode deixar, vô — Hariel respondeu, ajeitando a base da tora na pedra antes de levantar o machado com as duas mãos.
O primeiro golpe foi seco, certeiro. A madeira rachou no meio, espalhando lascas pra lateral. Hariel repetiu o movimento com precisão, uma batida atrás da outra. Aquilo exigia força, ma
