Terças feiras. Fo*da-se as terças-feiras.
Rezei a missa matinal em um santuário quase vazio.
Duas avós de chapéu e Rowan.
E depois saí para correr, catalogando mentalmente todas as coisas que queria fazer hoje, incluindo montar um pacote informativo para a nossa viagem de grupo de jovens. na próxima primavera e escreverei minha homilia desta semana.
Weston é uma cidade de penhascos fluviais, uma topografia de campos inclinados em direção ao rio Missouri, pontuada por colinas extremamente íngremes. As corridas aqui são brutais, cruéis e esclarecedoras. Depois dos primeiros seis quilômetros, eu estava coberto de suor e respirando com dificuldade, aumentando o volume da minha música para que a voz de Britney abafasse todo o resto.
Dobrei a esquina na rua principal da cidade, as calçadas quase todas livres de pessoas navegando em lojas de antiguidades e arte, já que era dia de semana. Eu só tive que me esquivar de um casal de aparência idosa enquanto me forçava a subir a estrada íngreme, com os músculos da coxa e da panturrilha gritando. O suor escorria pelo meu pescoço, ombros e costas, meu cabelo estava encharcado, cada respiração parecia um castigo, e o sol da manhã fazia com que eu fosse saudado por ondas de calor de agosto rolando no asfalto.
Eu amei.
Todo o resto desapareceu: a próxima reforma da igreja, as homilias que eu precisava escrever, Paula Poppy.
Principalmente Paula Poppy. Especialmente ela e o conhecimento de que o simples ato de pensar nela me deixava tenso.
Eu me odiei um pouco pelo que aconteceu ontem. Ela era claramente uma mulher instruída, inteligente e interessante, e veio até mim, apesar de não ser católica, para pedir palavras de ajuda. E em vez de vê-la como um cordeiro necessitado de orientação, não consegui me fixar em nada além de sua boca enquanto conversávamos.
Eu era padre. Jurei por Deus que não conheceria o corpo de outra pessoa enquanto vivesse, nem mesmo conheceria meu próprio corpo. Não era certo ter o tipo de pensamentos que eu tinha sobre Poppy.
Eu deveria ser o pastor do rebanho, não o lobo.
Não o lobo que acordou esta manhã apertando os quadris no colchão porque teve um sonho muito intenso com Poppy e seus pecados carnais no papel principal.
A culpa me invadiu com a lembrança.
Vou para o infer*no, pensei. Não tem como eu não ir para o inf*erno.
Porque por mais culpado que me sentisse, não sabia se conseguiria me controlar se a visse novamente.
Não, isso não estava certo. Eu sabia que poderia, mas não queria. Eu nem queria abrir mão do direito de carregar a voz, o corpo e as histórias dela em minha mente.
O que foi um problema. Ao chegar ao último quilômetro da minha corrida, me perguntei o que diria a um paroquiano que estivesse na mesma situação. O que eu ofereceria como minha visão honesta sobre o que Deus deseja.
A culpa é um sinal da sua consciência de que você se afastou do Senhor.
Confesse seu pecado a Deus aberta e sinceramente. Peça perdão e força para superar a tentação caso ela surja novamente.
E, por último, retire-se completamente da tentação.
Dava para ver a igreja e a reitoria, a pouca distância. Eu sabia agora o que faria. Eu tomava banho e depois passava uma longa hora orando e pedindo perdão.
E para ter força. Sim, eu também pediria isso.
E da próxima vez que Poppy aparecesse, eu teria que encontrar uma maneira de dizer a ela que não poderia ser seu confessor novamente. Esse pensamento me deixou deprimido por algum motivo, mas eu já era padre há tempo suficiente para saber que às vezes as melhores decisões eram aquelas que traziam maior infelicidade no curto prazo.
Parei em um cruzamento, esperando o semáforo mudar, me sentindo mais leve agora que tinha um plano a seguir. Isso seria muito melhor; tudo iria ficar bem.
— Britney Spears, hein?
Aquela voz. Mesmo que eu só tenha ouvido ela duas vezes, ficou gravada na minha memória.
Foi um erro, mas me virei mesmo assim enquanto tirava meus fones de ouvido.
Ela também estava correndo e, pelo que parecia, havia corrido tanto quanto eu. Ela usava sutiã esportivo e shorts de corrida muito, muito curtos, que cobriam apenas sua bun*da perfeita. O suor escorria dela também, e ela estava sem batom vermelho, mas sua boca parecia ainda mais incrível sem ele, e a única coisa que me salvou de olhar para ela com fome foi o fato de que suas coxas tonificadas, barriga lisa e se*ios empinados eram em tal exibição pronta.
O sangue correu para minha virilha.
Ela ainda estava sorrindo para mim e me lembrei que ela havia dito alguma coisa.
— Desculpe, o quê? As minhas palavras saíram duras e sem fôlego. Estremeci, mas ela não pareceu se importar.
— Eu simplesmente não considerei você um fã de Britney Spears. Ela disse, apontando para onde o meu iPhone estava preso ao meu bíceps e exibindo claramente a capa de Oops…I Did It Again . — Britney retrô também.
Se eu já não estivesse assando por causa da correria e do calor, teria corado. Peguei o meu telefone e tentei mudar sutilmente a música.
Ela riu. — Tudo bem. Vou apenas fingir que vi você ouvindo... o que é que os homens de Deus ouvem quando correm? Hinos? Não, não me diga. Monges cantando.
Dei um passo mais perto e seus olhos percorreram meu torso sem camisa, descendo até onde o meu short estava pendurado na altura dos quadris. Quando ela encontrou meus olhos novamente, seu sorriso havia desaparecido um pouco. E seus mam*ilos eram pontinhas duros no sutiã de corrida.
Fechei os olhos por um minuto, desejando que meu pa*u inchado se acalmasse.
— Ou talvez seja totalmente oposto, como o death metal sueco ou algo assim. Não? Death metal estoniano? Death metal filipino?
Tentei ter pensamentos nada sexy enquanto abria os olhos. Pensei na minha avó, no tapete puído perto do altar, no sabor da caixa de vinho da comunhão.
— Você não gosta muito de mim, não é? Ela perguntou, e isso me trouxe de volta ao presente. Ela estava louca? Ela achava que minhas ereções incontroláveis perto dela eram um sinal de antipatia?
— Você foi tão legal na primeira vez que entrei. Mas sinto que de alguma forma te deixei bravo. Ela olhou para os pés, um movimento que apenas destacou o quão longos e grossos eram seus cílios.
Seus cílios me deixaram duro. Essa foi uma nova referência para mim, tive que admitir.
— Você não me deixou bravo. Eu disse, aliviado ao ouvir que a minha voz soava mais normal, controlada e gentil. — Estou muito grato por você ter encontrado valor suficiente em sua experiência para voltar para a igreja. Eu estava prestes a prosseguir com meu pedido para que ela encontrasse um novo lugar para fazer suas confissões, mas ela falou antes que eu pudesse.
— Eu encontrei valor nisso, surpreendentemente. Na verdade, estou feliz por ter encontrado você. Vi no site da igreja que vocês têm horário de expediente apenas para conversar, e gostaria de saber se poderia visitá-los algum dia. Não necessariamente para uma confissão...
Graças a Deus por isso.
—...mas, não sei, acho que para falar de outras coisas. Estou tentando iniciar uma nova fase na minha vida, mas continuo sentindo que falta alguma coisa. Como se o mundo em que vivo estivesse de alguma forma achatado, dessaturado. E depois de falar com você nas duas vezes, me senti... mais leve. Eu me pergunto se a religião é o que eu preciso. Mas honestamente não sei se é algo que eu quero.
Sua admissão despertou em mim o instinto sacerdotal. Respirei fundo, contando a ela algo que já havia contado a muitas pessoas, mas ainda assim falei com tanta sinceridade quanto na primeira vez. — Acredito em Deus, Poppy, mas também acredito que a espiritualidade não é para todos. Você pode encontrar o que procura em uma profissão pela qual é apaixonada, ou em viagens, ou em uma família, ou em qualquer outra coisa. Ou você pode descobrir que outra religião se adapta melhor a você. Não quero que você se sinta pressionado a explorar a Igreja Católica por qualquer motivo que não seja interesse ou curiosidade genuínos.