— Então eu tenho esse trabalho. Tinha esse trabalho, devo dizer, porque faço algo diferente agora, mas até um mês atrás trabalhei em um lugar que poderia ser considerado... pecaminoso. Acho que é a palavra certa, embora nunca tenha me sentido no pecado trabalhando lá. Você poderia pensar que é por isso que estou aqui, e de certa forma é.
Mas é mais porque sinto que deveria confessar isso a alguém, mas, também acho que não não deveria confessar. Isso faz algum sentido? Como se eu devesse me sentir m*al pelo que fiz e como ganhei meu dinheiro, mas não me sinto nem um pouco m*al, e sei que isso é errado de alguma forma.
Além disso, não sou pros*tituta, se é isso que você está se perguntando.
Você sabe por que mais eu deveria me sentir culpada? O fato de ter desperdiçado o tempo e o dinheiro de todos. Os meus pais em particular, mas até você, essa pessoa que não conheço, estou detendo você e fazendo você ouvir todas as minhas mer*das e, assim, desperdiçando seu tempo e o dinheiro da sua igreja. Está vendo? Eu sou um desastre, onde quer que eu vá.
Parte do problema é que existe uma fatia de mim que sempre esteve comigo, ou talvez não seja uma fatia, mas uma camada, como o anel de uma árvore. E onde quer que eu vá e o que quer que eu faça, está lá. E isso não se encaixava na minha antiga vida em Newport, e depois não se encaixava na minha nova vida em Kansas, e agora percebo que não se encaixa em lugar nenhum, então o que isso significa? Isso significa que não me encaixo em lugar nenhum? Que estou destinado a ficar sozinha e sendo detestada porque carrego esse dem*ônio nas costas?
O engraçado é que sinto que existe essa outra vida, essa vida sombria que me foi oferecida, onde aquele dem*ônio pode correr livre e posso deixar aquele anel, aquela camada, me consumir. Mas o preço é o resto de mim. É como se o universo, ou Deus, estivesse dizendo que posso fazer as coisas do meu jeito, mas às custas do meu respeito próprio, da minha independência e dessa visão da pessoa que quero ser. Mas então qual é o custo desta forma ? Fujo para uma cidade pequena e passo meus dias trabalhando em um emprego que não me interessa e depois passo as minhas noites sozinha? Tenho respeito próprio, tenho boas ações, mas preciso dizer uma coisa. Boas ações não aquecem sua cama à noite, e estou cheia desse tipo terrível de desespero porque não posso ter os dois se eu quero os dois.
Quero uma vida boa e quero paixão e romance. Mas fui criada para ver um como um desperdício e o outro como desagradável, e não importa o quanto eu tente, não consigo parar de sentir que ser Paula Poppy se tornou sinônimo de desperdício e desgosto, embora eu tenha feito tudo para me encaixar aqui. Eu possivelmente posso escapar desse sentimento…
— Talvez devêssemos continuar na próxima semana.
Ela ficou quieta por um longo tempo depois da última frase, com a respiração instável. Eu não precisava ver o interior de sua cabine para saber que ela m*al conseguia se controlar, e se estivéssemos em uma sala de reconciliação moderna , eu teria sido capaz de pegar a sua mão ou tocar seu ombro ou algo assim . Mas aqui, eu não pude oferecer nenhum conforto além de minhas palavras, e senti que ela não conseguia mais absorver as palavras agora.
— Oh. Tudo bem. Eu... eu demorei muito? Sinto muito, não estou acostumado com as regras.
— De jeito nenhum. Eu disse suavemente. — Mas acho que é bom começar aos poucos, não é?
— Sim. Ela murmurou. Eu podia ouvi-la juntando as suas coisas e abrindo a porta enquanto falava. —Sim, suponho que você esteja certo. Então... não há penitência ou qualquer coisa que eu deva fazer? Quando pesquisei confissão no Google na semana passada, ele disse que às vezes há penitência, como rezar uma Ave Maria ou algo assim.
Debatendo comigo mesmo, também saí da cabine, pensando que seria mais fácil explicar penitência na cara dela do que através daquela tela estú*pida, e então congelei.
Sua voz era sexy. Sua risada era ainda mais sexy. Mas nenhum dos dois segurou uma vela para ela.
Ela tinha longos cabelos escuros, quase pretos, e uma pele pálida, destacada pelo batom vermelho brilhante que usava. Seu rosto era delicado, maçãs do rosto finas e olhos grandes, o tipo de rosto que aparecia nas capas de revistas de moda. Mas foi sua boca que me atraiu, lábios exuberantes que estavam ligeiramente entreabertos, deixando-me ver que seus dois dentes da frente eram ligeiramente maiores que o resto, uma imperfeição que por algum motivo a tornava ainda mais sexy.
E antes que pudesse me conter, pensei: quero meu pa*u nessa boca.
Quero aquela boca gritando meu nome.
Eu quero...
Olhei para a frente da igreja, para o crucifixo.
Ajude-me , orei silenciosamente. Isso é algum tipo de teste?
— Padre Bell? Ela disse surpresa.
Respirei fundo e fiz outra oração rápida para que ela não percebesse que eu estava paralisado por sua boca... ou que as calças de lã de frente plana que eu usava de repente estavam ficando um pouco apertadas demais.
— Não há necessidade de penitência agora. Na verdade, acho que voltar aqui para conversar é um pequeno ato de contrição por si só, não é?
Um pequeno sorriso surgiu em sua boca, e eu queria beijar aquele sorriso até que ela se pressionasse contra mim e me implorasse para tomá-la.
Put*a mer*da, Anselmo. Que por*ra é essa?
Rezei mentalmente uma Ave-Maria enquanto ela ajustava a alça da bolsa no ombro. — Então talvez eu te veja na próxima semana?
Besteira. Eu poderia realmente fazer isso de novo em sete dias? Mas então pensei nas palavras dela, tão cheias de dor e confusão sombria, e mais uma vez senti a necessidade de confortá-la. Dê-lhe algum tipo de paz, uma chama de esperança e vibração que ela possa levar consigo e nutrir uma vida nova e plena para si mesma.
— Claro. Estou ansioso por isso, Poppy. Eu não queria dizer o nome dela, mas lá estava ele e quando eu disse isso, eu disse naquela voz, aquela que eu não usava mais, aquela que costumava fazer as mulheres caírem de joelhos e tentarem alcançá-la. meu cinto sem que eu tenha que fazer nada além de dizer por favor .
E a reação dela enviou um choque direto para o meu pa*u. Seus olhos se arregalaram, as pupilas dilataram e seu pulso saltou na garganta. Não só meu corpo estava tendo uma resposta insanamente sem precedentes ao dela, mas ela estava tão afetada por mim quanto eu por ela.
E de alguma forma isso tornou tudo muito pior, porque agora era apenas a linha tênue do meu autocontrole que me impedia de incliná-la sobre um banco e espancar aquela bu*nda branca e cremosa por me deixar duro quando eu não queria. Por me fazer pensar em sua boca safada quando deveria estar pensando em sua alma eterna.
Limpei a garganta, três anos de disciplina inabalável foram a única coisa que manteve minha voz calma. — E só para você saber…
— S-sim? Ela perguntou, mordendo aquele lábio inferior carnudo.
— Você não precisa vir de Kansas só para vir aqui se confessar. Tenho certeza de que qualquer padre ficaria feliz em ouvi-la. Meu confessor, padre Brady, é muito bom e mora no centro de Kansas.
Ela inclinou a cabeça levemente, como um pássaro. — Mas eu não moro mais em Kansas. Eu moro aqui, em Weston.
Bem, isso é um mer*da.