• Capítulo 7 •

1129 Palavras
Conseguia ouvir minha própria respiração, o balançar da corrente que segurava o saco de areia. Cada soco que eu dava era o ódįo borbulhando em minhas veias. Uma semana. Cinco dias. Sem notícias deles. Nem mesmo os celulares que eu mesmo hackeei estavam me dando um posicionamento. Hoje, às cinco e cinquenta de um sábado, eu estava a uma gota de explodir completamente. Não dormia, não conseguia comer. Alencar está viva. Tem que estar. Irritei demais a sobrinha mimada do Alessandro - e agora, eles não me deixavam mais sair. Sim. Cinco dias. Cento e vinte e cinco horas e cinquenta minutos sem poder sair dessa mansão infernal. E sem nenhuma notícia da Ana. Engoli o grito de ódįo que queria sair do fundo da minha alma, socando pela última vez o saco de areia. Quando senti minha visão ficar turva, me curvei, apoiando as mãos nos joelhos. Respirava tão profundamente que podia sentir meu coração bater no peito. A gota de suor caiu, manchando o chão de espuma cinza. — Uou —ajeitei a postura novamente e precisei segurar por dois minutos nas correntes presas ao cabo de aço. Męrda, eu precisava comer ou ia desmaiar. — Se eu soubesse que pra te ver suado, sem camisa e com esse cabelo todo molhado, bastava vir aqui, teria vindo outras vezes. Jasmin Rossi estava começando a virar um maldįtos espírito obsessor na minha vida. Revirei os olhos - já nem fazia mais questão de manter simpatia. Assim que peguei a garrafa do chão e a blusa de moletom, vi sua silhueta parar à minha frente. — Temos uma missão pra você — ela disse, me analisando de cima a baixo, sem nenhuma vergonha. — Por que não deixou uma mensagem? Aliás, já disse que não quero vê-la na minha frente. No momento em que trombei meu ombro contra o dela, ouvi seu gemido de dor enquanto eu passava a caminho do quarto que agora era meu. Queria paz. Queria me trancar, como vinha fazendo nos últimos dias. Mas sua mão em volta do meu braço me fez parar. Ótimo. Vamos abraçar o dįabo. — Você sabe que deveria me tratar com mais respei... Em segundos, larguei a garrafa e minha camisa, girando completamente o corpo em sua direção. Com a mão direita, agarrei seu pescoço. — Não toque em mim —falei tão baixo que parecia prestes a matá-la. — Não fale comigo. — Eu iria matá-la. — Deixa eu te contar uma coisa: é graças àquela mulher que você me manipula igual a um fantoche. Se ela mörrer, as cordas vão se romper. E eu vou måtar você. Vou estudar a sua dor enquanto te faço implorar pra eu parar de arrancar suas tripas. Acredite, eu vou te caçar até o inferno, se for preciso. E vou gostar muito de mastigar seu coração. Jasmin soltou meu braço, tentando envolver as mãos no meu pulso. Seus olhos arregalados e o desespero eram combustível pra mim. Sem nenhuma dificuldade, levantei-a do chão, ainda segurando pelo pescoço. No momento em que vi seus pés balançarem em pânico, seu corpo contorcendo-se, virei minha cabeça para o lado direito. Meus olhos estavam vazios. A feição, sem expressão alguma. Eu queria quebrar o pescoço dela. Seria fácil. Tão fácil... Sozinho... Ninguém me impediria. Floco de neve. Como um sussurro de Deus enviado por seu anjo mais belo, ouvi a voz de Ana na minha mente. Como se ela estivesse ali, em todo lugar. Soltei Rossi tão rápido que ouvi o impacto forte do corpo dela no chão. Pisquei, como se estivesse acordando de um pesadelo no qual eu era o próprio monstro. "- Garoto... Makyson Mancini me olhava do outro lado da mesa de interrogatório. Sim, fui preso. E como um maldįtos menino de quinze anos, abaixava a cabeça. "- Vou te falar só uma vez: você não pode ser igual a mim ou ao Felipe. Precisa achar algo e se agarrar a isso. Nosso mundo já é crūel o bastante pra tirar a vontade de viver. Você vai ser pior do que nós se continuar assim ... Agora levanta." A memória da minha primeira vez sendo solto da prisão graças ao Mancini veio à tona. Franzi a sobrancelha em confusão enquanto olhava para a parede branca à minha frente. Só me lembrei de Rossi quando ouvi sua tosse alta demais. Ao olhar para o chão, senti de novo o ódįo subir pelas veias do meu corpo como uma cobra venenosa. — Sabe rezar, Jasmin? — me agachei diante dela, segurando seu queixo e forçando seu olhar ao meu. — Melhor começar a rezar. Porque, juro por Deus, se eu não receber uma notícia até o fim do dia de hoje... eu vou queimar esse lugar inteiro. E måtar você. Soltei-a e peguei minhas coisas do chão. Foi quando ouvi o primeiro soluço escapar dos seus lábios. °∆• No instante em que bati na porta do escritório de Alessandro, quis voltar justamente para onde estava. No momento, a gravata me incomodava de modo absurdo, o terno preto parecia apertado demais, e usar um cifrão que não era dos Mancini parecia queimar minha pele. — Entra — ouvi a voz de Rossi, e no momento em que entrei, respirei fundo. — Rubens! Estávamos te esperando para sair. Jasmin estava ao lado dele, sentada sobre a mesa, com uma blusa de gola alta e uma calça de alfaiataria. Ela sorria como se estivesse prestes a começar um jogo novo. — No que eu posso ajudar, exatamente? — perguntei de forma rápida, querendo muito ir embora. — Você vai a um jantar conosco hoje. — Legal virei guarda costas. — Precisa usar esses acessórios, por favor. — Jasmin se levantou, caminhando até mim e parecendo até relutante. Agradeci mentalmente por isso. Em suas mãos havia uma balaclava preta e uma lente de contato preta guardada no potinho higiênico. — Seus olhos e cabelo chamam atenção, Rubi, e não queremos que eles o reconheçam, né? — Já falei para não me chamar assim — peguei logo as coisas de sua mão. — E “eles” quem? — Sua família. Meu coração parou, e meu corpo inteiro pareceu virar pedra. Como assim? Alessandro Rossi percebeu minha expressão, que eu não consegui conter. — Eles ligaram e querem um jantar conosco. E você vai junto. Se se negar, vamos måtar todos logo e acabar com essa palhaçada. Jasmin sorriu no instante em que seu tio terminou a frase. Ouvi seus saltos caminhando até mim, e logo senti sua mão em meu ombro, apoiando-se para sussurrar em meu ouvido: — Queria vê-la, então pode ir. Mas eu tenho cinco homens sob minha ordem posicionados em prédios próximos de onde vamos. Todos eles estão mirando em uma única pessoa.
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