Capítulo 2

3486 Palavras
Voltaram para casa ainda com medo de passarem pela rua por causa do recente movimento negativo, tiveram que pagar um taxe. Não disseram uma palavra sobre o ocorrido. Dentro de casa, Tia Dulce agradeceu a Jesus pelo livramento, por nada de m*l tê-lhes acontecido. Depois fizeram um chá para ela e colocaram-na para repousar tranquila no quarto. Por fim, ela ficou a sós com o Cesar para agradecer por ter estado com ela naquela hora. — Eu tenho certeza, meu querido, de que se você não estivesse lá, com certeza eu estaria morta. — Que isso, tia, não fala assim. — Falo sim. Você é uma pessoa maravilhosa. Tenho você como da minha família e vou ficar bem triste quando você voltar para a Bahia. — Sempre que eu puder, vou estar ligando para saber se está tudo bem por aqui — eles sorriram um para o outro, depois Cesar voltou a falar: — Tia, desculpa está insistindo nesse assunto, mas a senhora lembra de alguma coisa antes de irmos para o hospital? Tia Dulce ficou séria. — Sabe, eu lembro de uma fumaça vermelha, só isso. Depois perdi os sentidos. A polícia deve ter atirado uma daquelas bombas de gás — ela bocejou e aconchegou-se para dormir. — Deus estava conosco naquela hora. Logo após encerrarem o diálogo, desejaram boa noite um para o outro e Cesar foi para o seu quarto dormir com a certeza de que não foi o único que viu aquela fumaça vermelha, que não estava a criar paranoias. Nem ele, nem ninguém, podia explicar aquilo. Será que foi obra de Deus? Não lembrou de nada semelhante com a religião cristã. Ele não descansaria até ter uma resposta que para ele fizesse todo o sentido. *** Na casa da Tia Dulce o único que estava bem arrumado era o Cesar. Ele era bastante vaidoso e gostava de roupas de marcas famosas e caras. Trabalhou muito para tê-las, ninguém se atreveria a julgá-lo. Estavam lá os moradores da casa, alguns amigos e amigas da igreja e outros que não eram evangélicos. Somando tudo, havia vinte e uma pessoas presentes. Alguns vizinhos pensaram que fariam uma festa, mas não era nada disso. No nono dia do mês de Janeiro, às exatas onze horas da manhã, Cesar estava quase pronto para partir, nesse caso, os amigos dele foram o prestigiar na sua despedida com presentes e gestos de carinho e afeto, nem todos puderam aparecer senão não caberiam na casa, pelo menos ligaram ou mandaram mensagens. Enquanto o pessoal conversava na sala, ou na cozinha, ou onde desse para conversar, Cesar estava a sós com Eduarda no quarto — sim, com a porta aberta —, pois, ela terminava de ajeitar as suas enormes sobrancelhas com uma lâmina. Ele estava sentado na cama e ela em pé de frente para dele. Imaginou que ela usou aquele vestido justo com babados e de cor vermelha-escura para provocá-lo. Quem sabe estivesse a perder a oportunidade de ter uma das garotas mais cobiçadas, porém, evangélica, do bairro. Naquela posição qual estavam, Cesar sentiu uma necessidade de abraçá-la de uma maneira afetiva, ou lasciva, mas não o fez, precisava pensar nela como uma amiga, quase irmã. Quando ela terminou, ele pegou um pequeno espelho pra ver o resultado. Ficou ótimo. Ele agradeceu e não resistiu em abraçá-la até levantá-la do chão, depois a beijou no rosto o que a fez ficar constrangida e corada. — Obrigado, Eduarda — agradeceu ao deixá-la livre. — Ficou show de bola — ele admirou-se mais um pouco no espelho. — Por nada — ela foi modesta. — Nem sabia que você podia ficar ainda mais bonito. — Oh! — ele exclamou com ternura e a concedeu outro abraço afável. Ela aproveitou bastante. — Agora que você vai embora, eu preciso te contar uma coisa — começou Eduarda. O coração de Cesar acelerou, sabia sobre o que ela falaria, então a soltou e fitou os seus belos olhos, mas infelizmente alguém interrompeu o momento ao subitamente entrar no quarto. — Cesar, já está na hora — avisou Eliana. Ela não expressou absolutamente nada pelo clima romântico daqueles dois no quarto e Cesar a agradeceu muito por isso, interiormente. — Não dá para esperar? — Nem mais um minuto. Eu sinto muito. O carro já está aí na frente e você ainda vai ter que se despedir dos outros. Cesar e Eduarda expressaram a tristeza por causa da falta de tempo que tiveram para conversarem. Talvez ele nunca ouviria o que ala tinha para dizer, quem sabe fosse melhor assim. Cesar apareceu na sala e houve aplausos. Despediu-se de cada um na mesma maneira calorosa. Pegou os seus pertences, desceu às escadas e antes que entrasse no carro, despediu-se de alguns vizinhos que assistiam ao momento. Era muito querido. Finalmente foi embora a deixar apenas a saudade. Se tivesse que voltar algum dia, seria com o propósito de tirar os seus anfitriões daquele lugar. Por isso queria ser jogador de futebol, queria ser rico e dar uma boa vida para quem sempre quis o seu bem. Agora, voltava para a Bahia, para a terra do acarajé. Cesar entrou no avião, do aeroporto do Rio de Janeiro, diretamente para o aeroporto de Salvador. *** Salvador — 09 / Janeiro / 2006 O avião aterrissou depois de mais de duas horas de viagem. Pelo menos Cesar desembarcou com segurança e tranquilidade. Ninguém estava lá o esperando chegar para lhe fazer companhia, era maior de idade e podia fazer tudo sozinho. Assim fez e pagou um táxi para o levar ao seu destino final. O taxista cobrou uma "fortuna" para levá-lo à Massaranduba, óbvio que Cesar negociou com ele para abaixar o preço e conseguiu chegar a um acordo. Ele trabalhou por muito tempo e juntou muito dinheiro durante o período no Rio, não queria gastar muito tão rápido, não sabia quando iria trabalhar de novo, mas estava confiante de que seria em breve. O carro parou em frente a uma residência, quase no fim da tarde. Cesar saiu do automóvel e pegou tudo o que era seu, pagou o motorista e pediu, por fim, que ele apertasse a buzina para alertar os moradores da casa que ele havia chegado, antes que fosse embora. De repente, uma menina n***a de dezesseis anos e cabelos alisados a ferro apareceu na janela, lançou-lhe um belo sorriso e apressou-se para abrir o portão. A menina gritou e lançou-se nos braços de Cesar. — Adriana, menina f**a. Olha como você cresceu — disse Cesar. — Meu Deus, Cesar — falou Adriana a rir muito depois de soltá-lo. — E você ficou mais f**o ainda. Pensei que ia voltar aqui jogando bola. — Cala-te boca, menina — brincou Cesar. — Não quero nem comentar sobre isso. Logo em seguida, apareceram mais dois rapazes parecidos com ele, eram os seus irmãos. O mais novo que ele, um ano, chamava-se Leandro, e o outro era um ano mais velho que ele e chamava-se Waldir. Ambos abraçaram o irmão. Por último, apareceu o Seu Cosme, o amado pai de todos eles. — Oi, meu filho — Seu Cosmo o abraçou muito forte. — Seja bem-vindo de volta. Sinto muito você não ter conseguido realizar o seu sonho. Quem sabe, em uma outra oportunidade. Cosme Amaral de Araújo Bragança era um homem magro, n***o, usava óculos, possuía barba branca bem feita e bigode preto, cabelo cortado em estilo militar e sempre se vestia com roupas sociais. Era o suplente do pastor da igreja qual era m****o e gostava de parecer um "homem da igreja". A sua antiga esposa e mãe de todos os seus quatro filhos era a Francisca Pires Damasceno, ela retirou o nome de casada quando divorciou-se após uma traição do marido. Na época, Francisca havia descoberto que Cosme engravidou uma vizinha, que a propósito, era a sua inimiga do bairro, e pediu o divórcio. Voltou para a outra cidade onde morava com os parentes e deixou os quatro filhos para ele cuidar, pois, ela passou a enfrentar muitas dificuldades e como ele trabalhava na Petrobrás, tinha condições de sustentá-los sozinho. Depois, tudo foi perdoado, mas o casamento deles deixou de existir quando os papéis foram assinados, nunca mais reatariam. Com o tempo, ela apaixonou-se por um rapaz dono de um bar e casou-se com ele, dessa vez, nada de filhos. Cosme propôs à vizinha qual engravidara a casar-se com ele, no entanto, ela rejeitou e entregou a ele a própria filha assim que desmamou, também foi morar em outro bairro e casou-se também com um dono de um bar. Assim como a outra, optou por não mais ter filhos. Chegaram a dizer que Cosme fora amaldiçoado, mas ele não acreditava em maldição daquela maneira, mas sim em karma, julgou ter sido fruto do pecado e se "converteu" quando viu-se demasiadamente frustrado com as suas circunstâncias. — Obrigado, pai — agradeceu Cesar. — Eu tenho fé que outras oportunidades virão. — Ele olhou intrigado para dentro da casa, procurava por mais alguém. — Cadê o Sócrates? — perguntou pelo irmão primogênito. *** A casa da família Araújo Bragança era bem simplória. No térreo havia duas garagens. Como nenhum deles tinha automóvel, colocaram o espaço a alugar para quem tinha. A parte de cima era onde viviam, havia uma sala, uma cozinha com área de serviço, dois banheiros e quatro quartos, um para os pais, um para o filho mais velho e os outros dois para cada dupla de irmãos. Óbvio que Seu Cosme dormia só. Explicaram para Cesar que Sócrates havia se casado recentemente com a mulher qual havia noivado há poucos anos e foi morar com ela em São Caetano numa casa onde os pais da noiva construíram para dá-la de presente. O quarto ficou vago e Seu Cosme o concederia ao próximo filho mais velho, no entanto, Waldir apegou-se ao quarto onde sempre dormiu e pediu que deixasse para o próximo, nesse caso, o terceiro filho, Cesar Damasceno de Araújo Bragança. Seu Cosme não permitiu que ocupassem o quarto enquanto Cesar não aparecesse. Nitidamente, ele amou a ideia, porém, ainda preferia que o seu irmão Sócrates estivesse por perto. Informaram que Sócrates e a esposa estavam a caminho para vê-lo e voltariam no outro dia, sendo assim, dormiria naquele quarto uma última vez. Cesar estava de volta à casa do pai e nunca sentira-se tão feliz, que ficaria com saudades do pessoal do Rio, pois, foi muito bem tratado, muito bem recebido. Mesmo tendo chegado naquele dia, não deixou de ajudar nos afazeres da casa. Estavam a preparar o jantar antes de Sócrates e a esposa chegarem. A surpresa era para o recém-chegado de viagem, foram quase dois anos de distância, mas como os outros chegariam mais tarde que o planejado, as expectativas mudaram-se de rumo. Receberiam também os recém-casados. Eita, dia feliz. *** Sócrates chegou de táxi e buzinou para anunciar a sua chegada como fizera Cesar, precisavam de uma campainha. Tinha apenas vinte e três anos, mas parecia ser bem mais velho, era alto e musculoso, sempre fora bastante desenvolvido para a idade. O jantar estava à mesa. Hora de botarem os papos em dia. Foi um momento muito gratificante em família. Como não eram tão educados assim, eles riram e conversaram muito alto. Nem se preocuparam se incomodariam as vizinhas, apesar de terem se mudado para ali há pouco tempo, nunca se queixaram de nada. Adriana agradeceu pela presença feminina da esposa de Sócrates por não se sentir a única mulher da casa como sempre se sentiu. O nome dela era Dalila e ela era uma mulher de vinte e quatro anos, amarela e tinha cabelos castanhos bem cacheados como molas de colchão, sempre os deixava amarrados porque pensava que soltos a deixava f**a, contudo, parecia-se mais jovem cinco anos que o marido. Por esse motivo, levaram a conversação para assuntos como: mulheres, casamento, relacionamento e futuro. Esse último assunto levou a perguntarem sobre Cesar no Rio de Janeiro e sobre os seus projetos de vida. — Mas, Cesar — falou Sócrates —, por que você não conseguiu mesmo ser jogador de futebol? O que aconteceu, de fato? — Ui! — exclamou Adriana de maneira debochada —, "de fato". — Ela riu por remedar a maneira pomposa como o irmão perguntou. — Rapaz, é o seguinte, eu não contei nada para ninguém no momento por medo da reação, mas até hoje, só contei para Gustavo, e também porque não estava me sentindo seguro longe da minha família. Simplesmente disse que não tinham vaga para mim. Mas, o que aconteceu de verdade era que o treinador era um pedófilo s****o. O pessoal, principalmente o patriarca, ficou abalado com o que o Cesar acabou de afirmar. — Como assim, menino? — perguntou Dalila a deixar o clima mais tenso, ela tinha um sotaque pernambucano. — Explique esse negócio direito. Isso é crime e dá cadeia. — Sim, ele era pedófilo. Assim que cheguei no treino, me apresentei, falei que fui convocado para fazer parte do time, mostrei que era bom de bola e no final ele disse que precisava que eu voltasse no dia seguinte em um determinado horário para me explicar como funcionava as coisas por lá. Eu estava confiante de que tudo daria certo, mas quando fui lá no dia seguinte, o treinador estava sozinho, passou a mão na minha coxa e disse que eu teria que "comer" ele para entrar no time. Aquele gesto de i********e me fez sentir muita raiva dele que larguei um soco bem na cara. — Cesar simulou o gesto com as mãos e os outro comemoraram, exceto Seu Cosme que estava bastante atento ao que o filho relatava. — E depois? — perguntou Adriana — Ele caiu com a boca sangrando e eu saí dali, voltei para a casa da Tia Dulce. Quando cheguei em casa, contei tudo para o meu amigo. — Você tinha que denunciar, meu filho — explicou Seu Cosme bastante revoltado, contudo, era calmo e sabia controlar as suas emoções. — Eu quis, pai, por muitas vezes, mas Gustavo me falou que a pior parte era que aquilo tudo era normal e que todos os meninos que estavam naquele time sabiam o que estava acontecendo e queriam participar assim mesmo. Todos eles ainda mantinham relações sexuais com aquele nojento. Gustavo me explicou que se eu entrasse nessa onda, hoje poderia estar crescendo como jogador de futebol e é raro chegarem a algum lugar se não enfrentarem corrupções com alguma coisa. — Mas o seu pai tem razão, Cesar — insistia Dalila. — Mesmo assim, cunhada, não ia adiantar nada. Os meninos do time jamais confessariam. Estavam jogando bola, sendo patrocinados e faziam s**o. Por que iriam querer perder isso? — Que absurdo! — comentou Adriana com deboche. — E agora, vamos falar sobre coisas boas? Mudaram de assunto para falarem sobre emprego, Sócrates era o único dos filhos que trabalhava e queria juntar dinheiro para comprar um carro para o pai. O pessoal tinha um sonho de reformar a casa, mas poderia se preocupar com isso depois do automóvel. Agradeceram muito a Deus pelo atual Presidente Lula e a sua ótima regência no governo, era um presidente admirado pela família. *** Cesar estava com saudades do seu antigo quarto, mas por ter passado um bom tempo no seu próprio, no Rio, não via a hora de se mudar para o outro no dia seguinte. Eram dois quartos no lado direito da casa e dois no lado esquerdo. Finamente saberia como era dormir sozinho naquela casa e bem perto do seu pai. A vista pela janela não era muito interessante, dava somente para ver a parede da casa ao lado, que mesmo com moradores, parecia desabitada. Enfim, Cesar precisava de um novo projeto para a sua vida, mas ainda tinha d****o de ser jogador de futebol. Mais tarde faria um belo planejamento. Bem cedo, pela manhã, no décimo dia do mês de Janeiro, Cesar pulou da cama com as suas energias renovadas e foi para um dos banheiros da casa para escovar os dentes, depois foi diretamente para a cozinha. Lá encontrou o seu pai, pensativo, com uma xícara de café parado diante da boca fechada, o vapor abria-lhe os poros. Seu Cosme nem percebeu que a lente dos seus óculos ficou embaçada. — Bom dia, pai — saudou Cesar a sentar-se à mesa. Ele pegou a garrafa térmica para pôr café numa das xícaras e o tomou. — Bom dia, meu filho — respondeu Seu Cosme ao despertar dos seus pensamentos que o levou a lugares distantes. Ele retirou os óculos para limpar as partículas de água vaporizada na lente. — Acordou cedo. Pelo menos, mais cedo que os demais. — Sim, é o costume de ir trabalhar. Não vejo a hora de arrumar um emprego aqui. — Tudo bem, meu filho, mas não precisa ir com muita pressa, você acabou de chegar. Seu Cosme era um homem provedor. Estava aposentado e não importava-se em dar dinheiro para os filhos, os amava e fazia de tudo para mantê-los por perto. Sofreu muito quando Cesar foi para o Rio decidido que queria ser jogador de futebol, quando anunciou que voltaria para casa, Seu Cosme pôde alegrar-se novamente, entretanto, o filho mais velho acabou partindo para morar em outro lugar. É certo que ele não tinha um filho preferido, não era favoritista, a questão era que Cesar era o que mais destacava-se aonde quer que fossem, pois, gostava de ajudar os outros, uma característica que nenhum outro irmão dele tinha. — Oh, pai! Eu sei que o senhor gosta de dar as coisa para a gente, mas Waldir e Leandro são muito encostados. Pelo menos Leandro ainda está estudando, mas Waldir só quer saber de video game, não quer lavar um prato. Seu Cosme sorriu pelos comentários de Cesar. — Sim, é verdade, mas o que quer que eu faça? Cesar abriu a boca e respirou antes de responder, mas conhecendo o seu pai como ninguém, sabia que aquela discussão não chegaria a lugar algum. Ele desistiu. — Deixa para lá — Cesar revirou os olhos e voltou a tomar o seu café antes de iniciar outra conversa. — Cadê o Sócrates e a esposa dele? — Foram embora minutos antes de você acordar. Ah! Eu tomei a liberdade de arrumar o quarto para você e levei as suas coisas para lá. Cesar ficou surpreso, queria ter feito ele próprio. — Não precisava, meu pai, mas muito obrigado. Que fique claro que acabei de chegar, mas não significa que precisam me tratar como hóspede. Deixa eu fazer as coisas aqui. — Seu Cosme sorriu novamente. Era um homem sério e de opiniões formadas, mas sempre gostou das opiniões do filho, o considerava bastante humilde e inteligente. A primeira característica era dele e a segunda era da mãe. — Pai, passo te fazer uma pergunta sobre Deus? — Opa! — Seu Cosme ficou impressionado, sempre fez de tudo para que os seus filhos se interessassem sobre assuntos que tivessem a ver com a sua religião. — Claro que pode, meu filho, diz aí. — Deus dá poderes a uma pessoa por uma boa causa? — Olha, eu sei que Deus dá poder a quem O buscar... — Não... Não é isso. Eu digo, poder mesmo. Superpoderes como os super-heróis. Seu Cosme ficou intrigado. — Acho que você está lendo muitas revistas em quadrinhos, meu filho, mas existem relatos na bíblia que podem se assemelhar com o que você está falando. Por exemplo: Sansão tinha super-força; Salomão tinha super-inteligêcia; Davi tinha tantos podres, um deles era ao tocar a sua harpa, expulsava espíritos malignos; outro era Moisés, abriu um mar inteiro com o seu cajado; Elizeu fez um martelo de metal flutuar sobre as águas; Sadraque, Mesaque e Abede-n**o foram lançados em um fornalha acesa e não se queimaram. O próprio Jesus tinha tantos poderes, mas ele era filho de Deus — Seu Cosme olhou para o filho com curiosidade. — Aonde você quer chegar com isso? Cesar não quis contar o verdadeiro motivo, seu pai era religioso demais. Bem provável que não fosse ajudar muito na resposta. — Era só uma curiosidade, pai. Vai para a igreja hoje? — Vou sim, quer ir mais eu? — Eu vou, pai. — Quer ir ver a Tainara, não é!? — Seu Cosme sabia que o seu filho sempre quis ir para a igreja por causa de uma garota, depois que passou a namorá-la, frequentava o lugar mais vezes e ele gostava muito. — Quero sim, pai, ela ainda não sabe que eu cheguei, quero fazer uma surpresa. — Tudo bem — Seu Cosme sorriu. Enquanto o seu filho estivesse onde ele tanto queria, não se aborreceria se fosse por causa de uma garota. *** Abuso de menor de idade é crime: Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8.069/1990 Denuncie: 190
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR