Chego em casa, com as lágrimas escorrendo pela minha bochecha por ser estúp*ida. O pior é que hoje não me sinto usada, sinto-me suja. Entro pela porta da cozinha para não fazer barulho, mas quando estou subindo as escadas, a porta do quarto do meu pai se abre e ele aparece no limiar. Enruga o rosto ao notar as minhas lágrimas, o que me faz chorar mais.
— O que aconteceu? Ele pergunta realmente confuso. Choro mais, chegando ao final da escada para aceitar o seu abraço.
— Sou uma estúp*ida. Sussurro contra o peito dele e ele me aperta mais, guiando-nos para o meu quarto. Abre a porta e acenda a luz, deixando a porta aberta para caminhar comigo até a cama até que eu me sente nas suas pernas. Eu continuo com a cabeça escondida, agora no pescoço dele.
— Fale comigo, meu amor, o que aconteceu? Insiste, acariciando o meu cabelo.
— Fiz o que você disse e não funcionou. Confesso entre soluços, contorcendo-me como um idio*ta pelo meu próprio choro.
— O que eu te disse? Ele replica. Bufo e levanto o rosto para olhá-lo nos olhos.
Esses são os olhos azuis que eu gosto.
— Que eu o fo*de-se. Fiz isso e não funcionou, sou uma p*uta. Admito, omitindo que sou uma pu*ta porque fiquei o tempo todo desejando que fossem os olhos dele que me olhassem e as mãos dele que me tocassem enquanto ele me fo*dia. E ele não tinha olhos azuis. Admito.
— Quantos anos tem esse homem? Solta de repente. Enrugo o rosto.
— O que isso tem a ver? Te garanto que era um garoto que estudou comigo, ok? Nunca fiquei com ninguém mais velho do que eu. Eu afirmo. — Por isso deve ser que nenhum consegue me dar um pu*to orga*smo. Reclamo e me levanto das suas pernas de má vontade, tirando os saltos.
— Não duvidei que fosse, mas quero saber em quem você estava pensando. Quem é o homem que você deseja, Babi? Ele pergunta, prendendo a respiração no meu peito. Pego ar e tiro um roupão de pijama do meu armário, virando-me para vê-lo.
— Não posso dizer. Admito, passando o roupão de pijama pela cabeça para depois puxar o vestido por baixo, aproveitando que é sem mangas.
— Por quê? Ele insiste. N*ego com a cabeça, tirando o vestido dos meus pés e ajeitando bem o roupão para caminhar agora até a penteadeira e pegar uma toalha demaquilante. Ao me ver no espelho, assusto-me.
Estou com toda a máscara de cílios borrada e os olhos vermelhos de tanto chorar.
Vejo-me como me sinto: uma pros*tituta barata.
— Querida. Ele insiste.
— Matheus. Murmuro baixinho, quase como uma súplica. Ele se levanta da cama e se posiciona atrás de mim, colocando as mãos nos meus ombros e conectando os nossos olhares no espelho.
— Eu sou seu pai. Ele me lembra.
— Padrasto. Reforço e respiro fundo.
— Tanto faz. Você é minha filha e não pode ter esses desejos por mim. Ele solta, revelando tudo. Eu esperava a rejeição, embora nem mesmo acreditasse que ele a descobriria. Suponho que me conhece o suficiente para saber que eu o desejo.
Fecho os olhos, não suportando o seu olhar no espelho.
— Querida. Ele murmura e sinto quando ele se abaixa ao meu lado e coloca as mãos nas minhas pernas. — Sou mesmo eu? Ele pergunta. Abro os olhos novamente, vendo os seus olhos azuis. Amo olhos azuis.
Amo os seus olhos azuis, ou melhor, os meus tanto faz, e olha que são do mesmo tom.
— Não precisa continuar, Matheus. Já entendi de primeira. Você poderia me deixar sozinha, por favor? Peço gentilmente, controlando as lágrimas que tenho vontade de chorar. Puxe o ar com força e assinta, levantando-se e caminhando até a porta. Já está aberta, mas se apoia na moldura e me olha.
— Boa noite, meu amor. Ele diz e fecha a porta, deixando-me sozinha agora sim. Imediatamente derramei algumas lágrimas, enquanto removia a maquiagem, sentindo-me estúp*ida.
Como ele percebeu?
Não suporto que o nosso relacionamento se fragmente por minha culpa. Não ia dizer nada, na minha mente, achei que o desejo desapareceria quando as meninas se resignassem e parassem de babar por ele cada vez que ele aparecesse, não achei que ele notaria. Embora eu imagine que sou muito óbvia, antes eu olhava nos olhos dele e agora só consigo me concentrar nos lábios dele. Antes eu não tremia quando me tocava, agora só sinto falta do seu toque.
Estou doente.
Ele disse, que é o meu pai e eu sou filha dele, não posso desejar o meu pai.
Independentemente do título, foi o homem que me criou, não posso ser uma vad*ia com ele.