capítulo 05 - Doni

1070 Palavras
Doni narrando capítulo 05 Acordei com um peso em cima de mim. Uma perna jogada por cima, perfume doce grudado no travesseiro e o calor de dois corpo misturado no meu lençol. A loira tava largada, cabelo todo bagunçado, respiração pesada. A morena, ainda grudada em mim, dormia com a mão parada no meu peito, como se tivesse medo de eu sumir. Olhei pras duas e dei um riso de canto. Ontem foi noite de guerra não de tiro, mas de cama. Elas tentaram me cansar, mas quem dita o ritmo aqui sou eu. E eu nunca deixo ninguém sair vencendo. Levantei devagar pra não acordar nenhuma . Fui até a janela, puxei a cortina e a luz bateu no quarto, revelando o caos garrafas no chão, roupa jogada pela casa, salto pendurado no sofá. Cena comum na minha vida. Cena que eu já nem reparo mais. Peguei o cigarro no criado-mudo, acendi e fiquei só observando a quebrada da vista linda de um dos meus barraco . Ouvindo o barulho das motos, criança correndo na laje… tudo normal. Mas no meio dessa rotina, a imagem dela veio de novo. Lorena a tal da assistente social . A calça justa, a postura de mulher que acha que pode passar ilesa no meu território , no fundo tenho a certeza que ela e so mais uma das muitas que ja passaram por aqui e não duraram nada porque na verdade a intenção não era ajudar a comunidade e sim senta pro chefe . Dei uma tragada funda e ri sozinho. Tinha algo nela que me tirou do automático. E eu odeio quando isso acontece, porque sei que vou ter que resolver.Atrás de mim, ouvi a loira se mexendo. - Bom dia, meu rei… ela falou com aquela voz rouca de sono - Bom dia nada… respondi sem virar, soltando a fumaça. -Tão viva ainda? Pensei que eu tinha matado as duas ontem de tanta surra de p*u que eu dei .Ela riu, puxou o lençol pro corpo e a morena acordou também, me olhando com um sorriso preguiçoso. - Se quiser, a gente repete agora… a morena disse, mordendo o lábio.Olhei pras duas, caminhei de volta e fiquei entre elas, mas não encostei. - Hoje não suas vadias… o pai tem outro cardápio em mente.As duas se olharam, curiosas. Não expliquei nada. Elas não precisa saber que a carne que eu quero hoje nem e da comunidade e tava tentando se manter fora do meu alcance.E é justamente por isso que eu vou buscar. E sei exatamente com quem conseguir o contato dela . Dona cida a minha onça. Sai do barraco deixando as duas no banho depois de ter recebido uma mamada de responsa, mais tava sem tempo pra s*******m agora . Peguei a Hornet e segui direto pra casa da minha mãe. No caminho, já fiquei imaginando a cara dela quando me visse desse jeito… pescoço todo chupado, arranhão no braço, olho meio vermelho. Dona Cida não deixa nada passar, e quando é pra esculachar, não tem quem segure. Cheguei, já entrando sentindo o cheiro de café fresco e ouvindo ela cantando as musica do padre marcelo dela . - Bom dia dona onça . - Que p***a e essa Donizete? tu não tem vergonha nessa cara não ? só anda assim menino .Ela já meteu o esculacho.- Olha já passou da hora de tu me arrumar uma nora . Toma jeito na vida . Se cuida cara , seu p*u cair daqui uns dias , só comendo p**a rodada e isso que tu quer pra tua vida ? nem deu tempo de respirar direito. Ela continuou com a mão na cintura, me olhando de cima a baixo.-Misericórdia, menino… cê saiu pra guerra ou pra zona? falou, apontando pro meu pescoço. - Iiiii Tá exagerando, mãe… tentei passar reto, mas ela já veio com o dedo na minha cara. - Exagerando? Olha esse estado! Parece que te jogaram num galinheiro e as galinhas te depenaram. E ce ta cheirando a perfume barato… Tu acha que eu criei filho pra ficar se largando com essas… ela fez um gesto com a mão, como se não quisesse nem terminar a frase. - Com essas o quê, mãe? falei rindo, me jogando na cadeira.- Eu sou de todas, o pai gosta de xereca ué e pecado agora ? isso é um vício gostoso que eu tenho , vou fazer oque? -Com essas mulher que não vale o sal do arroz! ela bufou, voltando pra cozinha. - Vai lavar essa cara, tomar um banho e vestir uma roupa decente pra falar comigo. Levantei , peguei uma xícara e sentei de novo . - Tá nervosa por quê? Eu vim aqui na paz.Bota café aqui pro teu filhinho vai . -Paz? Cê só vem aqui com dois motivos ou fez merda, ou tá precisando de alguma coisa. ela me olhou por cima dos óculos. -Qual que é dessa vez? Dei um gole no café e sorri de canto . Ela me olhou com deboche . - Quero saber da tal assistente social , a novata que andou passando aqui na Grota… Lorena, né? falei como quem não quer nada. Ela parou, me encarou e cruzou os braços. - E desde quando tu tá interessado em gente de bem, Donizete? Essa moça é trabalhadora, não tem nada a ver com teu mundo. Ela nem imagina que já comi todas que passaram por aqui . -Justamente por isso, mãe… falei, largando a xícara na mesa. - Ué dona onça num era tu agora que tava falando pra eu arrumar uma mulher de bem , essa eu até casava . Ela respirou fundo, já sentindo onde eu queria chegar. - Ahhh tá tu quer fazer isso uma c*****o seu safado . Eu te conheço. Essa vida que ce gosta e de tá com uma diferente todo dia .Eu não vou ser cúmplice das tuas safadezas, Donizete… Eu odeio que ela me chama pelo nome . Mais só ela tem esse direito. -Não é safadeza, mãe… é interesse. E quando o pai tem interesse, cê sabe… dei um sorriso, inclinei a cabeça. - Ninguém escapa. Ela revirou os olhos, mas eu vi no jeito que ficou em silêncio que, mais cedo ou mais tarde, ela ia me dar o que eu queria. Sempre dá. Comentem meus amores add na biblioteca pra ajudar a autora aqui .... escrevendo mais
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