CAPÍTULO 190 MATTEO CONTI NARRANDO: O silêncio do escritório era confortável, como sempre foi. Ali era meu refúgio um cômodo amplo, elegante, revestido com madeira escura, cheiro de couro e poder impregnado nas paredes. Mas naquele dia, nem mesmo o silêncio conseguia acalmar o turbilhão na minha cabeça. Estava sentado na minha cadeira de couro, os cotovelos apoiados na mesa e os olhos fixos no decanter de cristal à minha frente. O whisky escocês refletia a luz difusa da luminária, convidativo, como se soubesse que em poucos segundos seria o responsável por silenciar o que me consumia. Pietro estava de pé à minha frente, tenso. Ele nunca foi de rodeios, mas também nunca me contrariava com facilidade. Hoje, no entanto, ele parecia carregado de um peso que precisava dividir comigo, mesmo

