ISAAK
— É a sua vez. Digo suavemente.
— Hein? Diz ela, vincando o nariz, confusa. É uma expressão adorável, e tão pouco familiar para mim que quase me rio muito.
As mulheres com as que costumo sair não enrugam o nariz. Ronronam, sorriem, acariciam o próprio braço sedutoramente. Conhecem o seu poder e como usá-lo.
Será que essa menina? Ela não tem nem pu*ta idéia de nada disso.
Mas talvez por isso eu estou aqui com ela, em vez de estar na cama com qualquer uma das outras dezenas que servem como brinquedos à minha disposição.
— A sua vez, de me dizer o seu nome. Eu explico. — Eu Ouvi 'Cami'. Quero saber completo.
— Oh! Ela fica envergonhada. De novo, por*r ela é adorável. — Claro. Cami, é diminutivo de Camila. Eu Sou Camila Ferrara.
— Você prefere que eu te chame de Camila?
O vestido que ela está usando é simples, mas abraça carinhosamente a sua figura. O seu decote é sutil, quase provocativo. Já tinha imaginado rasga-lo várias vezes enquanto durou a minha reunião de negócios. Que abandonei para vir aqui e resgatar ela daquele idi*ota.
— A minha família e os meus amigos me chamam de Cami. Ela murmura.
— Então, eu vou te chamar de Cami. Afinal, crescemos um ao lado do outro. Eu digo para ela.
Ela sorri. É então quando noto o covinha na sua bochecha direita.
Uma menina tão inocente! Penso para mim.
Uma Kiska! É gatinho em russo. Uma pequena e indefesa criatura que pede para ser devorada. O nome lhe cai bem.
Me remexo no meu lugar e ajusto as minhas calças, principalmente porque a minha ereção latejante começa a aparecer.
— Eu realmente estou agradecida, pelo que você fez por mim. Ela diz. — Eu fiquei com um pouco de medo.
— Como eu disse, foi um prazer.
Ela colocou a sua cabeça de lado. Uma mecha de brilhante cabelo loiro cai sobre o seu ombro. — Você tem o costume de salvar todas as estranhas que parecem estar passando um mau momento?
— Só as bonitas.
Ela se envergonha e olha nervosamente para baixo no seu colo.
— Você devia saber melhor, sobre quem re convida para sair. Eu digo sorrindo. — Pela forma que ele agiu, não parece que ele respeitaria você em coisa alguma. Ele convidou você para sair, ou trouxe você a força?
— Ele não me pediu. Ela diz. — Não exatamente.
Arqueio a minha sobrancelha. — Não entendi.
— Bem, é que ele está interessado em mim a algum tempo e não deixava de perguntar ao meu cunhado se sairia com ele...
— Ele enviou uma pessoa, para marcar um encontro, e você aceitou? Eu interrumpo.
Não posso esconder a minha decepção.
— Não queria que as coisas fossem desconfortáveis se eu dissesse não.
— Essa é uma saída de um covarde.
— Eu pensei que era tímido.
— Então você tem que elevar o seu nível de exigência.
Ela tosse. — Você se dá conta de que nós só nos conhecemos por cinco minutos, né?
Eu dou de ombros — Um bom conselho é um bom conselho.
— Que bom que você é. Ela brinca
Eu rio e tomo um gole do vinho que o tal idio*ta pediu. A final de contas, não é a pior escolha do mundo. — Me acusaram de muitas coisas, kiska. Mas nunca disso.
O seu riso agora é nervoso. — Tenho a sensação de que não está brincando.
— Você merece um homem. Não um m*aldito idio*ta que não pode nem pagar a conta.
Ela se indigna por isso. — Posso perfeitamente pagar a minha própria conta. Nem todas as mulheres estão em apuros, sabe?
— Não. Murmuro com um sorriso. — Algumas negam, até que precisa de um cavalheiro para socorrer.
Os seus lábios se movem em silêncio por um momento, como se não pudesse pensar numa réplica. Mas o rubor na suas bochechas é persistente.
Isso deixa o meu pa*u latejante.
— Se você quiser, eu sempre posso fazer que tragam Greg de volta. Eu digo depois de um momento. — Você pode terminar a sua bebida com ele. Talvez até mesmo pedir sobremesa. Ouvi dizer que a crème brûlée daqui é ótimo.
— Não se atreveria. Ela responde assustada.
— Você está errada sobre isso, kiska. Eu digo rindo. — Atrevo-me a fazer coisas que nem sequer sonhou.
— Não está brincando sobre isso, né?
— Não. Eu me inclino para a frente, instintivamente. Os seus lábios estão franzidos e carnudos. Eu gostaria deles em volta do meu pa*u. — Será que isso te assusta, Cami? Eu pergunto num sussurro.
— Oh, caramba, será que eu sou tão fácil de ler? Replica ela sarcasticamente.
— Eu vou te dizer ao final da noite.
— Você sempre fala com enigmas? Ou será que só te estás inclinando para o papel do 'belo e misterioso estranho'?
Eu rio e agito o vinho na taça. — Você acabou de dizer que eu sou bonito? Eu rebato.
Ela revira os olhos. — Não faça isso. Não finge que não sabe que você é.
— Me parece justo. Nenhuma mulher disse isso antes.
— Então elas eram cega. Ela diz
A energia entre nós tornou-se picante e perigosa. Eu me pergunto se ela pode sentir o mesmo que eu. Pela forma em que a saliva desce por sua garganta e endireita a postura, eu acho que sim.
Me encosto novamente no meu assento e estudo. — O que você gosta de fazer, Cami?
— Você quer dizer além de discutir com homens arrogantes, nos seus caros ternos?
Dou de ombro. — Todo mundo tem um passatempo.
— Deixe-me assegurar-lhe que esse não é o meu. Ela diz solenemente. — É a primeira vez, que estou numa situação como essa.
— Você Nunca teve um encontro antes? Eu perguntei curioso.
— Um encontro sim. Mas, nunca deixei um encontro para estar com outro homem, que não me parece muito diferente do primeiro. Com certeza é a minha primeira vez. Ela começa a rir. O som é suficiente para me deixar louco de luxúria. Tenho que ajustar de novo o meu pa*u, que está tenso contra a zíper da minha calça.
— E eu pensando que estavam nos dando bem. Eu digo, arrastando as palavras.
— Perdão por estourar a sua bolha. Ela diz
— Você pode me recompensar. Digo com frieza.
Ela enrugar o nariz. É estranho o quanto isso me afeta, esse pequeno movimento. É como ligar a eletricidade direto nas minhas bolas. Eu gostaria de ver que outras faces ela tem.
— Como você sugere que faça isso? Não, melhor pergunto: por que deveria fazer?
— Você pode fazer... Eu digo, e passo uma mão no ombro, o garçon cujos olhos me seguiram durante toda a noite vem correndo imediatamente, com outro par de bebidas.
Os olhos de Cami se abrem, quando vê que o garçon deixa as bebidas na nossa mesa. — Oh, não, não, não. Ela balança a cabeça. — Eu disse um gole.
— Você estava me contando sobre os seus hobbies. Eu digo ignorando os seus protestos. — Continue. Eu fico olhando para ela.
Ela olha a bebida e depois para mim, uma e outra vez. Finalmente, suspira e deixa cair os seus ombros. — Apenas mais um. Ela diz. — Mas isso é tudo. Falo muito em sério.
Levanto o meu copo, brindando a sua decisão. — O último gole que tomamos, então.
O garçon meu trouxe whiskey, puro dessa vez.
Glenlivet 12 anos, uma das melhores garrafas que têm em estoque. Tomo um gole e desfruto do crocante frescor e um leve ardor deslizando por minha garganta.
Cami toma um pequeno gole do seu vinho branco e deixa a taça sobre a mesa com dedos trêmulos. — Eu leio. Ela solta de repente. — Livros? Eu questiono
— Não, postais. Ela diz de forma áspera. — Claro, que são livros.
— Que tipo de livros? Volto a perguntar.
— Bons livros. Dos clássicos. Shakespeare...
— Shakespeare, né? Acaricio o meu queixo recém-barbeado. — Para mim você parece uma menina que lê Romeu e Julieta. Eu sempre preferi Hamlet.
Ela arregala os olhos. — Você já leu Hamlet?
— Eu deveria estar ofendido por sua surpresa? Perguntei com a voz calma
Ela se envergonha com culpa. — Sinto muito. É que... não parece ser o tipo de homem que gosta de ler.
— Então, sim, deveria estar ofendido. Ele declarou com tom sério.
O riso borbulha através dos seus lábios. Não posso tirar os meus olhos do seu m*aldito sorriso. Tão completamente inocente.
Eu olho sem moderar o meu olhar. O rubor se espalhou para além das suas bochechas e baixa até o seu peito. A parte superior dos sei*os está corada agora. Implorando por atenção.
Os seus olhos verdes brilham, de emoção, adrenalina saindo das linhas arrumadas da sua vida. É quieta, silenciosa, gosta de livros, de um jardim, um tipo de garota que não devemos nos envolver. Meu m*aldito pólo oposto.
Eu noto que ela se inclina para mim. Como eu não posso evitar me inclino para ela.
Os nossos corpos olhando um para o outro.
O fato de que ainda não a tenha tocado, além dessa breve carícia na bochecha, me parece ridículo. Quase ofensivo. Desejo arrancar o seu vestido e lamber todo o caminho até as suas coxas.
— O que mais leu? Ela insistiu. — Ou será que só disse sobre Hamlet para impressionar?
— Por que tenho a sensação de que você está me pondo à prova?
Ela pega a sua taça de vinho e encolhe os ombros num gesto, que me deixa louco. Eu gosto do seu fogo, sua vitalidade.
— Você esta ficando nervoso? Ela diz com um sorriso malicioso.
Ninguém na face da terra tem o poder me deixar assim. — Nunca nervoso. Apenas intrigado.
— Por que a pergunta?
— Porque eu estou. Ela diz e murcha sob a intensidade do meu olhar. Talvez eu seja demais para ela. Não está acostumada a um homem como eu. Um homem que não tem medo de tomar o que quer.
Mas então, no último momento, ela inala profundamente e endireita os ombros e coloco o corpo ereto, olhando para a frente, olhando nos meus olhos, e fogo com fogo se encontram.
Nunca estive mais duro do que agora.
— Para responder à sua pergunta, eu tenho lido bastante. Dostoiévski, Tolstoi, Bulgakov, Pushkin, Gogol. Estou citando apenas alguns. Eu expliquei calmamente.
— Todos os autores russos. Ela diz. — Eu tenho razão ao supor que você também é Russo?
Assento com a cabeça.
— Vorobev. Diz ela, juntando as sobrancelhas, pensando. — Como creio ter ouvido esse nome antes?
Não digo nada. A Bratva não é exatamente um tema de conversa nesta cidade. Sobre tudo porque a polícia não gosta de admitir que não têm controle sobre mim ou os meus homens.
Mas também não somos um segredo.
— Não poderia dizer. Eu digo.
Ela sorri. — O ser misterioso outra vez?
— Talvez você deve fazer outra pergunta. Eu sigo.
Ela franze os lábios. — Bem, o que você está faz? Ela suspira e diz.
— Muitas coisas. Respondo vagamente. — Sou proprietário de vários negócios diferentes.
— Por favor, não diga que você é um 'homem independente'. Ela diz. — Greg disse umas trinta vezes esta noite, e a única frase que me dá náuseas.
Eu sorrio — Em alguns aspectos, sim; em outros, não. Eu digo. — Mas eu trabalhei duro para construir e expandir. Assim, não deve pensar que eu sou um...
— É um cara com fundo fiduciário? Ela interrompe.
Ela sorriu novamente e digo: — Faz muito tempo que eu não sou um menino.
O seu sorriso vai sumindo lentamente. — Eu acredito em você.
À medida que vamos ficando em silêncio, o contato visual entre nós adquire um ritmo diferente. A estática no ar está mais carregada que nunca.
Eu já tinha visto olhos verdes antes. Mas não como os dela. A cor é suave, tênua. O tipo de verde que você vê nas águas do oceano, misturado entre os azuis profundos e os cinzentos turvos.
Ela desvia o seu olhar do meu, quebrando o contato visual. — O restaurante está vazio. Ela diz.
Olho à minha volta e me dou conta de que ela tem razão. Nós Somos os únicos que ainda estamos sentados numa mesa, enquanto os funcionários estão limpando.
A rua também parece vazia. Apenas o meu carro blindado, que está estacionado do outro lado da rua, em frente ao SUV, o que está os meus seguranças, pessoal.
Ao olhar pela janela, algo chama a minha atenção. Um homem de pé, quase fora da vista. Tem estatura média, quase calvo na parte
superior da cabeça e usa uma roupa que parece ter roubado de um albergue para desabrigados.
Mas a direção do seu olhar é o que chama a minha atenção.
Porque não é para mim que ele está olhando.
É para Cami.