Fazia tempo que eu não ficava assim. Quieto. Sem saber o que fazer, nem o que falar. O mundo ao redor seguia girando, com pagode tocando, gente sorrindo, a roda de samba animando o bar. Mas dentro de mim parecia tudo travado. Era como se o chão tivesse dado uma leve inclinada. Nada demais. Só o suficiente pra me tirar do eixo. Vi a Lorena sair pela porta do banheiro, andando rápido. Nem olhou pra trás. E não tinha como cobrar. Porque a gente merecia aquilo. Ela tava certa. Desde o começo, desde a primeira vez que o olhar dela cruzou com o meu depois daquela noite, eu sabia que a gente tinha passado do ponto. A gente quebrou um pacto invisível. De amizade. De cuidado. De respeito. E o pior de tudo? Nem foi maldade. Foi vontade. Foi desejo preso, acumulado, escondido sob piada, provocaçã

