CAPITULO 37

1292 Palavras

CATARINA PIROMALLI Minhas mãos estavam dormentes. Os pulsos queimavam sob as correias de couro apertadas com mais força do que o necessário. Meus tornozelos também estavam presos, mas já não lutava — não mais. A fivela que eu havia usado para atingir a enfermeira ainda latejava na minha memória como uma vitória efêmera. Porque ela voltou. Porque ainda estou aqui. E porque, apesar de tudo, o bebê se mexeu esta manhã. Ainda está vivo. Ainda é meu. Ouvi o rangido da maçaneta antes de vê-la. O som de um destino inevitável. A enfermeira entrou. A mesma mulher que eu atingi com a fivela de metal dois dias atrás — ou talvez tenha sido ontem, quem sabe? Seu rosto carregava uma expressão rígida, profissional. Uma faixa branca cobria a lateral esquerda da cabeça. Ali, sob o curativo, estava a le

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