BRASA NARRANDO Acordei com o peso bom dela grudado em mim. Braço dela atravessado na minha barriga, perna por cima da minha, cara enfiada no meu peito como se eu fosse travesseiro. A respiração dela vinha quente, curtinha, dando um intervalo maior a cada segundo, aquele sono pesado de quem apagou depois da guerra. Fiquei quieto, olhando. Não sou de contemplar nada, não. Mas ali eu contemplei. As tranças jogadas no travesseiro, o brilho da pele dela na luz feia que entrava pela fresta da janela, o jeito que a boca relaxa quando o corpo desarma. Meti a mão devagar no cabelo, afastei umas tranças do rosto dela. Não sei por que, mas dei um sorrisinho de canto. Rápido. Pequeno. Quase ninguém veria. Ela não viu. Melhor assim. Saí por baixo do braço dela com cuidado. Levantei devagar, peguei a

