SOFIA NARRANDO
Eu conheço a Sol de trás pra frente. Anos na planilha, no extrato, no boleto. Comecei com ela quando o salão ainda era meia dúzia de cadeira e um lavatório que vivia pifando. Eu que ajeitei caixa, cadastrei fornecedor, negociei prazo, virei noite em fechamento. Ela confiou tanto que a senha dela eu sabia de cabeça; e não era por m*l, era rotina. A gente virou amiga no corre: aniversário que eu organizei, surto de cliente que eu abafei, fiscal na porta que eu resolvi com papel e calma. E a Sol sempre foi mão aberta comigo. Sempre.
Silicone? Foi ela que adiantou e parcelou “no contrato” pra não ficar feio pra mim. Mega hair caro? “Vai, mulher, se sente linda.” Curso fora? “Compre a passagem, depois me manda a nota.” Teve carro importado seminovo no meu nome com sinal pago
