157

1237 Palavras

SOL NARRANDO Tava eu e Ingrid sentadas no balcão do “Quintal da Beleza”, papelada da inauguração aberta, mas minha cabeça longe. Fiquei mexendo no chaveiro, batendo a pontinha da caneta no caderno. — Que foi, doida? — Ingrid me fuzilou, rindo. — Tá meio aérea desde cedo. — Acho que o Ítalo é autista. — QUE?! — ela até engasgou no café. — Tu tá viajando? — Tô não, mano. Fala sério: tu nunca reparou uns bagulho nele? — Eu? Claro que não, né, minha filha — ela riu, mas curiosa. — Que “bagulho”? A única coisa que eu reparei é que ele gosta muito de comer picanha, baião com picanha todo dia ele quer. — Várias paradas: ele tem rigidez de rotina absurda. Se eu falo “terça eu durmo na minha mãe”, tem que ser exatamente terça, na mesma hora, do mesmo jeito. Se muda meia vírgula, ele pira. P

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR