Brasa Narrando O dia na boca foi no ritmo que eu gosto: silêncio, ordem e produção. Tava quente. Sol batendo na telha da laje, refletindo no chão de cimento grosso, molecada subindo e descendo com sacola, rádio apitando de dez em dez minutos. Tudo sob controle. Os produtos rodando, a conta batendo, e ninguém vacilando. Do jeito que tem que ser. Entre um rádio e outro, escutei uns comentários dos moleques que tavam voltando do beco da creche. — Chefe… a Sol tá lá na rua das três bocas. — Fazendo o quê? — Trança. Um monte. Juntou mais de quinze criança. Um corre-corre, parecia dia de evento na escola, mano. A rua parou. Fiquei quieto. Só ouvi. — Pior que é maneiro o que ela faz… as mãe dessas crianças não liga, não. As menina tudo com o cabelo estourado, descabelada, vivendo no vent

