90

1212 Palavras

SOL NARRANDO Desci a ladeira fervendo. Chão quente, poste amarelo piscando, moto subindo cuspindo fumaça, rádio lá longe tocando um funk torto. Eu andava rápido, braço colado no corpo, e a cabeça martelando tudo que ele despejou em cima de mim. “Meu nome é Brasa pra você… nunca mais me chama de Ítalo… o único assunto é aluguel… vaza.” Cada frase uma pedrada. Eu queria gritar, mas minha garganta tava seca. Queria chorar, mas eu não choro na rua, não dou palco pra ninguém. Grampeou meu celular. A p***a do Ítalo grampeou meu celular. Isso me roeu de um jeito que eu não sei nem explicar. Não é só invasão, não. É traição de confiança. E eu confiando nele… o ogro, o grosso, o dono do morro que não sabe dizer “saudade”, mas sabe encostar a testa na minha e fazer meu mundo calar. Eu dei acesso

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR