LELÉU NARRANDO Eu falo pra qualquer um: a Ingrid só não abriu o salão dela antes porque deu onda nela mesma. Eu botei pilha mil vezes, desenhei na cabeça dela o espelhão com luz quente, a cadeira cromada, a prateleira com spray e finalizador alinhado, o piso limpinho, playlist batendo no suave. Ela ria, mudava de assunto, dizia que ia ver. Agora que a braba acordou com sangue nos olhos, quem sou eu pra travar. Eu vou dar tudo que ela pedir, do jeito que ela quiser, porque além de ver a mulher virando patroa, eu deixo ela no meu radar. Quando sai pra atender fora, vai de casa em casa, desce pra asfalto, sobe pra outro morro, e eu fico sem saber onde tá, sem saber quem tá em volta. Aqui no Mandela eu conheço até o cachorro que dorme na sombra do poste; aqui ninguém mexe com quem é minha, e

