SOL NARRANDO A casa tava em silêncio, mas meu peito era barulheira pura. Eu lavei o rosto na pia do banheiro, olhei meu reflexo e não me reconheci. Os olhos inchados, o rosto abatido, a alma pesada. A maquiagem já tinha ido embora, o batom só um borrão. O mundo que eu achava que conhecia tinha caído hoje… e quem ficou debaixo dos escombros fui eu. Minha mãe. Minha mãe calada, sofrida, inteira no corpo, mas toda rachada por dentro. Eu achei que tava ajudando ela mandando dinheiro de longe… e tava mesmo era sendo ausente. Que filha de merda eu fui, meu Deus. Me sentei no sofá, puxei a manta que tinha o cheiro dele, do Brasa, do Ítalo… meu caos, meu abrigo. E foi aí que a televisão, ligada no mudo até então, começou a chamar minha atenção. Um banner vermelho na parte de baixo da tela pisca

