RODRIGO NARRANDO Tava morto. De verdade. O corpo ainda doía da noite inteira no motel — cama boa, ar-condicionado no talo, mulher gostosa, e um silêncio que só quem tá longe de casa conhece. Desliguei o celular, deixei o mundo do lado de fora. Ali era só prazer. Sem cobrança, sem sermão, sem olhar atravessado. Só eu sendo tratado como eu mereço. Voltei pra casa cedo, tomei um banho, deitei na cama e fechei os olhos. A Maju já tinha saído pra dar aula, como sempre. Santinha, certinha, previsível. Do tipo que nunca questiona, nunca cobra nada. Nunca falta com respeito, nunca levanta a voz. Por isso mesmo que eu fico tranquilo. Ela é minha. Tá no papo. Pode até ficar de bico às vezes, mas passa. Sempre passa. Mandei mensagem pra ela logo cedo: “Amor, bom dia. Tô morrendo de saudade.” “Te

