Pré-visualização gratuita UM: Cinza Como Nevoeiros
Seu corpo inteiro alarmou quando a lâmina da espada passou tão perto que chegou a cortar as pontas de seu cabelo, tão rápido e ao mesmo tempo tão lento que conseguiu ver o momento em que os fios loiros caíram diante de seus olhos. Deu dois passos para trás, tempo suficiente para seu braço esquerdo girar e puxar sua outra espada, cravando no peito daquele que há poucos segundos tentara partir sua cabeça ao meio.
Sentiu alguém escorar-se em suas costas, mas não se mexeu para tentar mata-lo, o cheiro de sangue fresco em toda parte não o atrapalhava em sentir a presença de quem tanto conhecia, por isso, deu apoio ao Park, ambos tão cansados que usavam um ao outro para se manter de pé. Aquela batalha já durava longos dias, sem água e sem comida para repor as energias. Eles só parariam quando não houvesse mais nenhum inimigo de pé.
— Malditos miseráveis, brotam como ervas daninhas! — ouvira o ruivo praguejar, sua garganta estava tão seca que sua voz saía como a de um ancião — Fico feliz que esteja vivo.
— Não fale como se esses malditos fossem capazes de me matar!
— Odeio suas falas, Ravi, e odeio essas suas malditas duas espadas. — o mais novo sorriu, seus dentes estavam cobertos de sangue e seu queixo cheio de manchas roxas.
O loiro também sorriu mostrando seus dentes tão vermelhos quanto os do outro, sangrava tanto que chegava a escorrer pelos cantos da boca. Respirou fundo e correu na direção da batalha, ele não morreria ali, ninguém tinha o direito de o matar, não enquanto seus objetivos estivessem pela metade. Ravi, ou melhor, Wonsik, ainda tinha muitas pendências em vida, e enquanto elas ainda existissem ele não deixaria que Hell o aprisionasse.
[... Herança dos Alfas ...]
— Isso tudo é tão glorioso!
Jaehwan dizia enquanto olhava fascinado para a chegada dos soldados, eles haviam acabado de vencer mais uma batalha árdua e demorada, e agora retornavam para casa vivos e em segurança. O exército crescera muito nos últimos tempos, o número de soldados cresceu bastante e o número de vitórias triplicou, os Lobos estavam cada vez mais perto de dominar todo o território dos Ursos e torna-los seus vassalos, dessa forma virando o jogo por completo e dominando aqueles que um dia tentaram os dominar.
A marcha dos soldados era conduzida por aqueles que eram considerados os membros mais importantes do grupo em questão, seus Generais e os tão respeitados Comandantes. Hakyeon gostava de sempre estar presente quando essas marchas aconteciam, ele estava sempre acompanhado de seu melhor amigo Jaehwan, o ômega mais boca aberta que ele conhecia, e alguém muito divertido para se ter por companhia.
E o mais engraçado de tudo era que os dois sempre vinham com o mesmo propósito, por mais que o Zhang nunca admitisse isso.
— Olha! — Jaehwan quase arrancava o braço do mais baixo quando o sacudia, ele era forte demais para um ômega, dizia que era assim devido aos anos batendo manteiga — Ali está o seu primo, ele é tão bonito!
O garoto Lee se dizia apaixonado pelo primo do melhor amigo, Jay. O jovem alfa era bastante conhecido por todos na cidade, principalmente por ser o último Park vivo. Obviamente que haviam outros com o sobrenome Park vivendo em outras cidades ou ali mesmo, mas Jay era o único com uma ligação direta com o ramo principal desta família, e os cabelos vermelhos e brilhantes deixavam isso claro a todo mundo.
Mas não era para ver Jay ou qualquer outro de seus primos que Hakyeon ia sempre esperar a chegada dos soldados, ele estava muito mais interessado em cabelos loiros, principalmente quando abaixo deles pudesse encontrar o rosto bonito de um dos Soldados. Não sabia muito sobre ele, e depois de um tempo descobrira que era melhor assim, estava comprometido e não podia se dar ao luxo de nutrir paixões por outro alguém que não fosse Kwon Seonghwa, iria se casar com ele em poucas luas.
Então tornara para si o alfa loiro apenas como alguém a admirar de longe.
— Por que não podemos ir falar com seu primo?
Jaehwan sempre insistia naquilo, mas ele não podia. O Soldado loiro era o melhor amigo de Jay, ele certamente estaria em qualquer lugar que o ruivo estivesse, e o melhor para Hakyeon era que não tivesse nenhum contato com aquele alfa, alguém cuja única informação era como o chamavam.
Ravi, apenas isso, e sequer poderia ter certeza de que aquele era mesmo o seu nome de verdade.
— Porque não é seguro nos enfiarmos no meio de tantas pessoas, podemos ser pisoteados pelos cascos dos cavalos, não se esqueça do que aconteceu da última vez que você tentou ir lá! — o lúpus repreendeu o amigo, pois sabia que se não lembrasse-o sempre das coisas que já haviam acontecido, ele tornaria a cometer os mesmos erros bobos.
Jaehwan estava sempre metido em problemas, seus pais haviam sido empregados na casa dos Zhang e depois que os mesmos faleceram por uma grave doença, o menino continuou a viver ali e ser cuidado pelos pais de Hakyeon, eles eram praticamente irmãos e estavam juntos quase que o tempo todo.
— Vamos voltar, não temos nenhum marido para receber! — o mais baixo segurou o braço do amigo para o puxar para casa, sempre era difícil convencer Jaehwan a deixar qualquer festejo que fosse, mesmo se tratando apenas de pessoas à cavalo pelas ruas — Vamos, Hyuk.
E acompanhados pelo guarda de sua casa, os dois ômegas passaram pelo meio da multidão. Hyuk era grande como os armários de sua casa, pelo menos, era o que ele parecia perto de dois ômegas, servia como companhia sempre que o herdeiro dos Zhang precisava sair, se tornara sua principal função há cerca de cinco anos, era uma função bastante agradável em sua maior parte.
Era baixo demais para subir no cavalo, por isso sempre precisava que Hyuk o colocasse sobre o lombo do animal, a cela grande podia ser dividida com Jaehwan, que não precisava de ajuda para subir, mas esperava para que o guarda o ajudasse também, algo que Hakyeon sempre ria em segredo, seu melhor amigo não tinha jeito mesmo, era nessas horas que percebia o quão falsas eram as paixões do mesmo, pois o tal sentimento mudava de pessoa para pessoa dependendo apenas de sobre quem seus olhos pousavam.
Já estavam sobre o animal quando repentinamente outro cavalo surgiu em sua frente, o assustou por um segundo, mas se acalmou ao perceber que era apenas Jay.
— Preciso falar com Mihyun, sabe me dizer onde ela está? — o ruivo lhe questionou, ele nem sempre era tão curto em suas palavras, em dias comuns os cumprimentaria com um belo sorriso, mas podia-se notar o quanto estava cansado e necessitando dormir por longas horas, sua pele estava queimada de sol e seus olhos vermelhos.
— No porto.
— Obrigado. — fora o único momento em que seus lábios se repuxaram em um sorriso bem pequeno e sem mostrar os dentes.
Jay mudara o curso do cavalo e partira de volta à direção que havia vindo, Hakyeon acabou olhando para trás como se quisesse apenas ver seu primo sumir entre as ruas, mas o que viu quase o fez soltar as rédeas do cavalo. Os olhos cor de cinza que tanto admirava de longe agora estavam a observá-lo, seus cabelos dourados voavam a favor do vento e por um segundo o Zhang sentiu que aquele alfa estava enxergando todos os seus detalhes.
Seu coração bateu forte.
[... Herança dos Alfas ...]
Há 18 anos, quando pisaram seus pés pela primeira vez nas praias da Cidade Capital, os garotos Jung não esperavam grandes coisas, tudo o que tinham era apenas suas esperanças e fé em algo sequer sabiam se existia ou não. Foram os dias mais difíceis de suas vidas, não conheciam ninguém e não sabiam para onde ir, tendo que dormir muitas vezes ao relento e sobre sacos de ração para cavalos. Taekwoon não tinha medo de nada, estava disposto a fazer qualquer coisa para proteger seu irmão mais novo, mesmo que no fundo soubesse que Matthew não precisava ser protegido, ele nunca deixaria que nada de r**m acontecesse com seu irmão.
Por ser um alfa de grande porte não demorara até que Matthew fosse notado por alguém de importância, o mesmo alguém que o levara até o quartel onde os garotos alfas e betas dominantes eram treinados. Demorou ainda menos para notarem o quão bom era seu senso de direção, o acabou fazendo com que fosse levado aos Portos e que fosse treinado para navegação. Era difícil encontrar pessoas capazes de pilotar um navio e mantê-lo na rota, principalmente durante as tempestades, e sua capacidade tornara Jung Matthew piloto de um dos principais navios de guerra do Reino dos Lobos.
Eles pagavam bem, o suficiente para dar uma boa vida para seu irmão mais velho, mas Taekwoon gostava de ser independente, o que o levara a conseguir um emprego em uma taberna. Não era o lugar mais agradável do mundo, por sorte ele sempre saía cedo o suficiente para evitar o momento em que os alfas ficavam bêbados o suficiente para se tornarem insuportáveis.
Mas naquele dia os deuses não estavam do seu lado, acabou ficando no lugar de outro, que por um motivo que não conhecia acabou não aparecendo, e justamente no dia em que os soldados agitados apareciam aos montes, sempre falando alto e derramando mais bebida no chão do que em suas bocas. Era um dia de grande faturamento, sempre recebiam a mais naqueles dias, mas implicava em ter ainda mais trabalho e ter que aturar coisas que não precisaria em dias normais.
— Sirva naquela mesa. — a moça do balcão lhe empurrara mais duas canecas grandes e cheias, tão pesadas que o beta poderia jurar que deveriam ser feitas de ferro — Rápido, não podemos deixá-los esperando.
— Por que tanto cuidado com aquelas pessoas? — perguntou não por curiosidade, mas por já estar cansado de ser sempre apressado quando se tratava dos mesmos — O que há de especial neles?
— Você realmente não sabe quem são? — ela arqueara a sobrancelha, todos sabiam quem eram aqueles, mesmo quando não estavam vestidos como habitualmente estavam.
Carregavam características marcantes demais para que seus rostos fossem esquecidos.
Mas Taekwoon trabalhava demais, não perdia seu tempo dando atenção a festejos ou passeatas, e certamente que decorar rostos não era um de seus passatempos, nunca se demorava em olhar muito para alguém, não alguém cuja existência não alterasse em nada a sua. Lhe bastava apenas conhecer o rosto de seu irmão, seus patrões e seus poucos amigos e talvez de alguns vizinhos com quem frequentemente conversasse, fora isso os clientes da taberna não eram importantes.
Carregou as canecas novamente para aquela mesa, a deixando na frente dos que as haviam pedido, mas m*l dera tempo que se afastasse, pois um braço rodeara sua cintura e o puxara para baixo com certa falta de delicadeza, o obrigando a sentar-se sobre o colo de um desconhecido e sentir seu nada agradável bafo de bebida sobre seu pescoço.
— Por que não vamos para outro lugar? — sua voz era claramente a de alguém embriagado — Já faz tempo que eu não me deito com um beta bonito como você.
— E vai continuar sem deitar! — puxou o braço do mesmo tentando se soltar, mas o alfa mesmo bêbado era mais forte — Me solte, agora!
Mas foi apertado com ainda mais força.
— Gosto dos que são mais selvagens.
Aquilo em nada agradara Taekwoon, e em sua raiva puxou a caneca sobre a mesa e a despejou por completo sobre a cabeça do alfa que ainda o agarrava. Quando a fria bebida caiu sobre seu corpo o fizera se assustar e ao mesmo tempo ser tomado de raiva, assim soltando o beta e o empurrando para longe de si.
Levantou-se como quem estava prestes a enfiar uma faca em alguém.
— Você ficou louco? — gritou enraivecido — Me molhou todo!
— Eu fiquei louco? — o beta riu do que tinha ouvido — Você me agarra e o problema está em mim? O único errado aqui é você!
O alfa fechou os olhos com força e moveu milímetros de seu corpo para frente, teria perdido a cabeça se não tivesse sido segurado por seu irmão, que estava logo atrás dele.
— Sabe quem eu sou? — questionou esperando não passar de algo retórico, mas pela expressão do outro ele realmente não sabia — Eu sou Kim Hongbin, herdeiro da coroa de ferro, seu futuro rei!
Taekwoon ainda olhou em redor esperando as pessoas rirem, mas não tinha ninguém rindo, todos o olhavam como se fosse alguém condenado a morte, o que por alguns segundos teve certeza que seria. Mas não iria ser humilhado independente de quem aquele alfa fosse, ser um príncipe não lhe dava o direito de sair por aí agarrando quem quisesse. Ele não era o dono do mundo para que apontasse o dedo para alguém e esse alguém fosse obrigado a abrir as pernas pra ele.
Não iria baixar a cabeça.
— E você sabe quem eu sou? — o beta perguntou de volta — Eu sou Jung Taekwoon, o beta que derramou uma caneca de cerveja na cabeça de vossa majestade e que vai jogar outra se as mãos reais tocarem novamente em qualquer parte do meu corpo!
Um silêncio absurdo se fizera de todas ali, Hongbin riu não levando a sério uma única palavra que fosse. Para um alfa, ouvir tais palavras vindas de um beta, era ser ridicularizado, uma humilhação que eles não conseguiam suportar. Se fosse outro ali, bateria em seu rosto e o mandaria de volta para o seu lugar. Mas ele não podia fazer isso, se fizesse mostraria o quão podre seu caráter era.
Estava acostumado demais a ter tudo e todos que queria, nunca esperou por uma reação desse tipo.
— Perdoe-me, a bebida me deixou alterado, não vai se repetir. — e por fim, sorriu, por mais difícil que fosse fazer isso, era como enfiar uma faca em seu ego — Um rei deve respeitar seu povo.
Mingyu, seu pai, lhe dissera aquilo várias vezes.
Taekwoon não esperava que ele fosse se desculpar, sua cabeça já guardava milhares de insultos para jogar sobre o herdeiro enquanto era arrastado pelos guardas até a forca. Mas isso não significava que ele havia acreditado naquelas palavras, alfas mentiam tão facilmente como se estivessem apenas respirando. Alfas eram mentirosos, e príncipes herdeiros certamente seriam os melhores atuando.
— Que seja.
Dissera apenas isto antes de virar as costas e seguir caminho direto para o lado de fora do lugar. Foi quando finalmente respirou. Precisava pensar em algo rapidamente, o príncipe não deixaria as coisas baratas para ele, tinha certeza de que seu pedido de perdão era apenas um disfarce para que não desconfiasse do que viria a seguir. Mas que grande merda! Como compraria uma briga com um lobo tão grande?
[...]
Jooheon se assustou com o súbito abraço de seu sogro, não estava acostumado a ser abraçado por pessoas que não fossem sua mãe — ou os raros abraços de Tiffany —, Wu Seungkwan o abraçou com muita força assim que desceu da carruagem em frente ao grande portão da Fortaleza Wu. Tudo estava exatamente como a vaga memória infantil lhe dizia, as paredes escuras e os estandartes amarelos balançando com o vento agradável do fim de tarde. Hansol também o abraçou, seus sogros tinham sorrisos amigáveis em seus rostos, os sorrisos mais sinceros que ele já tinha visto.
— Estamos muito felizes que esteja aqui. — o beta fora o primeiro a dizer, segurava suas duas mãos ainda — Os preparativos já começaram, todos na casa estão muito ansiosos.
A família de seu noivo, Wu Hyunwoo, se manteve correspondente com a sua, para que de alguma forma seus laços fossem estreitados. Sabia que seu noivo tinha um total de 15 irmãos, sendo que o mais novo entre eles nascera há pouco mais de dois meses. Os 16 herdeiros de Wu Seokmin tinham uma diferença de 33 anos entre a idade do mais velho e do mais novo. Eram uma família muito grande, e todos ainda viviam sob o mesmo teto, Hyunwoo seria o primeiro a se casar.
— Nosso Hyunwoo está com nosso marido resolvendo algumas coisas, eles chegarão em breve. — Seungkwan os informou, ele não era bom em fingir que gostava da presença de Tiffany, evitava fazer contato visual com a mulher — Vamos acomodá-los em nossos quartos de hóspedes.
Young Jooheon era filho único, algo que o pressionou a vida toda, especialmente porque era um ômega, alguém sem direito a uma herança completa, era difícil viver sob o peso de saber que um dia pertenceria por completo a alguém, e que esse alguém seria dono de tudo o que sua família tinha agora. Lady Tiffany sempre foi dura com ele, sua appa, por mais que ela sempre dissesse que ele era seu bem mais precioso. Sua omma, Taeyeon, era irmã do Rei Mingyu, uma mulher gentil e de bom coração, ela lhe dava amor e o ensinava coisas boas, mas infelizmente a beta era muito ocupada, nem sempre lhe sobrava tempo para isso, e devido a isso acabou sendo criado pelos primos de sua appa, ômegas criados de maneira muito rígida, que lhe ensinavam a ver a vida de um modo estranho, um modo que não permitia que ômegas fossem livres.
E mesmo que essa não fosse a verdadeira intenção, crescer prometido a alguém fazia com que se sentisse vendido, como se uma placa escrita “Propriedade de Wu Hyunwoo” estivesse pendurada em seu pescoço. Ele não conhecia seu noivo, a última vez que o vira fora há dezoito anos atrás, quando ainda era uma criança, e Hyunwoo já era um rapaz, já tinha um corpo formado e era mais alto que sua appa.
— Separamos este quarto para vocês. — o ômega Wu disse assim que abriu a grande porta de madeira, o quarto era muito grande e organizado, seguindo o mesmo padrão de móveis que não combinavam nada entre si assim como o restante da casa, mas que mesmo assim era bonito — O quarto de Jooheon ficará ao lado deste, nos acompanhe, querido.
O mais novo fora em silêncio atrás de seus sogros, o outro quarto ficava bem ao lado como ele havia dito, e era tão grande e bonito quanto o outro. Mas antes que pudesse entrar, seus sogros o pararam com uma sugestão que fizera seu rosto ficar vermelho como uma pimenta.
— Se preferir pode dormir com o Hyunwoo, o quarto dele fica no andar de cima. — fora Seungkwan quem havia dito isso primeiro.
— Desculpe, às vezes esquecemos que nem todos são como nós. — Hansol se adiantou em falar — Vocês vão se casar de qualquer maneira, achamos que não haveria problema em sugerir isso. — ele já não sabia direito como deveria explicar, o ômega parecia muito assustado — De qualquer forma, queremos que fique à vontade, se quiser algo fale com algum dos empregados, e também pode nos chamar, fique à vontade para ir e vir, essa é a sua casa também.
O Young sorriu com uma expressão genuinamente feliz, gostava da presença de seus sogros, eles eram simpáticos e gentis consigo, algo que lembraria de agradecer aos deuses, pois nem todos tinham essa sorte.
Depois que eles saíram, toda a sua bagagem chegou, queria ter trazido tudo, afinal, estava em uma viagem para a vida toda, mas o peso das malas os atrasariam, o que o obrigou a ter que se resumir em trazer apenas o que lhe era mais importante. Ele sabia que não precisava de muito, nas cartas os Wu lhe prometiam tudo o que um dia iria precisar, lhe prometiam uma boa vida e que seria bem tratado em sua nova casa.
Ele queria acreditar nisso, queria acreditar que seria feliz ali, que Hyunwoo, mesmo sendo um alfa lúpus, poderia ser alguém sensível e gentil, que iria abraça-lo e lhe dizer coisas boas. Mas estava com medo. Repousou seus braços sobre o parapeito da janela e observou o lado de fora, os empregados indo e vindo com comida e muita bebida para o casamento, soubera que seria uma grande festa, com muitos convidados e que até mesmo a Família Real estaria presente. Forçou um sorriso no rosto, a família Wu era muito importante, ele estava se casando com quem futuramente seria o Lorde Comandante de todo o exército dos Lobos.
Foi criado para isso, criado para ser o ômega de Wu Hyunwoo, ser tudo o que ele desejaria, fazer tudo o que ele gostava, ter a aparência que o agradava. Ser dele.
Ouviu uma batida na porta, não sabia se deveria apenas permitir que entrassem, ou se deveria perguntar quem era, ou até mesmo se deveria ir abri-la. Treinou a vida inteira para estar ali, mas agora que estava se sentia nervoso como se ainda tivesse oito anos e esperasse pela hora em que sua omma lhe diria como deveria agir.
— Entre. — optou por isso.
Continuou parado onde estava até que quem batia entrasse. Sua boca ficou seca assim que o viu, nunca esquecera seu rosto, mas agora ele parecia ainda mais bonito.
— Eu soube que havia chegado. — Hyunwoo tinha uma expressão boa em seu rosto, ele não era sério e fechado como imaginou que fosse ser, mas não iria guardar esperanças de que ele fosse assim em todos os momentos — Vim ver como está.
Quando Hyunwoo chegou perto, pôde o quanto suas alturas contrastavam, ele era alto como um alfa lúpus deveria ser, enquanto Jooheon era pequeno como a maioria dos ômegas eram. Sentiu-se frágil no momento em que ele segurou sua pequena mão, e seu coração acelerou pelo nervosismo no momento em que o Wu beijou as costas da mesma.
— Está confortável aqui? — ele o indagou — Podemos o realocar caso a vista da janela não o agrade ou se a cama estiver muito dura.
— Oh, não, está tudo ótimo. — e realmente estava, não havia nada de errado com o quarto — É um quarto bem agradável, aliás, todo o lugar parece muito aconchegante.
A Fortaleza Wu tinha um ar estranhamente quente, como se o calor de todos que viviam ali se misturasse, e gerassem uma sensação de conforto.
— Fico feliz. — ele sorriu, seu sorriso era muito bonito, os dentes eram bem cuidados e brilhantes, uma vez lhe disseram que nem todos os alfas se importavam com isso, e de algum modo aquilo o deixava feliz, se Hyunwoo guardava tempo para se importar com aquele detalhe, ele poderia muito bem se alguém que guardaria tempo para se importar com coisas relacionadas a ele.
Tiffany não tinha esse tempo, m*l a via, muito menos os seus dentes.
— Descanse. — ele o disse — O jantar será servido em algumas horas, venho busca-lo para o acompanhar.
— Obrigado.