Capítulo 9

1820 Palavras
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Terminei minhas malas e quando me virei para sair de meu quarto, Danny estava parado e olhando com os olhos cabisbaixos para minhas malas. - Eu vou com você. Eu larguei minhas malas do chão e corri até ele e o agarrei forte. Lágrimas começaram a molhar minha face e eu pude sentir que ele soluçava. - Eu largo tudo, mas eu vou com você, Lilih, você não pode me deixar aqui. Eu agarrei seu rosto com as minhas mãos e olhei no fundo de seus olhos. - Você não pode vir comigo. Papai precisa de você. Ajude-o a largar o vício, que assim você largará os seus. Ame-o, pois ele te ama! – lhe dei um beijo na testa e sorri para ele. Quando eu não achei possível, ele sorriu para mim também e secou suas lágrimas. - Farei isso. – dizendo isso ele também deixou o quarto. Eu fiquei uns longos minutos encarando o lugar vazio que ele havia deixado. Ele faria isso? Mas ele odeia o papai, por que...? Por que de repente ele aceitou o que eu sugeri? - Você agora tem meus poderes também. – disse Kaissa dentro da minha cabeça. – Quando nos tornamos um só, você herdou todas as minhas habilidades. Parei um pouco para alisar e vi como aquilo podia ser c***l. Eu ordenar que uma pessoa faça algo que ela não quer. Pensei em correr atrás de Danny e desfazer, mas pensei de novo. Aquilo podia ser uma coisa boa no final. Eu sorri e voltei a pegar minhas malas. Assim que cruzei a porta do meu quarto, meu celular tocou. Olhei para ver quem era e a foto de Derek fazendo careta apareceu na tela piscando. - Alô? – atendi. Um longo suspiro veio e em seguida um clique. - Você não pode ir para Letônia, Lilian. Lá é muito perigoso. – ele parecia muito esgotado, sua voz estava um pouco rouca e cansada. - Você está bem? - Na verdade não. Você pode vir aqui em casa? - Claro... - Ótimo. – e desligou. Eu fiquei pasma com a rispidez e ao mesmo tempo preocupada com a necessidade dele de me ver. Mas de uma coisa eu sabia, alguma coisa estava errada. Derek era o ser mais controlado de todos que eu conhecia. Ele tinha sido o aprendiz de Dante por alguns anos e era um possível sucessor. Tinha sido o primeiro depois de Dante a se unir ao seu ser com sucesso e possuía habilidades magníficas, por isso eu achava extremamente estranho ele estar m*l. Passei a tarde desfazendo minhas malas e xingando todos os Deuses que me vinham à cabeça. Finalmente, alguém tinha conseguido adiar minha viagem e lá estava eu, correndo para o lado oposto. Chegando em sua casa, que não ficava muito longe da casa de Sara, eu bati na porta. Já era noite e sua casa estava completamente apagada. A campainha não funcionava e eu não conseguia ouvir nenhum tipo de som, mas a energia que emanava daquela casa era assustadoramente poderosa e maligna. Tentei girar a maçaneta e a porta abriu. - Derek? – chamei. Nada. Se existia uma coisa que eu odiava mais do que aranhas era o escuro. Minha mãe sempre me contava histórias antes de eu dormir, dizia que no escuro habitavam as criaturas noturnas e pavorosas. Que elas se alimentavam do seu medo... Andei pela sala tentando acostumar meus olhos àquela escuridão e acabei tropeçando e caindo por cima de alguma coisa. O chão estava molhado e grudento, num instante seguinte eu ouvi um grito vindo do andar superior. Foquei minha visão e Kaissa me ajudou a me adaptar mais rápido. Quando fizemos isso a luz voltou com tudo e isso acabou me cegando. Mas ainda assim... Quando olhei para minhas mãos elas estavam completamente ensanguentadas e no chão, onde eu havia tropeçado estava um corpo frio e sem vida. Eu gritei. Eu não sabia quem era, não soube reconhecer, eu me rastejei para longe até chegar nas escadas, e as subi correndo. Dei de cara com uma mulher loura com olhos muito acessos. Eram de um azul claro muito brilhante, mas suas pupilas estavam completamente dilatadas, o que escurecia seus olhos. Ela agarrou meu pescoço e seus lábios foram se abrindo em grandes presas. Meus dentes eram todos pontiagudos e sua língua tinha uma extensão sobrenatural. Sua garganta soltava um som muito estranho e baixo, que fazia minha cabeça estourar feito vários fogos de artifício. Eu levantei minha mão esquerda e toquei a parede mais próxima, enquanto ela se preparava para me atacar. - Non est lumen! – falei meio sem fôlego.   As luzes se apagaram completamente, mas eu conseguia ver. A mulher me largou da pegada e sacudiu a cabeça, como que se tivesse ficado cega. Ela era uma mulher linda que havia se tornado numa criatura horripilante. Era uma criatura do escuro, então se adaptaria facilmente à escuridão. Eu corri até o fim do corredor e entrei no quarto de Derek e tranquei a porta. A criatura correu até lá e começou a esmurrar a porta. Meu coração batia à mil por hora e eu já não sabia mais o que fazer. Olhei pela janela e toda a rua estava sem luz, aquilo seria um problema. Eu me afastava cada vez mais da porta e conforme fui fazendo isso, os cabelos de meus braços ficaram arrepiados, uma mão tocou meu ombro. Por um momento eu pensei em gritar, mas meu movimento foi tão rápido que nem precisei disso. Me virei agarrando o braço de quem quer que fosse o ser ou pessoa que me tocava e o prendi na parede. Ao olhar em seus olhos eu acabei soltando o aperto e acabei sendo atingida com uma faca na barriga. - Chris. – Foi o que eu consegui dizer. Seus olhos estavam iguais aos da mulher no corredor, que ainda tentava entrar no quarto. Quando eu cai no chão com minha mão esquerda pressionando a ferida, eu vi Derek debaixo da cama. Ele me olhava, aflito e seu corpo estava completamente tomado por feridas. Minha mãe me chutou e me virou para encará-la nos olhos. - Olá, passarinha. – aquela voz me fez viajar no tempo e me fez lembrar de coisas que eu já tinha esquecido. Minha mãe sempre me chamava de Lilih Passarinha. Aquela mulher não podia ser minha mãe, Chris havia morrido em um acidente de carro no início do ano, não podia ser. – Sentiu saudades? – a mulher abriu um grande sorriso. Ela usava uma blusa preta decotadas, jeans e um salto alto. Seus cabelos estavam soltos e caíam pelas costas. Ela não parecia alguém que estava morta há alguns meses. Não parecia alguém que precisasse de ajuda. Ela estava ótima. Mas não era ela. A mulher andou pelo quarto e gargalhou. Eu olhei novamente para Derek e ele me lançou uma runa. Eu apertei forte a runa na minha mão e gritei bem alto quando a mulher se reaproximou de mim. - Adori Flam! – a mulher que ria agora estava séria. Deu um passo para trás cambaleante a acabou desabando quando foi atingida por chamas ilusórias. Sua carne começou a desmanchar, seu rosto a deformar, ela gritava de dor. Agarrei Derek e nós dois nos abraçamos. Eu mantive a runa firme em minhas mãos enquanto saíamos do quarto. A mulher loura parecia ter sumido e isso nos facilitou escapar de lá vivos. Nós corremos para o mais longe possível de lá e acabamos por desabar no jardim de Sara. Estávamos realmente esgotados. O sol estava nascendo. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
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