Capítulo 8
1130 Palavras
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Eu deitei em minha cama, olhando para o teto, Kaissa sussurrava coisas em uma língua que eu não entendia ainda. Algumas coisas eu já compreendida, como "segredo", "mentira" e "Hanaã". Ela não parava de resmungar o quanto havia sido enganada. Eu esperei ela se acalmar para poder conversar com ela e saber qual seria o próximo passo. Tanto eu quanto ela sabíamos que haveria problemas ao voltar para o início de onde tudo aquilo tinha começado. E só quando fizemos isso... Descobrimos tudo. Nos tornamos um só. Agora, tudo o que ela mais queria, era o que eu queria. O seu propósito era o meu propósito. Eu podia sentir em minhas veias a energia fluir por todo o meu corpo, podia enxergar os seres que habitavam no corpo das outras pessoas, podia sentir o cheiro do medo. Meus cabelos estavam maiores, cresciam numa velocidade sem igual, caiam em leves cachos castanhos e eu podia ver que aquilo agradava à ela.
Kaissa parou de sussurrar e ficou em silêncio. Eu me sentei com a coluna ereta e fechei meus olhos, para meditar. Nos encontramos e nos sentamos uma de frente para outra, como sempre fazíamos para ter uma comunicação mais profunda.
- Tudo faz sentido agora, Lilian. – disse ela. Seus olhos estavam vermelhos e lágrimas caiam de seus olhos. Ela estava muito triste. Eu sentia aquela mágoa também. – Eu nunca entendi o por que de conseguir me esconder na floresta. Nunca entendi por que as árvores me acolhiam. A floresta tinha uma rainha, elas deviam obedecer à ela... E se eu era procurada ela também me procuraria.
Ela levantou seus olhos para mim.
- Eu sinto muito. – eu a olhei e juntei as sobrancelhas em dúvida.
- Por que está se desculpando?
- Por que por causa da minha ingenuidade eu destruí três mundos.
- Nós vamos conseguir consertá-lo. Fique tranquila. – os olhos dela viraram puro ódio e ela se levantou, me fazendo ficar assustada. Ela estava com os punhos cerrados e olhava através de mim.
- Não vamos, pois Hanaã sabia o tempo todo o que aconteceria e me usou para conseguir isso.
- Mas e quanto à Vandd? – seus olhos ficaram mais tranquilos, mas ainda sem esperança .
- Ele é irmão de Hanaã, quais as chances dele também não o ter ajudado com isso tudo?
- Nós precisamos tentar, essa pode ser nossa única chance. Ele agora é a nossa esperança. Não podemos falhar e além do mais, você e Hanaã precisam conversar.
- Se isso chegar um dia a acontecer, eu vou matá-lo.
Ela nunca o perdoaria, eu entendia isso, mas eu não poderia deixar que os dois se matassem. Abri meus olhos e relaxei meu corpo. Parecia que eu estava naquela posição à horas, havia perdido completamente a noção de tempo. Me deitei novamente na cama, olhando para o teto. Meus olhos se encheram de lágrimas e em poucos minutos eu soluçava e chorava muito. Me encolhi agarrando meus joelhos contra o peito e me balançava, na tentativa errada de recuperar o controle da situação. Eu estava m*l, nós estávamos m*l. Danny entrou no meu quarto e sentou perto de mim, me fazendo um carinho na cabeça.
- Lilih... – começou. – Eu não sei o que está acontecendo com você, acho que possivelmente está além da minha compreensão, mas eu já perdi a mamãe, não posso perder você também.
Eu levantei meu rosto que estava escondido por entre meus cabelos e dei um meio sorriso para ele.
- Eu te amo, Danny. Desculpe te fazer me ver desse jeito. Eu vou melhorar.
Por um momento passou uma coisa extraordinária em minha mente. Enxuguei minhas lágrimas e pedi para que Danny me deixasse só. Eu me olhei no espelho e falei algo dentro de minha mente para que Kaissa pudesse ouvir.
- Você é a Rainha das Florestas, Kaissa. Você conhece cada parte, cada pedaço de Pokaini. Existe esse lugar aqui também! Talvez quando os mundos se misturaram, não só os seres, mas resquícios de seus mundos também tenham vindo pra cá.
- E onde fica essa floresta?
- Na Letônia. E é lá que vamos começar a treinar para entrar em guerra.
- Uma guerra? – ela parecia não compreender.
- A guerra entre os que querem ficar e os que querem partir.
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- Escritor
