31. Bianca

1141 Palavras

O ateliê de costura era uma casa antiga, elegante, que exalava cheiro de tecido novo e perfume caro. Era a terceira prova de vestido na semana, e meu corpo já doía do aperto dos alfinetes, da rigidez dos sorrisos, da obrigação de ser dócil e perfeita mesmo quando tudo que queria era rasgar aquele tule branco e gritar até a cidade inteira ouvir. Minha mãe conversava baixo com a senhora Ricci e a costureira, discutindo detalhes que eu m*l ouvia. Falavam do véu, da cauda, da manga bordada com pequenas pérolas importadas. Paola, sempre atenta, me observava pelo espelho, talvez compreendendo um pouco do abismo que me separava do resto do mundo naquele momento. Mas nenhuma delas ousava perguntar se eu estava bem; já tinham aprendido a não esperar respostas sinceras. Quando a costureira me ch

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