A tarde seguia nublada e pesada quando Marcello entrou no meu quarto sem bater. Eu já estava acostumada à falta de privacidade, mas naquele dia, sua voz soou especialmente fria, como se carregasse más notícias. — Seu pai pediu para você se arrumar — anunciou, apoiando-se no batente da porta. — Tem uma festa de família aliada esta noite. Ele quer que você esteja pronta em uma hora. Fiquei alguns segundos sem responder, sentada à escrivaninha, a caneta parada no ar sobre a página do diário. — Que família? — perguntei, sem me virar. — Não faço perguntas, Bianca. Só faço o que me mandam — respondeu, sem emoção. Ele saiu, fechando a porta atrás de si. Senti um nó se formar no estômago. Festas nunca eram apenas festas quando se tratava do meu pai. Cada evento social era uma negociação velad

