42. Bianca

873 Palavras

Acordei com a luz do sol batendo no rosto e a sensação de que tudo era um pesadelo sem fim. O corpo estava mole, pesado, como se não fosse meu. Quando tentei sentar na cama, uma fisgada forte me lembrou de tudo o que tinha perdido, tudo o que me arrancaram. Os lençóis estavam limpos, mas minha alma continuava manchada e a raiva, misturada ao vazio, era o único combustível para seguir respirando. Ainda era cedo quando minha mãe entrou no quarto, dessa vez sem olhar nos meus olhos. Ajudou a me vestir com gestos mecânicos, penteou meu cabelo em silêncio, ajeitou minha blusa por cima dos hematomas. Fiquei olhando meu próprio reflexo enquanto ela passava pó na minha pele para esconder o cansaço, as olheiras, os rastros de choro que insistiam em voltar. Parecia uma boneca quebrada, de porcelan

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