Pré-visualização gratuita 1 - Dominador
Nota da autora: esse livro será escrito em terceira pessoa, porque eu comecei a escrever assim há um tempo atrás e não quis voltar e mudar tudo. É um livro com b**m, que posteriormente terá um trisal. Então mantenha a mente aberta e aproveite a história.
Darius Montclair estava sentado no balcão frio de granito cinza, segurando um copo de uísque que brilhava sob a luz tênue do bar. Ele havia escolhido um assento perto da ampla janela, de onde podia contemplar o horizonte de Manhattan. O sol de outono já havia se despedido horas antes, e a escuridão da noite cedia espaço ao espetáculo das luzes da cidade — milhares de prédios iluminados que cintilavam como joias contra o céu.
O ambiente no Éclipse estava incomumente tranquilo. Mas era apenas quinta-feira. Ele sabia que as noites de sexta e sábado eram quando o lugar fervilhava. O clube não era um espaço comum de encontros; ele tinha fama entre círculos seletos como o destino perfeito para quem desejava algo… além do óbvio. O Éclipse atendia a paladares específicos, para os quais aplicativos de namoro jamais dariam conta.
Foi ideia de seu primo, Corbin. Alguns anos atrás, quando lhe apresentou o conceito, Darius ficou intrigado. Sites de relacionamento estavam em alta, então por que um clube de encontros eróticos exclusivo fracassaria? Corbin apresentou uma proposta ousada e bem estruturada, e Darius investiu sem pensar duas vezes. Tornou-se sócio oculto, interessado não tanto na operação, mas no prazer particular de usufruir do serviço. Talvez o que o atraísse fosse justamente o vazio que vinha sentindo em sua vida pessoal.
Enquanto saboreava o uísque, os olhos fixos em um casal que trocava olhares tímidos no outro lado do salão, Darius se permitiu pensar que, ao menos ali, não era o único a buscar algo diferente no quarto.
O som do elevador soou, e logo Corbin surgiu, atravessando o ambiente com passos firmes até se sentar ao lado do primo.
— Desculpe a demora — disse, pousando um arquivo grosso sobre o balcão. — Queria garantir que tinha todos os formulários.
— Quantos são? — Darius ergueu uma sobrancelha para a pasta parda.
— Oito. — Corbin pegou o copo de uísque que o aguardava e tomou um gole, relaxando os ombros.
— Oito é demais. Achei que tínhamos combinado quatro de cada vez.
— Esse era o acordo, mas você está se tornando um dos mais requisitados, primo. Estamos recebendo pelo menos quinze solicitações por mês só para você. Se continuar assim, vou ter que contratar alguém apenas para revisar os perfis que chegam.
— Posso fazer a triagem sozinho. Não quero terceiros metendo o nariz na minha seleção.
— Você não dá conta — rebateu Corbin, batendo com o dedo no arquivo. — Pede quatro, mas alguém tem que reduzir de quinze para isso. Adivinha quem faz esse trabalho ingrato?
— E hoje você trouxe oito.
— Porque estou atolado. — Corbin soltou uma risada curta. — Não é só você que tem uma vida, sabia?
Darius ergueu a mão, pedindo mais uma dose ao barman. — É por isso que pago pelos seus serviços.
Corbin balançou a cabeça, divertido. — Não, você paga porque é um tarado que gosta de amarrar mulheres.
— Só as que querem ser amarradas — corrigiu Darius, frio, mas com um lampejo de ironia nos olhos. Essa era uma das desvantagens de ter seu primo gerenciando sua vida íntima: Corbin sabia cada detalhe de suas preferências.
— Ei, não estou julgando. — Corbin ergueu as mãos em rendição, rindo. — Você é até moderado comparado com o que já vi nesses formulários.
Darius abriu o arquivo, folheando as páginas sem muito empenho. A semana havia sido sufocante. Desde que se tornara sócio em um respeitado escritório de advocacia, sua vida girava em torno de prazos, processos e clientes exigentes. As noites no Éclipse eram sua válvula de escape, mas ultimamente até mesmo isso estava perdendo o brilho.
O clube prezava pela discrição, mas os rumores corriam rápido entre os clientes. Sua reputação cresceu, e agora muitas mulheres o procuravam com o desejo específico de serem dominadas por ele. Darius já havia explorado o universo b**m, mas não estava disposto a assumir o papel de Dominador em tempo integral. Gostava da liberdade de se divertir quando quisesse — sem amarras.
Ainda assim, algumas mulheres com quem se envolveu ao longo dos anos deixaram marcas. Algumas chegaram a ser mais do que apenas um caso de fim de semana, mas nenhuma se encaixava no molde de algo duradouro. Para Darius, sua carreira vinha em primeiro lugar. Relações eram secundárias, descartáveis.
— Encontrou alguma que te agrade? — perguntou Corbin, com ar de quem já conhecia a resposta. — Tenho mais candidaturas no escritório, mas não quis sobrecarregar você.
— E, ainda assim, me aparece com oito.
— Porque você anda insuportável. Não joga há semanas e está mais m*l-humorado do que o normal. Na minha avaliação profissional, o que você precisa é t*****r.
— Eu não “transo”, Corbin. Eu fodo. — Darius deixou o copo vazio no balcão, a voz firme. — O trabalho tem sido infernal. Não tenho cabeça para jogos casuais.
Ele sabia que, quanto mais pressionado pelo escritório, mais dominador se tornava. E, nesse estado, apenas um tipo muito específico de mulher poderia acompanhá-lo sem quebrar.
— Então vai continuar na abstinência? — provocou Corbin.
— Faz só algumas semanas.
Corbin abriu o arquivo e puxou duas fichas. — Tem duas aqui que podem servir. Uma acabou de sair de um contrato com o Dom dela. Está livre e, pelo perfil, pode ser exatamente quem você precisa por um tempo.
Darius pegou a ficha, passando os olhos pelo nome da candidata. Um músculo em sua mandíbula se contraiu.
— Vou considerar.
Darius ergueu os olhos quando duas mulheres atravessaram a entrada do bar. Reconheceu de imediato uma delas como frequentadora assídua, mas a segunda chamou sua atenção de imediato, mesmo de costas. O corpo esguio, a pele impecável em tom de oliva, reluzia sob a iluminação suave do ambiente. O top preto sem costas deixava à mostra aquela pele macia, convidativa, enquanto o jeans cinza justo moldava suas curvas de forma quase indecente, preenchendo cada espaço no ponto exato.
Por um momento, a mente dele o traiu com visões indecorosas: a palma da mão dele repousando com firmeza sobre aquela b***a perfeitamente arredondada, apertando-a até ouvir o som de um gemido abafado. Então ela retirou o suéter e o pendurou no encosto do banco do bar, e Darius pôde ver o rosto que até então permanecia oculto. Um rosto deslumbrante.
Ele congelou.
De jeito nenhum.
— Interessado? — Corbin riu baixinho, percebendo exatamente quem havia capturado a atenção do primo. — O formulário dela está lá em cima, mas achei que fosse nova demais para você. Nenhuma experiência como submissa.
— Ela não é uma... — Darius apertou os dentes, mantendo os olhos fixos na morena espetacular que agora se sentava diante dele. O choque se estampava em cada traço de seu rosto. — O que ela está fazendo aqui?
Fazia anos desde a última vez que a vira. A lembrança o transportou imediatamente para o casamento de Jayden, seu bom amigo. Na época, ela não passava de uma adolescente prestes a completar dezoito anos, radiante com a carta de aprovação de Princeton. Teria sido... quatro anos atrás? Talvez mais.
O sorriso inocente que agora se desenhava em seus lábios carnudos despertou nele memórias incômodas: a menina doce, curiosa, que perambulava atrapalhada nos encontros de família e nos eventos sociais. A irmãzinha de Jayden. Só que agora não havia nada de infantil em sua postura. Margot estava crescida, e ali, no clube dele, procurando... procurando o quê, exatamente?
— Ela veio com a Debbie — informou Corbin, como se não fosse nada demais. — A Debbie me pediu na semana passada se poderia apresentar uma amiga. Disse que era nova, mas que cuidaria dela enquanto eu encontrava um par adequado. Eu aceitei. Você a conhece?
— Eu a conheço — respondeu Darius, a voz carregada de lembranças. Lembrava-se dela nos uniformes apertados de líder de torcida no ensino médio, o r**o de cavalo balançando com cada salto. Dez anos o separavam dela, e por isso nunca permitira que as linhas se confundissem. Quando voltou da faculdade, ela ainda era apenas uma garotinha. Foi só no último ano dela no ensino médio que realmente tiveram contato — quando ele a ajudou a preencher a inscrição para Princeton, chegando até a escrever uma carta de recomendação como um favor a Jack.
Ele seria um mentiroso se dissesse que não se sentiu atraído por ela naquele verão, mas havia limites que jamais ousaria cruzar. Ainda assim, a simples visão dela agora fazia o sangue dele ferver.
— Eu não a quero aqui — disse com firmeza.
— O quê? — Corbin arqueou as sobrancelhas, confuso. — Por quê?
— Porque ela não faz ideia do que está se metendo.
— É, mas... a inscrição dela foi bem específica. Eu diria que pesquisou bastante — provavelmente na internet e com a ajuda de alguns romances eróticos. Ela tem fantasias, Darius. Muitas.
— Chega — retrucou ele, cortando o primo com dureza. — Você não vai combiná-la com ninguém.
— Não posso simplesmente recusá-la. Ela se inscreveu no pacote Platinum.
— O quê? — O estômago de Darius revirou.
O pacote Platinum era destinado a homens como ele: bem-sucedidos, ocupados, que não tinham tempo para relacionamentos convencionais e buscavam algo mais direto, exclusivo. Ali, a Éclipse combinava dominantes com submissas que, muitas vezes, não tinham condições financeiras de frequentar um clube tão restrito. Geralmente, jovens que aceitavam entrar nesse universo em troca de segurança, discrição e, em alguns casos, até ascensão social. Mas havia uma cláusula essencial: elas tinham que concordar plenamente em se submeter.
A ideia de Margot nesse papel era inadmissível.
— Não vejo o problema — Corbin insistiu. — Ela não pediu nada que outras não tenham pedido. Eu expliquei sobre o clube, sobre a confidencialidade, sobre os limites. Nada acontece sem consentimento.
— Você não vai combiná-la com ninguém. Está entendido? — O olhar de Darius se estreitou, carregado de ameaça.
— Então você mesmo pode ir contar a ela.
Darius não hesitou. Levantou-se, cada músculo tenso, e caminhou até onde Margot estava. O coração batia pesado em seu peito. Que diabos uma jovem cheia de vida e energia estava fazendo em um lugar como aquele? Havia centenas de homens prontos para se jogar em cima dela. Será que em Princeton não encontrou ninguém? De todos os lugares do mundo, ela precisava aparecer justamente ali...
— Sr. Montclair — Debbie sorriu nervosa quando o viu aproximar-se. — Como vai?
— Estou bem. — Ele cumprimentou Debbie, mas seus olhos estavam fixos no verdadeiro alvo. — Margot. Que prazer te ver. — Só não aqui. Não no meu clube de aberrações.
— Darius? — O choque dela era evidente. — Eu... hum... não esperava... — ela gaguejou, tentando recuperar o fôlego. — Quero dizer, como você está?
— Debbie, preciso de alguns minutos a sós com a Margot. — Ele ajudou Debbie a descer do banquinho, conduzindo-a com um gesto firme. — Peça uma bebida. Coloque na minha conta.
— Claro, Sr. Montclair. — Debbie lançou um último olhar confuso a Margot antes de se afastar.
Margot ajeitou os cabelos castanhos sedosos atrás da orelha, revelando um perfume fresco de hortelã que fez a cabeça dele girar. — Oi... — disse com a voz suave, nervosa. — Faz tempo que não nos vemos.
— Estava pensando o mesmo quando você entrou. — Ele passou os dedos pelo balcão, resistindo ao impulso quase incontrolável de tocá-la. — Almocei com seu irmão na semana passada. Ele não mencionou que você estava na cidade.
Por que mencionaria? Jayden não precisava alimentar fantasias que Darius já lutava contra há anos.
— Me formei em maio e achei que uma aventura na cidade seria divertida. — Ela mexeu as mãos, um gesto nervoso. — Não esperava te encontrar aqui.
— Nem eu, Margot. — Ele pousou a mão sobre a dela para interromper o tique, mas a maciez da pele dela provocou nele uma reação instantânea, visceral. Uma reação que sabia que precisava controlar. — Vou ter que pedir para você ir embora.