Sabe à sensação de estar caindo? É aterrorizante, te deixa agoniado porque você não sabe se vai doer ou não, foi assim que acordei hoje, a diferença da sensação é que realmente caí e doeu. Gemi de dor por bater o quadril na queda e abrindo os olhos notei que estava em casa no meu quarto, o que é bom, considerando que tomei todas e umas a mais que não me desceu muito bem. A minha cabeça explodia e me sentia um pouco enjoada, não é surpresa, olhei para cama e vi que o Lorenzo estava jogado de qualquer jeito nela, nem enrolado ele estava, me perguntei como viemos parar aqui no meu quarto sendo que me lembro perfeitamente de ter apagado em cima de uma mesa na área vip.
Por um momento me senti um pouco infantil, o meu quarto ainda tem muito rosa, e apesar de ter feito 19 anos eu ainda não conseguia me livrar de todo o rosa e as pelúcias que havia nele, tinha uma casa de boneca no canto e alguns posteres de bandas espalhados pelo quarto, até mesmo um pequeno lugar com alguns livros, mesmo que eu não tocasse em nenhum deles.
_ Que fome _ Assustei-me com a voz que veio do outro lado da cama.
_ Gustavo?
_ Ah... oi Bruna _ A sua voz parecia envergonhada e o seu rosto denunciou o quão envergonhado ele estava.
_ O que diabos você ta fazendo aqui? Ou melhor, por que você estava deitado aí no chão do meu quarto?
_ Fome?
_ Calem a boca vocês dois, ainda quero dormir um pouco mais _ A voz de Lorenzo soou abafada e rouca, ainda estava dormindo praticamente.
_ Lorenzo... acorda, o que vocês estão fazendo aqui no meu quarto?
Um minuto de silêncio prevaleceu e então Lorenzo que antes dormia levantou-se num pulo e olhou ao redor como para confirmar que estava mesmo no meu quarto, provavelmente ele nem sabia onde estava, mas que diabos.
_ Desculpa Bruna, acho que perdi a cabeça ontem _ Quem falou foi Gustavo, e eu me perguntei o que havia acontecido para nós três estarmos no meu quarto _ Não foi intencional te beijar, e desculpa por beijar o Lorenzo como vingança por você não me dar atenção.
Mas que diabos...
_ Alguém ta com fome?
_ Não Gustavo, não to com fome, por que beijou o Lorenzo, e você, por que não empurrou ele?
_ Não sabia que ele ia me beijar assim que você disse não para ele _ É uma boa justificativa, mas ainda, assim eles beijaram-se _ Para de me olhar assim Bruna, eu empurrei ele quando percebi.
_ Acho melhor irmos comer ou vocês podem ir embora agora.
Ignorei a discussão que se iniciou no momento que saí para ir ao banheiro, trancando a porta atrás de mim. Aí que merda, se papai tiver em casa eu to morta, ou que seria pior, se os meninos estiverem aqui eu morro de verdade, o que diabos deu nesses dois para me seguirem até em casa. Saí do banheiro depois de 15 minutos e os dois ainda discutiam em cima da cama, revirei os olhos e deixei o quarto indo até a sala e para minha surpresa estava todos lá, até mesmo Sophia, Sophie e Sabrina. Talvez eu tenha me preocupado atoa, me sentei ao lado do Alex e logo em seguida Lorenzo e Gustavo passaram pelo batente da porta e se sentaram ao lado do meu pai, uma pena para eles né, não posso lazer nada, hoj era um dos raros dias em que eu estava com fome por isso me coloquei a encher meu prato um pouco, mesmo que fosse só uma torrada um mamão e um copo de leite morno, já era uma coisa grandiosa para mim.
_ Quer uma fatia de maçã Bruna _ Levantei os olhos do meu mamão e vi que era o Lorenzo que estava me oferecendo a maçã, não quis recusar mas já começava a me sentir um pouco cheia somente com o leite e o mamão, ainda assim eu aceitei a maçã mesmo ainda tendo uma torrada intocada no prato _ É bom comer bastante, ajuda na ressaca.
Apenas acenei com a cabeça e voltei a comer, depois da torrada aos poucos eu fui comendo a maçã e me senti feliz por não sentir vontade de vomitar com ela, então eu continuei a mastigar até ter certeza de que não corria nenhum risco de vomitar o meu café da manhã.
_ Que tal irmos lá em casa? Podemos jogar ou então fazer qualquer coisa, podemos pedir comida também como uma festa do pijama _ A pergunta de Sabrina me tirou dos meus pensamentos, pode ser legal sair um pouco.
_ Acho que pode ser legal, tenho que trocar de roupa e arrumar à bolsa _ Digo bebendo mais um pouco de leite e já me levantando da mesa.
_ Se forem ficar por lá até mais tarde lembrem de avisar, tenho algo a fazer com o Christian então se eu demorar entre em contato com o avô de vocês _ Ryan parecia mais serio do ontem, então para não o stressar logo pela manhã nós apenas concordamos _ Gabriel vem comigo, Alex você fica e ajuda a sua mãe em casa.
_ O que? Mas eu ia para a casa da Sabrina, o Biel não pode ficar?
_ Faça o que eu mando, Bruna eu quero você em casa antes das 22 horas, entendido?
_ Sim pai.
_ Certo. Querida eu ja estou indo, Alex vai te fazer companhia, vamos Biel o Christian deve tá nos esperando uma hora dessas.
Demos tchau a eles e terminamos o café da manhã, subi correndo para o quarto e pego uma muda de roupa e uma pequena bolsa somente para por uma troca de roupas e a minha carteira, quando desci já estavam todos na porta me esperando. Uma pena que o Alex não possa ir, mas não vou ficar em casa somente por que ele não pode ir, papai foi bem categórico e eu não iria passar por cima das palavras dele, exceto caso queira tomar um esporro daqueles.
_ Mãe eu já tô indo, ve se presta atenção em Alex, papai te mata caso algo aconteça com a mamãe, ou melhor, connosco _ Dei tchau a eles novamente e sigo o pessoal _ Não acredito que vou subir essa ladeira para a tua casa sabrina.
_ Todos vamos _ Respondeu Gustavo, apesar de todos estarem subindo essa ladeira eu sei muito bem que alguns deles vão parar em casa para trocarem de roupa e tomarem um banho.
Conversa vai, conversa vem nem percebi quando chegamos na casa da Sabrina, mas não adiantou muito porque temos que descer metade da ladeira para ir no mercadinho, senti uma enorme vontade de esganar a Sabrina, mas me controlei. Como os meninos foram em casa para trocarem de roupa e tomar banho só sobrou eu e as meninas aqui, fiz Sophie e Sophia entrarem em casa e então eu e a sabrina fomos na vedinha da rua de baixo comprar qualquer coisa que fossemos precisar para a tarde do pijama, como a mãe da Sabrina estava em casa as gémeas não iam ficar só por muito tempo. Compramos tudo que achamos interessante e voltamos para a casa dela, os meninos ja estavam la então só colocamos as embalagens em cima da mesa da sala, ja era um pouco mais de uma da tarde.
Os meninos começaram a conversar enquanto escolhemos o filme, eu e as meninas abrimos as pipocas e colocamos em potes separados por sabor e marca, não sei em que momento começou a chover, mas quando notamos estava uma forte chuva lá fora. Não tinha passado nem uma hora de filme quando a energia começou a oscilar até finalmente cair com toda a glória que só ela tinha. A minha mente desligou junto a energia, tenho pavor do escuro e pensei que nunca na vida eu ia passar por isso de novo, eu sentia o pânico crescendo em minha pele, rastejando como um inseto peçonhento.
_ O que vamos fazer? _ A voz de Gustavo estava próxima a mim, por isso eu tateei até encontra a sua mão lá no sofá, então a segurei com força. _ Aí d***o, isso doí Bruna.
_ Como sabe que sou eu?
_ Você estava do meu lado esse tempo todo Bruna. _ Dei de ombros, ele estava certo afinal.
_ Aqui gente, pode desligar a lanterna _ Sabrina entrou na sala com algumas velas acessas, sinceramente parecia que íamos exorcizar alguém _ A gente pode tentar jogar verdade ou desafio, pode ser legal.
_ Garrafa temos a vontade aqui _ Lorenzo estava certo, e ele parecia querer jogar também então eu não me oporia essa decisão.
_ Senta todo mundo aí _ Aponto para o lugar que tem mais luz.
Todos nos sentamos no chão e então alguém bateu na porta.