Pré-visualização gratuita A Descoberta
A Verdade Horrível
Olivia não sabia explicar o que a incomodava naquela noite. Algo parecia errado, como se uma sombra pairasse sobre ela, sufocando-a com um pressentimento sombrio. Sentada na sala de estar, com uma xícara de chá em mãos, ela olhava para o relógio. Era tarde, e Edmundo ainda não tinha chegado. Ele havia dito que estava em uma reunião importante, algo sobre uma nova oportunidade de negócios. Mas, recentemente, ele tinha saído demais, e as desculpas soavam cada vez mais vazias.
Tentando afastar os pensamentos que a incomodavam, Olivia levantou-se do sofá e decidiu ir para o quarto. No caminho, notou que o telefone de Edmundo estava na mesa da sala. Ele nunca o deixava para trás. Uma sensação gelada subiu pela espinha de Olivia, e um desconforto crescente tomou conta dela.
Ao pegar o telefone, a tela acendeu com uma mensagem. O nome de Érica piscou, seguido por um emoji de coração. Olivia sentiu o estômago revirar. Por que sua meia-irmã enviaria mensagens de amor para o seu marido? Sem pensar, abriu a mensagem e sentiu o mundo desabar ao ler: “Espero você. Não demore mais, querido. Estou com saudades.”
O chão pareceu sumir sob os pés de Olivia. Era como se o ar ao seu redor se tornasse pesado, quase irrespirável. Seu coração acelerou, a mente corria a mil por hora, tentando racionalizar o que acabara de ver. Talvez fosse um m*l-entendido, uma piada interna que ela desconhecia. Mas a intuição, aquela que ela sempre ignorava, dizia o contrário.
Agindo por impulso, Olivia pegou o casaco e saiu de casa. Seu destino era a casa de Érica, que ficava a poucos quarteirões. O ar da noite era cortante, mas ela m*l notava o frio. Sua mente estava tomada por uma mistura de raiva, medo e uma incredulidade crescente. Ela não sabia exatamente o que esperava encontrar, mas precisava ver com os próprios olhos.
Ao chegar à casa de Érica, Olivia se deparou com as luzes apagadas na parte da frente. Tudo parecia tranquilo, como se ninguém estivesse em casa. No entanto, uma leve iluminação vinha do andar de cima, da janela do quarto de sua meia-irmã. O estômago de Olivia deu um nó.
Ela sabia onde Érica guardava a chave extra, e sem pensar muito, destrancou a porta silenciosamente. As escadas rangeram sob seus pés enquanto subia, o coração batendo descompassado. Cada passo parecia arrastá-la para o abismo de uma verdade que ela não queria encarar. Quando chegou à porta do quarto, ouviu sussurros e risadas abafadas.
A raiva queimava em suas veias. Ela abriu a porta de uma vez, sem hesitação, e o que viu foi como uma facada no peito. Edmundo e Érica, entrelaçados na cama, seus corpos nus à luz suave do abajur. Eles não a ouviram entrar, tão imersos um no outro que estavam.
Por alguns segundos, Olivia ficou congelada. O tempo pareceu parar. Sua mente se recusava a processar o que seus olhos viam. Edmundo, o homem que prometera amá-la, o homem em quem confiara com sua vida, estava traindo-a com a própria irmã. E Érica, com quem cresceu, sorria de um jeito que nunca sorrira para ela.
Aquele sorriso falso e venenoso.
Finalmente, a voz de Olivia saiu, mais alta do que ela pretendia.
— O que está acontecendo aqui? — Sua voz tremeu, carregada de dor e fúria.
Edmundo e Érica se separaram rapidamente, o choque estampado nos rostos deles. Os olhos de Edmundo se arregalaram, e por um segundo, ele pareceu hesitar, como se tentasse pensar em uma explicação. Mas não havia desculpa para aquilo.
— Olivia... não é o que parece...— começou Edmundo, gaguejando, enquanto pegava suas roupas apressadamente.
— Não é o que parece?! — Olivia deu um passo à frente, sentindo a raiva tomar conta de seu corpo. — Vocês estão juntos, na cama dela! O que mais isso poderia ser?!
Érica, por outro lado, parecia muito mais controlada. Um sorriso frio e arrogante surgiu em seus lábios.
— Olivia, por favor, não seja dramática. Sempre soube que não estava à altura do Edmundo. Nós dois sempre soubemos. — A voz dela era suave, mas as palavras cortavam fundo. — Você deveria ter visto isso.
O sangue de Olivia ferveu. Toda a desconfiança, as noites solitárias, as desculpas esfarrapadas de Edmundo, tudo se encaixava. Eles estavam juntos há muito mais tempo do que ela imaginara. A traição não era apenas física, era emocional. Eles riam dela pelas costas, aproveitando-se de sua confiança cega.
Olivia sentia o chão desmoronar sob seus pés. Sua respiração estava rápida e descompassada, as mãos tremiam de fúria. A dor no peito era insuportável, mas algo dentro dela, algo mais profundo, mais sombrio, começou a emergir. Era um sentimento de vingança, de justiça.
Ela não choraria na frente deles. Não lhes daria o prazer de vê-la desmoronar.
— Vocês vão pagar por isso. — Sua voz saiu baixa, quase um sussurro, mas o tom era frio como o gelo.
Olivia virou-se e saiu, deixando para trás o som abafado dos protestos de Edmundo e a risada silenciosa de Érica. Ao descer as escadas e sair pela porta, o ar fresco da noite pareceu cortar sua pele como lâminas afiadas.
Enquanto caminhava de volta para casa, uma nova clareza se formou em sua mente. Aquela traição não a destruiria. Pelo contrário, daria a ela a força para fazer o que fosse necessário.