Dante Narrando Acordei antes dela. O quarto ainda tava naquela penumbra azulada do ar-condicionado, com o lençol embolado no pé da cama e o silêncio pesado da casa lá fora. E ela ali… do meu lado. Encolhidinha, grudada em mim, com o rosto sereno, dormindo feito criança. Fiquei quieto por uns minutos, só olhando. O cabelo dela tava bagunçado, espalhado no travesseiro, e a respiração leve batia no meu peito. A mão dela ainda tava encostada na minha barriga, como se tivesse medo de eu sumir no meio da noite. Mas eu tava ali. E ela também. E, p***a… pela primeira vez em muito tempo, eu não queria estar em outro lugar. Passei os dedos devagar no cabelo dela. Um carinho leve, quase involuntário. Ela nem se mexeu. Só afundou mais o rosto no meu peito, como se tivesse certeza de que era seguro

