Maya Narrando
Minha mãe morreu quando eu tinha sete anos. Pelo menos… foi isso que me contaram. Eu lembro vagamente daquele dia. Acordei ela não tava. Falei pra babá:
— Cadê a mamãe?
Ela chorou. Me abraçou. Disse que a mamãe tinha virado estrela. E depois veio o Dante. Sério, calado, com aquele olhar que sempre parecia carregar o peso do mundo. Sentou na beirada da cama e falou com a voz grave:
— A mamãe foi embora, Maya. Mas eu tô aqui.
Na hora, eu só chorei. Eu era uma criança, né? Nem sabia o que era perder alguém de verdade. Mas com o tempo… eu fui sentindo o buraco. Porque mãe não é só presença. É cheiro. É voz. É bronca. E sem ela… a casa ficou fria.
O Dante nunca tentou ocupar o lugar dela. E eu acho que é por isso que eu nunca odiei ele. Ele era tipo… uma sombra boa.Tava sempre ali, mas nunca em cima.Não dava abraço, não penteava meu cabelo, não sabia nem a senha da minha mochila.Mas pagava tudo.Escola boa. Balé. Natação. Aula de inglês. Psicológa. Dentista.Eu nunca pedi nada duas vezes. Era só falar pra babá, e no outro dia já tava resolvido.
Eu cresci ouvindo as outras meninas da escola dizendo:
— Meu pai não deixa.
— Meu pai brigou comigo.
— Meu pai foi na reunião.
E eu… eu não tinha isso. Mas também não me faltava nada. Só me faltava ela. A primeira babá era boazinha. Velhinha, cheirava a talco e creme Nivea. Fazia mingau, colocava fita no meu cabelo, botava música evangélica baixinho no rádio.
Depois veio a Raquel. Mais nova. Bonita. Eu gostava dela. Ela dançava comigo no corredor, fazia trança embutida e me chamava de “princesa da casa”. Mas ela sumia toda noite. Quando eu acordava de madrugada pra beber água, o quarto dela tava vazio. Eu achava que ela ia embora, mas no dia seguinte ela tava lá. Sempre com cara de quem sabia demais e falava de menos.
Eu não sou burra. Mesmo pequena, eu via as coisas. O Dante chegando tarde, jogando a arma no sofá. Ela aparecendo pouco tempo depois, ajeitando o cabelo, com a camisa amassada. Eu nunca perguntei nada. Nunca comentei. Mas eu via.
E o Dante? Ele era… um mistério. Homem grande, tatuado, cheio de cordão, com a cara sempre fechada. Ele não sorria. Não brincava. Não perguntava como foi na escola. Mas toda vez que eu passava pela sala, ele tava ali. Olhando. De canto. Silencioso.
Ele pagava tudo. Mas não falava nada. Nunca disse “eu gosto de você”. Mas também nunca me deixou faltar nada. Uma vez, uma menina me chamou de “filha de bandido” na escola. Tava com a lancheira na mão, pronta pra ir embora. E ela disse:
— Teu pai manda matar.
E eu fiquei sem reação. Fui pra casa com aquilo na cabeça. Cheguei, entrei calada. Fui direto pro quarto.
Chorei no travesseiro, sem saber por quê. No dia seguinte, o pai dela apareceu na escola com o braço enfaixado.
Eu nunca soube o que aconteceu. Mas depois disso… ninguém nunca mais falou do Dante perto de mim. Eu cresci nesse silêncio. Nesse espaço entre o medo e a proteção. Entre o abandono da minha mãe… e a presença muda dele.
E até hoje… Eu olho pra trás e me pergunto,se ela tivesse ficado… Como teria sido minha vida? Talvez eu tivesse virado outra pessoa. Mais doce. Mais leve. Mais normal. Mas eu cresci do jeito que deu. Aprendi a dançar sozinha. A pentear meu cabelo no espelho. A lidar com ausência sem chorar.
E agora, olhando pra mim mesma no espelho, com esse corpo que já não é mais de menina, com a cabeça cheia de dúvidas e o peito cheio de perguntas… Eu me pergunto: Será que ele ainda me vê como aquela garotinha assustada? Ou será que ele já percebeu… que eu cresci?
Eu lembro até hoje. A primeira vez que senti… t***o. Não era curiosidade. Não era confusão. Era uma coisa quente. Bruta.Daquelas que te deixam com a perna mole e o coração batendo no meio das coxas.
Eu tinha 15 anos. Já tinha corpo, já tinha cabeça e eu sabia perfeitamente o que estava acontecendo. Mas nunca tinha sentido aquilo com tanta força. Era madrugada. Três da manhã, talvez. A casa inteira quieta. Desci pra beber água, meio sonâmbula, descalça, só de short e regata. E foi quando eu ouvi.
Gemido. Baixo no começo, arrastado… depois foi ficando mais forte. Mais intenso. Eu parei na metade da escada, no escuro, com a mão gelada no corrimão. E eu vi. O Dante… No sofá da sala. Sentado, com a cabeça jogada pra trás e a mão cravada na cintura dela. E ela… a babá da vez… montada nele, rebolando com força, gemendo com gosto, como se aquilo fosse a melhor coisa do mundo.
Ela gemia o nome dele. Devagar, arrastado.
— Daaaante… ai… p***a… me fode assim, c*****o. Que p*u gostoso..
E eu fiquei ali. Parada. O coração disparado, o corpo travado, a respiração falhando. Mas eu não queria sair. Não queria descer. Não queria voltar pro quarto. Eu queria… ver e eu vi.
Vi o jeito que ele segurava ela pela nuca. Vi o jeito que ele metia, bruto, forte, fundo. Vi a pele suada, os corpos colados, os olhos fechados, o t***o escorrendo. Era errado. Era estranho. Mas eu sentia o meu corpo inteiro vibrando com aquela cena.
Meus m*****s endureceram. Minhas pernas tremiam. Minha calcinha… tava molhada. Eu subi as escadas em silêncio. Fui pro quarto com o coração na boca, o peito sufocado, e o desejo gritando. Deitei na cama, com a luz apagada. A cena toda martelando na minha cabeça.
O gemido. A voz rouca dele. O som da pele batendo. O jeito que ele puxava o cabelo dela.E foi ali, naquela madrugada que eu me toquei pela primeira vez. A mão tremia. O corpo ardia. E a imagem dele… colada nos meus olhos. Eu abri as pernas e me esfreguei.
Primeiro devagar, depois com mais força. Conforme o t***o e a sensação iam aumentando, eu esfregava gostoso, sentia o melado escorrendo, eu ficava com mais vontade. Eu fechei os olhos e imaginei ele me comendo da mesma forma que tava fazendo com a menina no sofá.
Eu chupava meus dedos e voltava a esfregar no meu g***o, eu tava sentindo tanto t***o que eu não tava conseguindo me controlar. Quando eu senti que ia gozar, eu chamei por ele baixinho, imaginando a língua dele passando pelo meu g***o, enquanto eu apertava o cabelo dele, eu fechei os olhos e joguei minha cabeça pra trás.
Até gozar com a boca entreaberta, o travesseiro molhado, e o nome dele preso na garganta. Eu desejei ele. Com força. Com vontade. Com um calor que eu nunca tinha sentido antes. E desde aquele dia… eu nunca mais fui a mesma.