JORGE NARRANDO Bar de quinta-feira, começo de noite, aquele clima morno de morro em que ninguém sabe se vai chover ou se vai dar baile. Eu já tava no segundo copo de cachaça com limão quando os primeiros vagabundo começaram a aparecer. Bar do Osvaldo sempre lota depois das sete, mas eu gosto de chegar mais cedo, pegar a melhor mesa e garantir a televisão pra passar jogo, mesmo que ninguém veja. Tava com o cu cheio de raiva desde cedo, desde que a Tânia voltou de lá daquele barraco do Dante chorando, surtada. E eu só pensava: “essa mulher vai fuder minha vida”. — p***a, Jorge, hoje tu tá no veneno mesmo, hein? — falou o Neguinho, sentando do meu lado e já puxando uma cadeira pro Rodriguinho. — Tô, irmão. Tô porque mulher não dá trégua, não. Tá lá em casa, surtada, chorando, falando que

