10

1586 Palavras

MAYA NARRANDO Subi pro meu quarto igual uma bala, pisando duro, o coração embolado no peito, o rosto queimando de raiva e vergonha. Assim que encostei a porta, foi automático: joguei a mochila longe, arranquei o biquíni molhado do corpo e entrei direto pro banheiro. O chuveiro caiu quente nas costas, mas nem adiantou. O calor de dentro era maior. Tava tudo fervendo aqui dentro. Passei o sabonete no corpo com tanta força que a pele chegou a ficar vermelha. Era como se eu quisesse tirar dele de mim. O cheiro dele. A voz dele. A bronca dele. A presença dele. Porque não era só o grito. Era o jeito que ele olhou. Era o jeito que ele me arrancou de lá. Como se eu fosse uma criança que fez merda. Como se ele tivesse direito sobre mim. Como se ele fosse o dono de tudo — inclusive do que eu sinto

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR