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1140 Palavras
Sarah Menezes Volto pra casa correndo, assim que entro dentro de casa já vejo Isaque arrumando tudo na geladeira, as coisas do armário já estava no armário e algumas coisas que eu acho que ele separou pra nós fazer agora estava na pia. — Oii, Ísis tá dormindo? — Pergunto, ele se vira pra mim. — Tá pô, coloquei o frango pra descongelar. — Ele fala e eu assinto. — Eu tenho uma notícia boa, consegui um emprego. — Falo, ele abre um sorriso verdadeiro. Desde que eu o vi, essa é a primeira vez que vejo ele sorrindo verdadeiramente. — c*****o, tu foi rápida. — Assinto sorrindo. Pego a coisa e começo a me preparar para fazer a comida, decidi fazer algo rápido e prático. — 2 mil por mês, dá pra nós viver tranquilamente. — Falo pegando cebola e alho que eu comprei. — Eu tenho que arrumar um trampo também, não dá pra fica encostado! — Ele diz, paro de corta a cebola e olho em seus olhos. — Você não quer fazer algum curso? Estudar mais um pouco pra tentar sei lá... fazer uma faculdade, com o que você é bom? — Pergunto. — Em matemática, eu já participei até de campeonatos . — Sorrio orgulhosa. — Mas na situação que nós estamos primeiro temos que nos estabilizar, Ísis precisa ir pra escola, vamos ter que gastar com roupa, material eu só tenho algumas roupas. — Nós temos que nos organizar então. — Falo e ele assente. — Amanhã eu já começo no trabalho, mas você pode ir na escolinha escrever ela, vou deixar dinheiro com você e você vai atrás de comprar as coisas que ela precisa pra escola e coisa de higiene que vocês usam, também já compra roupa pra você, quando eu volta de casa de noite nós podemos sair e sei lá, conhecer a favela. — Então é isso pô, quer ajuda aí? — Ele pergunta. Olho para ele animada, eu e Isaque ficamos muitos anos afastados, assim como pra mim ele é quase um estranho pra ele eu também sou, e eu entendo isso e jamais iria força nada. Mas agora com a sua atitude, eu vejo que ele quer se aproximar. — Claro, você pode ir fazer arroz e depois corta o tempero pra mim fazer a batata? — Pergunto, ele assente e se posiciona ao meu lado. — Como que você aprendeu a cozinhar? — Ham, com uma mãe que não sabe fazer nem arroz e um pai que nunca tava em casa e uma criança que come pra c*****o, vídeo no YouTube salva e depois você só vai pegando jeito, e você? — Sorrio. — Bom, eu aprendi na marra mas eu já sabia fazer algumas coisas , mas não era tão elaborado como é hoje. — Explico quando corto todo o tempero coloco na panela a já começo a cortar o frango, vou fazer Strogonoff. — Hoje eu já me viro e sei fazer qualquer comida. — Qualquer coisa mesmo? — Ele pergunta. — Ihhh, óbvio eu me viro muito bem. — Falo rindo. — Quero só vê uma lasanha e um bolo de chocolate. — Sorrio. — Manhã tu vai ter o melhor bolo de chocolate pro café da manhã então. — Falo e ele me olha meio desconfiado. A real é que eu já amava fazer bolo pra mim, agora vai ser nós três, bolo de café da manhã é ótimo, faz um cafezinho e um leite quente e tudo fica ótimo. — Ok, quero só vê. — Ele fala rindo. — Espero que não fique aquele bolo que nós joga na parede e ele possa ser usado de reboco. — Ihhh sai pra lá! — Falo rindo. Isaque termina de fazer o arroz, vai até a geladeira pega duas cerveja lava, abre e me estende uma e a outra ele toma um gole, tomo um gole da minha sentindo o gostinho maravilhoso. — Hum, eu estava precisando disso depois dessa loucura toda. — Falo colocando o frango que eu cortei na panela e mexendo. Isaque não responde, fica em silêncio, então eu me viro e vejo ele com os olhos cheio de lágrimas, olhando pra longe virando a latinha de cerveja. — Eii, quer conversar? — Pergunto. Ele olha pra baixo, funga a passar a mão no rosto secando as lágrimas e levanta a cabeça novamente olhando nos meus olhos. — Nós não pode fingir que não aconteceu nada Sarah, tu matou aquele filho da p**a e a polícia quando encontrar ele vai vim atrás de tu. — Ele fala sério. — Eu não consigo fechar meus olhos e não lembra daquela p***a daquela cena. — Eu sei, eu te entendo! — Murmuro e então seguro em seus mãos. — Mas eu não me permito me sentir culpada, sabe? O que aconteceu ali eu faria novamente e não pensaria duas vezes, por vocês eu faria tudo! Meu irmãos sorri fraco, respira fundo e n**a. — Me desculpa por te te julgando, saco? — Sorri e dei de ombros. — Você era novo demais, não entendeu o que estava acontecendo e esse tempo todo se sentiu abandonado por mim, eu tive muita vontade de ir te procurar, mas sabia que ela não ia deixar e não queria confusão. — Explico. — Eu te via, todos os dias. — Ergui minha sombrancelha confusa. — Todos os dias, você me via? — Pergunto e ele assente. — Onde que você me via? — Pergunto soltando a sua mão e indo mexer na panela. — Eu ficava em frente a tua faculdade com uma amigos, eu sempre te via passar mas tu nunca me reconheceu. — Abro e fecho a minha boca chocada. — Calma, você ficava junto com aqueles otários que toda vez que eu passava assobiava e ficava falando gracinha? — Pergunto, ele assente. — Aqueles caras vendia maconha…você vendia com eles? Seu olhar escurece, p**a merda. — Ruan me força a verdade, dizia que não queria eu encostado em casa, então ele me coloco pra vender na universidade, eu estudava de manhã e trabalhava a tarde. — Fala. — Um dia fui lego pela polícia, passei três dias apanhando feito louco pra falar quem era o traficante, mas eu não falei e passei o número do Ruan como meu pai e não traficante, ele pagou propina e me liberaram, mas no mesmo dia ele me fez vender maconha até eu lucrar tudo o que perdi, eu tava quebrado e cheio de febre, foi uns dias do cão. Meus olhos enchem de lágrimas, ele teve que passar por tudo isso sozinho? — E isso não é nem a metade pô, passei por muita merda por causa daquela cuzao. — Falo. — Você tem vontade de volta a traficar ou quer arrumar um emprego normal? — Pergunto.
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