No dia Seguinte
09:00am
Theodore Glass
Depois da noite longa que tive com a minha nova "chefe", ela pediu para eu dormir aqui com ela hoje. E eu não podia negar nada para aquela garota. Nem sei se um dia eu conseguiria negar algo para ela.
Acordo com a luz em meu rosto, irritando profundamente meus olhos. Olho para o lado e encontro uma garota vestida apenas de lingerie branca, que dormia calmamente. Momento perfeito para eu conhecer a casa e ver onde ela guardava as coisas valiosas.
Levanto devagar, tentando não fazer barulho e muito movimento para não acordá-la. Assim que consigo, ando de fininho até a porta do quarto, abro-a torcendo para que ela não fizesse barulho; e graças à Deus ela não fez. Atravessei a passagem e encostei a porta.
A casa era um tanto grande e cheia de portas. Pelo o que eu percebi ontem, lá embaixo, é apenas a sala de estar, cozinha, sala de jantar e os quintais ao lado de fora. Subindo a escada luxuosamente chique, você sai num enorme corredor cheio de portas, onde estou agora.
Abro a primeira porta e era um quarto, provavelmente de hóspedes. Próxima porta, era um
banheiro. Reviro os olhos, lembrando que em casa de rico o que mais tem é quarto de
hóspedes e banheiro e que isso dificultaria minha busca.
Tento outras duas portas, que também eram quartos. O do meio era o seu, e antes de passar adiante, olho pela frecha da porta e vejo-a dormindo como um anjo.
Vou para a próxima porta, e essa estava trancada. Suspiro e passo para as outras, que também estavam trancadas.
Então se estão trancadas, é porque são cômodos importantes, correto? Entro em seu quarto e pego o seu bolo de chaves, que estava em cima de sua mesinha do computador. Elas tinham que estar aqui.
Volto para fora do quarto, e ponho todas as chaves naquela fechadura; e quando eu estava quase desistindo, uma das chaves entra e gira. Suspiro e abro a porta, dando de cara com outro quarto. Mas esse não era igual aos outros anteriores, esse tinha algo de diferente.
Era grande igual ao de Lexi, a cama era grande e por cima lençóis, edredons e travesseiros na cor branca. Um closet, e uma prateleira longa cheia de quadros de fotos. Pego um e vejo uma mulher muito parecida com Alexis, loira e dos cabelos longos. Um homem, também loiro, ele não parecia tanto assim com a garota, mas tinha uns traços familiares. E no meio dos dois, uma garotinha com um sorriso gigantesco e belo, cabelos loiros presos em marias-chiquinhas e os malditos olhos azuis.
Era a Alexis.
Olho o quarto novamente, cada detalhe. Eu não conseguia juntar as peças em minha cabeça. Esse quarto não era de hóspedes, parecia ter o deixado intacto há anos, sem ninguém dormir aqui ou entrar. Saio rapidamente dele. Espero que com o tempo de convivência com a Alexis faça-me entender esse quarto e todas aquelas coisas.
Vou para o quarto ao lado, traçando a mesma briga de minutos atrás para achar a chave ideal. Depois de muita luta eu consigo encontrar e abro o quarto. Bom, não era literalmente um quarto, e sim um escritório. O piso era preto, como mármore. As paredes na cor branca, assim como os móveis da sala. Um armário, uma estante, uma prateleira cheia de prêmios e certificados; e a mesa e uma cadeira. Vou até a estante e a prateleira, encontrando mais quadros. E aquele casal das fotos do quarto ao lado, estavam nessas fotos, com pessoas famosas. Cantores e bandas famosas. Vários prêmios que diziam "Melhor Gravadora do ano", como por exemplo.
O que me fez pensar, que esse casal são os pais de Alexis e que eles são donos de todas essas gravadoras. Mas Hayes disse que Alexis era a dona dessas gravadoras. Que ela era a terceira garota mais jovem e bilionária dos Estados Unidos. E cadê os pais dela?
Mistérios e mais mistérios nessa casa.
Saio do escritório e o tranco.
Vamos para o último cômodo.
Depois de décadas tentando encontrar a chave — de novo — do último quarto, eu encontro e o abro. Mas assim que eu o abro, meus olhos se arregalam e meu coração dispara.
Meu Deus do céu.
Era uma espécie de estúdio de música. E na parede tinha violões, guitarras, baixos e vários outros do tipo pendurados. Havia duas baterias e um piano. Um teclado, se eu estou certo, uma harpa. Muitos instrumentos. Uma mesa de som. Eu estaria no paraíso se eu tivesse os meus quinze anos.
Durante a minha infância e adolescência, eu queria muito ser cantor ou Rapper. Era meu sonho.
— O que você está fazendo aqui? — ouço um grito e pulo com o susto. — Não podia ter entrado aqui!
— Eu queria conhecer a casa... Mas, Lexi, o que é isso? — pergunto, enquanto ela tentava me empurrar para fora. Era até um pouco engraçado, pois ela era baixinha e magrinha, parecia uma criança tentando me empurrar.
— Não é da sua conta, e nunca mais entre nesse ou em qualquer outro cômodo trancado! — ela fala me empurrando — Espera... Você entrou nos outros?
— Não. Esse foi o primeiro, juro. — minto e ela suspira aliviada.
Assim que saímos do cômodo, ela o tranca e me fita.
— Preciso por algumas regras aqui... — diz mordendo os lábios. — Mas vamos fazer isso na cozinha enquanto comemos.
Ela me puxa pelas escadas, e só agora eu pude perceber que ela vestia uma camisola de seda rosa, e um chinelo de veludo? Eu não faço ideia do que seja isso. E seus cabelos estavam presos num coque estranho.
Lexi me guia até a cozinha. Lembro que ainda não tinha conhecido este cômodo. Era grande também, era tudo de inox, o que só aumenta a certeza que essa garota era mesmo bilionária. Até o balcão e as cadeiras eram. E tinha um grande e luxuoso lustre no meio da cozinha.
— Por que você fica tão perdido olhando minha casa? — ela questiona rindo fraco, enquanto abria a geladeira e pegava alguma coisa de dentro dela.
— Nunca estive numa casa tão grande e chique assim. — dou de ombros. — Nunca tive tanto dinheiro, e quando minha mãe morreu, foi quando as coisas ficaram piores do que já eram.
— Sua mãe morreu? — ela pergunta com uma feição assustada, com curiosidade, na verdade, era essa e outras feições misturadas. Eu não sabia identificar. Assinto e respiro fundo. — Meus pêsames, e desculpe a pergunta, mas, como?
— Há uns dois dias atrás, fez seis anos que ela entrava num avião indo para Paris. Um presente meu e de minha irmã. O avião caiu. — digo mantendo minha feição séria, para segurar qualquer lágrima que queira cair.
Alexis ficou quieta depois disso, entretanto, ela veio rapidamente em minha direção e me abraçou. Surpreendi-me com a sua ação. E com o seu abraço. Era um abraço acolhedor. Nunca havia recebido um abraço assim. Passo meus braços por suas costas, e enterro meu rosto na curva de seu pescoço. Já era quase impossível segurar as minhas lágrimas. Depois de alguns bons minutos, ela se solta de mim, e olha-me, passando seu polegar por minha bochecha, secando minhas lágrimas.
— Saiba que eu sempre estarei aqui para o que você precisar. Sempre e para sempre. É uma promessa. Em qualquer coisa, está bem? — diz e eu assinto.
Ela volta para o balcão, onde tinha deixado alguns ingredientes e um pote de Nutella.
— Você gosta de panqueca com Nutella, certo? — pergunta e eu assinto.
Sento-me em uma cadeira de frente para o balcão e fiquei vendo-a preparar as panquecas. Alexis tinha um negócio estranho, ela parecia ser a pessoa mais feliz do mundo, mas por dentro era uma pessoa solitária. Eu consegui perceber isso, pois eu sou desse jeito. Ela era igual a mim nisso.
Depois de alguns minutos, ela põe uma pilha de panquecas em minha frente, tirando-me de meus pensamentos. Em sua outra mão, tinha uma colher e um chantilly. Ela põe tudo em cima do balcão e vai para a geladeira; pega uma jarra de suco, que eu posso apostar ser de uva e logo em seguida dois copies e se senta em minha frente.
— Agora podemos falar sobre as regras. — diz seria, passando Nutella em sua panqueca.
— Prossiga, madame. — brinco.
— Regra número um: não entre em nenhum dos quartos trancados dessa residência. Regra número dois: se você sujar alguma coisa, você que irá limpar. Os empregados são meus, não seus. — ela ri. — Regra número três: nunca me faça perguntas sobre o meu passado, se não eu irei desferir um soco no meio da sua cara. Regra número quatro:nunca me chame de Marie. Nunca. Se não eu irei cortar seu pênis enquanto dorme. — agora é a minha vez de rir. — Regra número cinco: nunca me machuque, menos no sexo. Tanto emocionalmente, como fisicamente. Regra número seis e última: não conte sobre minhas coisas e eu para seus amigos. É constrangedor.
— Por quê? — rio, passando meu dedo indicador sujo de Nutella em seu nariz.
— Eu sou muito diferente, tenho pensamentos, gostos e desejos estranhos...
— Ninfomaníaca? — pergunto, interrompendo-a e ela me olha de instantâneo, com os olhos arregalados. — Qual é! Nenhuma garota qualquer faria isso o que você está fazendo comigo! E eu sei o porquê de ter tido essa ideia maluca.
— Por quê?
— Na noite anterior, você estava numa balada, e um cara, mais especificamente, Samuel
Wallker, tentou fazer algo a força com você. — digo e Luppin arqueia suas sobrancelhas. — Eu estava lá. Meus amigos estavam com suas amigas e eu vi a cena. Sendo que depois eu dei um corretivo em Sammy.
— Você o conhece?
— Sempre o odiei. — dou de ombros.
— Por que não falou comigo? — pergunta, tomando um gole de seu suco.
— Eu ia. Mas depois daquele babaca ter feito aquilo, você foi embora e eu fui t*****r com outra garota. Poderia ter sido você. — falo.
— Não acredito que você transou com uma garota e em menos de vinte e quatro horas depois transou comigo! — quase grita.
— Graças a Deus, né? Agora eu só posso t*****r com você. — respondo e ela revira os olhos.
— Você é um safado. — ri fraco.
— Assim como você, sweet. — pisco.
ღღღ
Terminamos de comer e Alexis pediu-me para ajudá-la a lavar louça. E de novo, eu não poderia negar, se não ela jogaria um prato em minha cara.
— Lexi? — chamo-a enquanto seco os pratos que a própria lavava.
— Hum?
— Cadê seus empregados?
— Sempre dou dois dias da semana de folga para eles. Afinal, eles que cuidam de mim e sei que é muito cansativo. — dá de ombros.
— Que cuidam de você? E seus pais? — pergunto.
— Não podemos falar sobre isso, não ainda. — responde e sua feição muda completamente.
Quando terminamos, digo que tenho que voltar para casa. Lexi também tinha compromisso. Tomo um banho e visto minhas coisas. E Alexis se dispõe a me levar. E eu aceito a carona sem pensar duas vezes. Mas antes, ela me dá um envelope, cheio de dinheiro, dizendo que era o meu primeiro salário. Eu estou adorando esse emprego.
Chegamos na garagem e eu quase enfartei com todos os carros que tinha ali. Mercedes,
Honda, Ferrari, Jeep, Land Rover, e outros. Acho que tem um carro de cada marca aqui.
Ela pega a chave de um e anda até ele. O Jeep.
Entramos e em poucos minutos ela estava me deixando na porta de casa, depois de minhas indicações para onde ir.
Antes de sair, eu viro-me para ela e seguro seu rosto, grudando nossos lábios em seguida. Seu beijo tinha um gosto diferente. Seus lábios eram macios, e seu beijo tinha o pequeno toque delicado dela, misturado com o desejo e selvageria.
— Vai logo antes que eu não deixe e transe com você aqui mesmo. — fala com falta de ar, encostando-se no banco e fechando os olhos com força.
— Não seria má ideia. — digo e vejo um sorriso crescer em seus lábios, mas logo desapareceram, pois Alexis morde eles. — Não me diga que está imaginando a gente fodendo nesse carro, nesse exato momento? — pergunto rindo e ela assente.
— Vai logo! — ri, ainda de olhos fechados. Roubo um último beijo seu e saio do carro.
Irei me divertir bastante com essa garota. Ganhar bastante dinheiro. E descobrir alguns segredos importantes dela. Pois eu tenho certeza que alguma coisa aconteceu com os pais dela, para ela ter pego o nome das gravadoras e tudo o que os pais tinham, algo muito sério aconteceu na vida dessa garota. E ela acha que vai esconder esses segredos por muito tempo de mim.
Chego em casa e vejo todos os garotos jogados na sala de estar, jogando videogame.
— Glass! — Bailey grita ao me ver. — E aí, como foi?
— Já digo tudo o que aconteceu, mas primeiro... Hayes, quero que pesquise sobre a família de Alexis. Preciso saber o que aconteceu e...
— Eles estão mortos, Theodore! — Castiel responde. — Morreram em um acidente de avião, a caminho da França há seis anos.