Pré-visualização gratuita Capítulo 1
Uma vez meu tio chegou em casa bêbado e tentou me estuprar,Lúcia, sua mulher, não deixou. Estranhei? Estranhei, ela me infernizava todos os dias, porque iria me defender?
Eles não me deixavam sair, muito menos ter amigos.
Era ameaçada frequentemente.
"Se contar alguém,nós te matamos", era o que eles diziam.
Me buscavam e me levavam para a escola. Professores achavam que eu tinha problemas por não falar com ninguém, uma coisa que acho ridículo, ninguém é obrigado a falar com ninguém.
Falta exatamente um dia para meu aniversário de dezoito anos.
Não estava a esperar nada de diferente, além de dor,provocações e sem ver o sol.
-REBECA!!-Lúcia me tira dos pensamento.
O dia seria longo.
-Estou indo!-desço correndo com a vassoura em mãos.-Sim senhora?
-Você não limpou os armários corretamente!
-Limpei sim.
- Não limpou! Quero isso limpo!
-Mas já limpei!
-Cala a boca e limpa novamente!- meu rosto arder com o tapa, não penso muito e o devolvo na mesma intensidade.-Você me paga, pirralha imprestável!
Ela saí rapidamente da sala sem falar mais nada, mas sei que terá consequências. Graves.
Ouço o carro do meu tio chegar depois de algumas horas limpando a casa.
A porta velha da casa range ao ser aberta.
-Como estão as coisas por aqui?- ele pergunta.
-Ela me bateu!- ouço ela comentando.
-E por que ela te bateu? Você deve ter feito algo, pois ela sabe muito bem as consequências,Lúcia!
Não ouvi sua reposta.
Ferrou!
Essa foi a primeira coisa que pensei.
-Onde ela está,Lúcia?- ele pergunta calmo.
-Lá em cima, arrumando os quartos.
-Eu já volto.- ouço passos indo em direção a escada.
As escadas por serem velhas, fazem um barulho irritante, até demais.
Ele anda pelo corredor até parar em frente a minha porta.
Corro para o banheiro do quarto.
Por que fui bater nela?!
Tranco-me no banheiro.
Ouço a porta do quarto abrindo. Passos até a porta do banheiro.
-Abre agora esta porta ou será pior e você sabe!
Fico em silêncio.
-Sua tia disse que você bateu nela, o que aconteceu?
-Ela me bateu primeiro e na raiva eu devolvi.
Ele tenta virar a maçaneta para entrar, porém a porta está trancada.
-Abre está porta!- agora ele está furioso.- Irei contar até três e é melhor você abrir.
Espero um tempo.
-1
Meu Deus, o que eu faço?
-2
Merda, Merda, Merda!
-3
Ele arromba a porta.
Estava vermelho de ter feito o esforço de quebrar a porta.
Ele devia ter 37 anos. Moreno, alto, forte e estressado.
Ele me arrasta até o quarto velho que fica no final do corredor.
O quarto era cheio mofo.
Tinha os móveis velhos da casa.
Ele tirou o cinto e começou a me bater.
-Você sabia das consequências! Não quero que isto se repita ou será pior!
Depois de um tempo, ele chama a minha tia e diz:
-Se desculpe.
Tive que engolir o meu orgulho e me desculpar, senão ele me batia novamente, já estava muito machucada.
-Me desculpe.- falo baixo, sem forças para falar mais alto.
Lúcia era magra, cabelos castanhos escuros, olhos castanhos também, tem 33 anos. Minha mãe nunca gostou dela, ela sempre achava um defeito em mim desde que eu era criança. Parecia ter inveja.. sabe?!
Sou ruiva, olhos claros, branca igual papel, com sardas praticamente em todo corpo.
Logo se foram , me deixando ali, toda roxa,com a boca sangrando, me sentindo humilhada,sem conseguir levantar ,só tendo forças para chorar e pedir a Deus que me ajude a sair deste inferno,que meus tios dizem ser uma casa.
Tento levantar novamente ,mas não consigo ficar em pé por causa das dores,choro cada vez mais.
Vou me arrastando até o espelho e vejo os hematomas, sinto cada vez mais ódio deles por me fazerem sofrer.
Deito no chão frio e ali mesmo eu durmo.
Acordo cedo,levanto-me com dificuldade,saio do quarto me escorando em tudo que há em minha frente.
Vejo que a casa está vazia e agradeço a Deus.
Vou para a cozinha,pego uma fruta e mordo saboreando,bebo um pouco d'água.
Sigo para o banheiro. Faço minhas necessidades e vou me banhar.
Demoro 10 minutos,visto uma roupa furada e desbotada,desço começo a fazer o almoço.
Quando termino arrumo o quarto dos infelizes,os banheiros,lavo as roupas,estendo as mesmas na corda e quando olho o relógio já era uma hora da tarde. O tempo passou rápido.
Vou até o fogão e ponho a comida para esquentar.
Só não boto veneno,pois eles me mandam provar antes de começarem a comer, para terem certeza que não fiz nada.
Desligo o fogão e ponho os talheres na mesa,coloco as panelas para que se sirvam.
Cinco minutos depois os encostos chegam,se sentam na mesa, provo a comida e eu os espero comer tudo para que eu possa comer.
-Rebeca hoje teremos um jantar de negócios,quero que se vista adequadamente e faça a comida.- Armando diz sem olhar para meu rosto.
-Não tenho roupa.-digo de cabeça baixa.
-Mas terá!-ele diz e eu o estranho,deve estar querendo algo para estar tão bonzinho.
-Tudo bem.-digo sem pestanejar.
-Vamos,se arrume que iremos ao shopping!-Diz se levantando e indo para o andar de cima.
Corro para me arrumar,com medo de acontecer o mesmo de ontem.
Passei maquiagem para disfarçar os hematomas e amarrei os cabelos longos e sem vida.
Ao chegar no Shopping encontro uma loja, tinha um vestido lindo, mas era muito caro, então mostrei para meu tio e ele comprou.
Saímos do shopping em direção a casa,cheguei aprontando a janta, assim que acabei subi.
Fui tomar um banho para que estivesse pronta assim que os convidados chegassem .
Me vesti ,arrumei meus cabelos,me maquiei e fui para o andar debaixo.
Logo os convidados chegaram, os cumprimentei e os levei para sala de jantar.
Meus tios já esperavam por eles.
Reparei que havia um homem muito sério, trocamos olhares uma vez ,mas ninguém falava nada.
Ele realmente era muito bonito. Tinha olhos penetrantes, estava ficando com calor, não sabia o que estava acontecendo.
-Miguel.-meu tio se dirige ao homem que eu estava a trocar olhares.-Está é a minha sobrinha Rebeca.
Ele não disse nada como se me ignorasse por completo,no começo achei que era coisa minha,mas durante o jantar rolou uma conversa estranha.
Meu tio o perguntou se eu era bonita e o mesmo concordou,logo depois falaram de dinheiro.
Miguel lhe disse que daria 30 mil dólares,mas disse que a mercadoria não era tão cara assim,e meu tio disse que era virgem.
'Virgem?Ai meu Deus!'
-Do que estão falando?-protesto.
-Cale-se!-meu tio me olha.
-Deixe-nos a sós.
Meus tios saem da sala de jantar.
Miguel levanta de sua cadeira e dá a volta na mesa. Continuo estatelada na cadeira.
Ele para atrás de mim, mexe em meus cabelos, sinto ele cheirar os mesmos.
-Levante-se.
Levanto-me morrendo de medo.
Ele passa a mão em meu rosto que estava coberto de maquiagem por conta dos hematomas.
-Por que usa tanta maquiagem?- me questiona.- És tão bonita.
Ele pega um guardanapo da mesa e passa em meu rosto. Seguro para não chorar, mas uma lágrima teimosa desce.
Quando ele termina de passar parece perceber os hematomas.
-Fizeram isto com você ?- pergunta-me.
-Sim.
Ele passa a mão no meu rosto e diz : Eles irão pagar.