Narrado por Cascavel O tapa ainda ecoava no quarto. Ela ficou uns segundos imóvel, o rosto virado, o sangue escorrendo fino no canto da boca. Depois ergueu o queixo devagar, o olhar em brasa. — Você é um maldito… — cuspiu, a voz trêmula, mas cheia de ódio. Eu ri baixo, aquele riso que corta mais do que faca. — Maldito não, boneca. Eu sou a cobra que te engoliu. Ela se ajoelhou, as mãos tremendo sobre o chão sujo. Pela primeira vez, a voz dela quebrou. — Me deixa ver minha filha… de longe, pelo menos. Eu te imploro. Essa súplica entrou no meu ouvido como música de derrota. Avancei um passo, agarrei o cabelo dela com a mão cheia e puxei, fazendo o pescoço estalar. Ela gemeu, mas me encarou mesmo assim. — Filha? — sibilei no ouvido dela. — A mãe dela morreu no dia que eu te pus no mer

